sexta-feira, 31 de dezembro de 2010

Vem aí mais um ano!

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Passou-se mais um ano, e todxs xs participantes deste blog desejam a todxs xs leitorxs um grande 2011! Vai haver mais PolyPortugal para o ano, prometemos!

Cá eu, vou passar o reveillon com xs minhxs companheirxs, e mais amigxs. E o resto, como se costuma dizer, é conversa!


sexta-feira, 24 de dezembro de 2010

A defesa - confirmada!

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Será mesmo no dia 12 de Janeiro, às 15h, na Faculdade de Ciências Sociais e Humanas, Torre B, Anfiteatro 1, 1º andar.

Deixo aqui, para quem estiver indecisx sobre se vai assistir ou não, o abstract / resumo.
Esta tese tem como objectivo principal determinar se os utilizadores da mailing list alt.polyamory, ao verterem as suas experiências pessoais em texto, estão ou não a incidir em práticas queer de questionamento da normativização monogâmica e heterocêntrica,

sábado, 18 de dezembro de 2010

Just Out

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Fotografia: Daniel Cardoso

Para quê dar a cara? Para quê dar a voz? Para quê dizer: sou lésbica? Para quê dizer: este homem, aqui, é o meu companheiro? Para quê falar daquelxs que nos oprimem? Para quê um feminismo, uma luta, um grito? Para quê, pergunto eu, fazer da minha vida uma forma de política? Porquê é que, pergunto eu, andarmos xs três de mão dada na rua me parece a mim mais do que andarmos xs três de mão dada na rua? Porquê dizer: sou poly? Não sei quando decidi fazer da minha vida, das minhas escolhas, das minhas relações, das minhas opções académicas e profissionais, das minhas opções de amizade e amor, não sei quando decidi fazer disto a minha bandeira, a minha cruzada. E todos os dias encontro respostas para estas perguntas. Quando oiço citar uma lésbica de 24 anos que diz ter o cuidado de não demonstrar comportamentos afectuosos para com a sua companheira em locais públicos quando há famílias com crianças, de forma a não chocar as crianças. Quando vejo que um par de namorados se coíbe de dar as mãos na rua. Quando sei que gays, lésbicas e bissexuais se afastam propositadamente dos locais onde moram e onde trabalham para viver a sua relação. Quando conheço relações de vários anos ocultas sob a capa da amizade. Quando sei que pessoas vivem toda a sua vida sem nunca dizer a verdade. Eu sou gay. Eu sou poly. Eu sou trans-queer-lés, whatever. Eu sou. Ser deveria ser quanto baste. E quando não temos mais nada, isso tem que ser a nossa força.

Inês

sexta-feira, 17 de dezembro de 2010

Pensar para a frente

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O poliamor é algo que se pode considerar recente. Apesar de livros como o Polyamory in the 21st century fazerem uma genealogia de variadas práticas de não-monogamia responsável que datam de bastante antes da invenção da palavra 'poliamor', a verdade é que o poliamor não é apenas uma nova palavra engraçadinha para algo que já existia há muito tempo atrás. E apesar de se ver o poliamor como uma série de práticas diferenciadas entre si (sendo que as práticas mais contrastantes poderão ser a de uma relação efectivamente 'aberta' e uma relação em regime de polifidelidade), também é verdade que há exclusões e medos a serem levados a cabo. Isso leva algumas pessoas a pensar no que estará para além do poliamor, a sentirem-se constrangidos pelas limitações de algumas visões sobre o que é o poliamor.

Uma dessas limitações poderá ser, efectivamente, um certo receio em abordar a questão do sexo. Esse receio vem, claramente, de um medo bem-intencionado.
Se aceitarmos que o poliamor tem influências claramente feministas, se aceitarmos que o poliamor é feito, pensado e (às vezes) vivido tendo em conta preocupações com a questão da igualdade de género, então será relativamente fácil de entender como isto se verte numa preocupação com uma visão machista, patriarcal, que procura transmutar o poliamor numa mera busca por sexo (em que manipulação, mentiras e objectificação entram como personagens principais). Desde o princípio do conceito que há uma procura por afastar do poliamor a discussão sobre o sexo e o comportamento sexual. E eu concordo, claramente, que o comportamento sexual está longe de ser a faceta mais importante do poliamor - por outro lado, a preocupação quase obsessiva com o falar sobre sentimentos e em cima disso tentar afastar tudo o resto já me parece extremamente interessante!

Não sei se considerar o poliamor passé é a melhor forma de abordar a questão. Creio que ainda há um potencial muito grande de evolução para ser feito. Isso não nos impede de pensar para a frente. Mas pensar para a frente também não será trazer de volta ou centralizar o discurso sobre sexo. Antes, pensar em frente deve ser pensar de forma inclusiva. Não serve de muito procurarmos ou reivindicarmos uma postura inclusiva do geral da sociedade se depois nos afastamos dessa postura quando tomamos a palavra. Há uma série de discursos que podem formar sinergias fundamentais com o poliamor: o discurso queer, o discurso feminista, o discurso étnico, o discurso económico-político pós-capitalista, o discurso do safer sex. Temos que adicionar a esta lista o discurso da promiscuidade. Temos que entender que linhas de entendimento permitem a liberdade de comportamento sexual responsável a par de uma ou mais relações amorosas. Temos que entender que os lugares dentro dos quais circunscrevemos o sexo são arbitrários, mutáveis, e podem ser encarados de formas diferentes (diferentes da maioria, diferentes da minoria, diferentes de ambas as coisas). E, já agora, que definir sexo pode ser mais complicado do que parece...

sexta-feira, 10 de dezembro de 2010

Boas notícias

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É provisória ainda a data, mas deverei defender a minha tese, sobre Poliamor, no dia 12 de Janeiro. Marquem nas agendas!

quinta-feira, 9 de dezembro de 2010

Festival de Poliamor

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Este fim-de-semana vou andar por Madrid metida nestas andanças:

Sexta, 10.dez.2010
- Conversa sobre Poliamor
- Projecção do filme "Wilde Side
- Conversa aberta com o grupo PoliamorMadrid
Sábado, 11.dez.2010
- Workshop de Pansexualidade e Poliamor
- Workshop Poli-lúdico: Dinâmicas dentro das relações
- Workshop de Poli-Tango
Domingo, 12.dez.2010
- Workshop Poli-lúdico: Os ciúmes
- Conversa com advogada sobre os aspectos legais relacionados com o Poliamor
- Grande festa de Poliamor

Depois conto como foi...

terça-feira, 30 de novembro de 2010

Poliamor para leigos na TV

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Um poliamoroso num programa de mockumentary (falso documentário em comédia, tipo The Office) não é coisa que aconteça muito. Ainda menos em Portugal. Trabalhar num canal de televisão deu-me, no entanto, essa possibilidade.
Honra seja feita aos meus colegas guionistas, que resolveram fazer de mim protagonista deste episódio do programa Isto é o Q? (canal Q, posição 15 na Meo, domingos às 22h40). Aqui fica, na íntegra:


Gostei bastante do resultado final, mas o melhor não ficou registado. Já depois de tudo gravado e montado, um dos câmaras entrou numa conversa onde estava eu a falar com outros colegas de trabalho, e pergunta ele, incrédulo: «Mas espera lá, então isso do poliamor não foi inventado por vocês? Isso existe mesmo?»
Acreditem, este meu colega não foi inventado, existe mesmo…

sexta-feira, 26 de novembro de 2010

Do outro lado

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Sempre tive uma pergunta, e gostava de saber se alguém que lê este blog me sabe responder...

Como é que uma pessoa que se identifica como monogâmica passa a encarar a monogamia, depois de tomar contacto com o poliamor? Há alguma diferença? Há algum questionamento, ou alteração de comportamentos, atitudes, etc., mesmo que a pessoa não passe a identificar-se como poliamorosa?

Respostas agradecem-se. :)

sexta-feira, 19 de novembro de 2010

Olhares

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Sermos olhadxs é uma experiência boa ou má, indiferente ou perturbante. E é algo que acontece muito quando se anda de mão dada a mais de uma pessoa.

Mas olhar de volta retorna o poder a quem é olhado.

sexta-feira, 5 de novembro de 2010

Poliamor e sexo

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Qual a relação entre as duas coisas? Quais as relações que se estabelecem, normalmente, entre estas coisas?

Será que os grupos poliamorosos estão preocupados com serem diferenciados de coisas como o swing, ou os grupos orgiásticos? Porquê? Com que vantagens e desvantagens?

Já agora, deixo uma leitura...

domingo, 31 de outubro de 2010

«The price of freedom is death...»

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Foi precisamente há uma semana atrás que apareci numa peça da TVI, dois minutos e quarenta e cinco sobre poliamor. Dei a cara e o nome, a minha voz por uma identidade. Uma minha identidade. As duas frases que disse nos segundos que me foram reservados nestes dois minutos e quarenta e cinco tiveram muito pouco a ver directa e especificamente com poliamor. Tiveram mais a ver com a minha posição política como feminista, com uma luta que tem vindo a ser a minha por muitos anos, a luta pela visibilidade, pela quebra do silêncio. Foi como feminista que falei da minha vida, das minhas opções pessoais, da relação que escolhi. Falei em meu nome, falei pela minha relação. No fundo de mim, eu queria falar por todxs xs que estão em silêncio. Falar é sempre político e eu sabia que o impacto para mim seria grande. E foi.

sexta-feira, 29 de outubro de 2010

Ciúme

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Vou apenas resumir, brevemente, a análise que o Pepper Mint faz do ciúme como mecanismo de poder. Aqui, o ciúme será entendido como estando dentro de uma relação romântica. Abstractamente, o ciúme envolve três aspectos diferentes: os sentimentos de uma pessoa face às acções dx sua/seu parceirx, essas mesmas acções, e uma terceira pessoa, vista como rival.

O ciúme pode ser reclamado pela pessoa que o sente como forma de tentar controlar as acções dx parceirx.
O ciúme pode servir como arma de acusação pela outra pessoa envolvida na relação romântica.
O ciúme pode ser suscitado especificamente (ou tentar-se fazer isso) para tentar obter uma determinada reacção da pessoa a quem se está a tentar provocar ciúme.

segunda-feira, 25 de outubro de 2010

Poliamor na TVI

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O Daniel Cardoso, a Inês Martins e uma outra pessoa fizeram uma breve aparição no Jornal Nacional da TVI de ontem à noite, ajudando um pouco mais a esclarecer e espalhar o conceito por Portugal.

Gostaríamos de saber as vossas reacções à peça!

EDIÇÃO às 13:06: O vídeo já está disponível online, aqui, a partir do minuto 16:46. Ou então, podem vê-lo aqui mesmo!

sexta-feira, 22 de outubro de 2010

A vida é simples? Not really!

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Ainda há quem acha que a vida é simples, e nós é que a complicamos, especialmente com esta coisa do poliamor.

Mas olhem lá como, com um bocadinho de esforço, complicamos ainda mais!


Compreendo que, com tanta complicação, não dá para ver bem a imagem. Portanto, aqui fica o original, para vosso prazer visual! Cortesia do grande Franklin Veaux!

segunda-feira, 18 de outubro de 2010

Oh, whistle and I will come to you, my lad!

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Ameacei começar e continuar a falar de trios há quase um ano...e na verdade este texto tem também quase um ano (sou vaga de propósito acerca das datas para proteger a identidade das pessoas a que diz respeito.)

"Continuo por aqui muito contente com o meu trio, uma das componentes da minha vida emocional raramente aborrecida. Estava relutante em falar disto porque ainda não definimos a coisa, e até porque precisamente o não ter definido a coisa com elas me estava a fazer comichão, a mim, académica empedernida. Até que tive uma epifania, por voz de uma delas, a mais prática e mais "novata" nestas andanças não monogâmicas, a propósito do sentimento que tem acerca de ter uma neta que é, para os mais técnicos de vós, a neta da ex-namorada: «Eu não quero saber o que é que vocês lhe chamam ou mesmo eu cá por dentro lhe chamo, mas o que me interessa é o que eu faço ou que esperam que eu faça. Estou-me a borrifar como se chama a relação que tenho com ela. Eu só sei que a minha neta precisa de mim, apita, assobia, ri ou chora, e eu estou lá no mesmo instante».

sexta-feira, 15 de outubro de 2010

Discriminação

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A maior parte dos posts deste blog sobre o poliamor vão no "bom" sentido. Vão no sentido de demonstrar o quão bem podemos estar, o quão bem conseguimos estar, no sentido de mostrar o quanto podem ser traçados pontos de contacto entre experiências de âmbito poliamoroso e de outros tipos de relação - monogamia, monogamia em série, etc. - e como assim podemos crescer todxs juntxs.

Mas também há um lado feio da coisa. Bem, vários. Um deles também já foi bastante explorado aqui: o que acontece quando a relação falha, o que acontece quando se confunde poliamor com outros tipos de relação não-monogâmica (especialmente aqueles tipos que de responsáveis têm pouco ou nada). E isso pode ser devastador, da mesma forma como qualquer fim de qualquer relação pode ser devastador, não interessa se somos poly ou não.

segunda-feira, 11 de outubro de 2010

nao, nao cantarás....

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Não digo que é uma frase politicamente correcta, educativa, ou encorajadora. Simplesmente uma frase que me saiu, a propósito de alguém que defende a monogamia com pequenas falhas higiénicas:

"Gaja, tu não és monogâmica. Quando muito tu és mas é ciumenta".

sexta-feira, 8 de outubro de 2010

Finalmente mais leve

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Tenho andado um bocado calado, é verdade, mas é porque às vezes é preciso pausa e descanso. Entreguei na semana passada a minha tese de Mestrado - tanto quanto sei, a primeira em Portugal sobre poliamor - intitulada "Amando vári@s - Individualização, redes, ética e poliamor".




Depois disso, precisei de uma pausa para descansar, para fazer nada. (Não que a vida profissional permita isso, mas pronto, passei uns três dias a olhar literalmente para as paredes, a dormir - coisa rara nos últimos tempos - e a divertir-me um pouco.)

Olho para trás e reparo que passei dois anos a trabalhar e a reflectir sobre poliamor e que, ainda assim, mal raspei a superfície (resmungo pessoal: uma tese com 60 páginas não permite explorar nada com a devida profundidade). E apesar de o meu tema de doutoramento me levar para longe do poliamor, a verdade é que quero recuperá-lo noutra altura, noutro ponto da minha vida académica, para sobre ele pensar mais aprofundadamente.

Eu sou um cientista social. Isso não quer dizer, porém, que eu seja daquelas pessoas que se vê a si mesma como estando sentada no topo de um observatório impenetrável, através do qual penetra e perfura a realidade para obter uma episteme, uma Verdade. E portanto, aquilo que eu retiro de mais valioso do trabalho que levei a cabo foi a forma como esta investigação me mudou a mim. A forma como este trabalho me permitiu lidar comigo mesmo de uma maneira diferente, aperceber-me mais claramente dos processos dentro dos quais eu me movo; não necessariamente para fugir deles, mas para estar neles com atenção e cuidado, com discernimento.

A ideia central da tese é o conceito foucauldiano de cuidado de si. Cuidarmos de nós mesmos é, não um acto de egoísmo, mas um acto plenamente ético, plenamente justificado e que contribui para uma vida mais positiva para o sujeito. Digo que não é um acto de egoísmo porque não conseguimos cuidar de nós sem termos, connosco, um Outro. Não conseguimos cuidar de nós se não cuidarmos, também, de manter e alimentar as nossas relações com o Outro que nos define, que nos permite definirmo-nos. Na prática, isso implica coisas como estas. Porém, e tendo em conta que venho da área das Ciências da Comunicação, estou relativamente menos interessado no conjunto das práticas, e mais interessado em entender porquê estas e não outras, e de que foram é que elas agem sobre o indivíduo e o constituem como sujeito, com identidade(s) e ética(s), com valores e princípios a seguir.

Ser poliamoroso não é um estado natural. Ser poliamoroso não é um comportamento tipificado. Ser poliamoroso não é simplesmente ser não-monogâmico de forma responsável. Ser poliamoroso é corresponder a uma identidade, é adaptarmo-nos de forma a obtermos reconhecimento. As razões pelas quais necessitamos desse reconhecimento, pelas quais inventamos palavras para em torno delas nos aglutinarmos e a forma como isso nos afecta, à nossa ideia de nós mesmos e à ideia que os outros têm de nós: isso fascina-me, e é na sociologia e na filosofia que procuro encontrar combustível para alimentar estas reflexões.

Quando a tese estiver para ser defendida, procurarei partilhar esta paixão convosco.

terça-feira, 5 de outubro de 2010

Não preciso que precises de mim

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Até à semana passada, se me pedissem para dar uma opinião sobre qual seria a melhor canção sobre o desejo, o querer, eu não hesitaria em referir «O Quereres» do Caetano Veloso. A letra é tão rica e tão poderosa que parece Chico Buarque. Deixo apenas duas linhas como exemplo:
Eu te quero (e não queres) como sou
Não te quero (e não queres) como és ¹
Pois bem, conheci agora um músico que já edita há quase 30 anos mas de quem, na minha reconhecida incultura pop, nunca tinha ouvido falar: Momus. Não me tenho cansado de ouvir as mais diversas faixas dos mais de 20 álbuns deste fantástico contador de histórias. Normalmente não dou atenção suficiente à letra das músicas, porque me foco demasiado na música. Com o Momus, isso é quase impossível. Deixo aqui «I Want You But I Don't Need You», do álbum Ping Pong (de 1997), uma lição exemplar a propósito da confusão, facílima de se fazer, entre amar alguém e precisar dessa pessoa. (A letra está aqui.)

___________________
^ (¹) Letra completa, e também um vídeo (maravilhoso, Chico e Caetano ao vivo) aqui.

segunda-feira, 4 de outubro de 2010

já chegou à moderação e ao coaching...

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Viver há tanto tempo fora de Portugal e ter recusado consciente e convictamente deixar de ler jornais portugueses quando o Público decidiu cortar nas despesas e nos revisores (e passar a ter erros piores que os disléxicos erros meus, má fortuna e amores ardentes), ou seja, há bastante tempo, torna-me uma pessoa alienada do que é que se passa. Gosto de acreditar que os contactos que tenho me vão passando não só uma ideia do zeitgeist, mas também um pouco do dia-a-dia em Portugal.

Isto tudo para dizer, que tanto quanto sei, corrijam-me se estiver errada, ainda não chegou a Portugal a onda do acompanhamento psicológico para indivíduos ou casais, o coaching, o aconselhamento. Ou pelo menos ainda não chegou às vidas das pessoas com quem falo e escrevo regularmente. Estes serviços geralmente oferecem várias coisas, desde gestão e moderação de conflitos, passando por treino de soft-skills e coaching, quer para decisões que afectem carreira ou vida privada, até acompanhamento na procura de visões ou objectivos de longo prazo.

quinta-feira, 30 de setembro de 2010

Poliamor espiritual *

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Lembrei-me deste filme há uns dias, quando andava a tentar decidir se ia a um evento poly em Inglaterra. Decidi que não. A principal razão foi económica, mas houve outras condicionantes. Para além de actividades auto-organizadas, o evento contará com a intervenção de duas personalidades: Deborah Anapol, autora de um dos mais famosos livros sobre poliamor, e um senhor que não conheço, mas cujo currículo repete as palavras sagrado, magia e tantra. Temas sobre os quais a primeira convidada também já escreveu e falou bastante.

segunda-feira, 27 de setembro de 2010

As cascas de banana do poliamor

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Falemos do que não vem nos livros de História, nem nos tratados de Antropologia ou Sociologia.

Tive um fim-de-semana doce e surpreendente, porque sim, conheci alguém e basicamente entrámos em reclusão voluntária, confidências erráticas e compulsivas, além do habitual esquecimento do que sejam horários, fome ou sono.

No meio de toda esta verborreia falámos de tudo o que não vem nos livros de História. Por exemplo, contei-lhe que o que eu me lembro do 25 de Abril são murais pintados, são soldados barbudos a gingar por Lisboa em fardas muito amarrotadas, e uma despensa a abarrotar de conservas (pelos vistos muita gente resolveu açambarcar o supermercado). Ela contou-me que o que se lembra dos dias após a queda do muro de Berlim são cascas de banana. Sim, cascas de banana. Pelos vistos havia uma procura enorme por bananas por pessoas que vinham de todos os Ostländer de comboio a Berlim de propósito comprar bananas (E tampões também, pelos vistos). E que os comerciantes obviamente exploraram isso, e que a situação atingiu extremos de haver contentores de lixo a abarrotar só de cascas de banana.

sábado, 25 de setembro de 2010

Tema de poliamor: Medo (2nd round)

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Primeiro dá um nome ao teu medo. Não comeces nada sem isto feito. Dá o nome, não leias mais nada.

Era uma vez uma jovem de longos cabelos que foi servir a deusa da sabedoria e da estratégia. Dentro do templo, a sua virgindade profanada pelo deus marítimo valeu-lhe devastadora perdição até hoje conhecida. Não se sabe ao certo os moldes desta sedução (voluntária ou não, que nos mitos gregos quase sempre é forçada). Medusa, "a guardiã", é esta rapariga: de longa cabeleira, tanto quanto se sabe "bela", sucumbindo de alguma forma ao deus emocional das tempestades marítimas. Então, a virgem que é guardada e protegida e que se chama Athena transformou a má guardiã neste monstro horrendo de longas víboras encerrando-lhe o rosto, tornando-se a beleza inicial numa fealdade tal, que todos quantos a olhavam se volviam em pedra. Como se sabe, Medusa acabou por ter a sua cabeça cortada pelo jovem Teseu, o qual usou para a vitória o escudo de Athena (a razão), as sandálias de Hermes (a leveza) e o elmo de Hades (a invisibilidade).

sexta-feira, 24 de setembro de 2010

Best of...

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Para informação geral, e para recordar o que já por aqui foi escrito, gostava de homenagear xs colegas de blog. E, para isso, recolhi os posts que foram mais acedidos individualmente, aqui no PolyPortugal! Para quem chegou recentemente, vai poder tomar contacto com alguns dos escritos mais famosos que aqui passaram... quem já conhece, vai poder reencontrar textos interessantes, emocionais, pessoais... e plurais. :)
Dados recolhidos pelo Google Analytics, entre 24 Agosto 2009 - 9 de Maio de 2010 e 14 de Julho de 2010 a 17 de Setembro de 2010. Sim, tivemos um pequeno soluço que passou despercebido quando trocámos de layout.

terça-feira, 21 de setembro de 2010

Stereo a três

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Nas últimas semanas, uma música tem-me vindo à cabeça recorrentemente.

Os Stereo Total são uma banda de Berlim multinacional e poliglota. O meu divertido brainworm tem um original em alemão, com o título Liebe zu Dritt, e outras versões (da mesma banda) em francês (L'amour à trois) e inglês (Love with the 3 of Us). Deixo aqui as três e espero que fiquem tão contagiados como eu. As letras estão no site da banda.

domingo, 19 de setembro de 2010

Picnic Poly

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Juntem-se a nós no que será possivelmente o último picnic Poly deste Verão.
No próximo Domingo, 26 de Setembro de 2010, às 12h30.
Jardins Gulbenkian, nas mesas de picnic junto ao lago.
Mapa: http://tiny.cc/polypicnic_26_09_2010
Metro: São Sebastião (linha azul) ou Campo Pequeno (linha amarela)
Confirmar presença no Facebook.

Foto: Rupigo

sábado, 18 de setembro de 2010

Teoria da manipulação afectiva (2)

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Continuação do post Teoria da manipulação afectiva (1)
As Técnicas
Na manipulação nos relacionamentos afectivos, por um lado, temos os reforços positivos, como o charme, a sedução, o elogio, a simpatia, que quer sejam 'sentidos' e profundos ou falseados e superficiais conduzem ao desarme das defesas e à permeabilidade, ganhando assim confiança, especialmente se a vítima for: facilmente impressionável, narcisista, impulsiva, carente, dependente ou frugal.

Os reforços negativos, que estão normalmente associadas a tipos de chantagem, incluem:
- Processos manipulativos mais básicos e agressivos: como o castigar, gritar, insultar, intimidar, ameaçar; ou passivos: como o choro, queixume, apelo aos instintos parentais (paternais, maternais, como se queira).
- A criação de sentimentos de culpa que podem ser usados depois como moeda de troca, ou seja, a 'absolvição' da culpa tem como pagamento a satisfação da vontade do elemento manipulador.

sexta-feira, 17 de setembro de 2010

Amizades

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Intimidade. A amizade tem que ver com intimidade. A amizade tem que ver com amor. A palavra está lá, um bocadinho escondida... mas está.

Ouço dizer, à boca cheia, que as amizades têm que ser protegidas (do sexo, entenda-se). E que só assim é que se salvam as amizades. De contrário, as pessoas confundem tudo. Mas porquê? A confusão vem de se ultrapassar essa barreira arbitrária? Ou de pormos em jogo, por questionar, pressupostos sobre o bom sexo e o mau sexo? O bom carinho e o mau carinho?

Não pode um (ou dez) orgasmo(s) ser(em) (apenas????) uma demonstração de carinho? Quem traça a linha do sexo?

quinta-feira, 16 de setembro de 2010

Duas mulheres-maravilha

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Para quem acha que o poliamor é uma modernice inventada na ressaca dos anos sessenta, ou um delírio de juventude que passa quando as pessoas ficam crescidas, aqui vai um pedaço de trivia.
Em Dezembro de 1941 surgiu pela primeira vez uma personagem que ainda hoje habita a mente de muitos amantes da banda desenhada: a Wonder Woman. Foi uma das primeiras heroínas de comics, e a que mais sucesso teve num mundo de super-homens. Um ano depois, já tinha direito a uma edição só para ela.
O autor desta proeza foi William Moulton Marston, psicólogo e inventor do polígrafo, que uniu as características das suas duas mulheres para criar uma mulher-maravilha. A Elizabeth Holloway Marston, com quem tinha casado, foi buscar a coragem, emancipação e sentido de justiça. A Olive Byrne, com quem passaram a viver, foi buscar os traços físicos: cabelo negro ondulado e olhos azuis. Também as pulseiras metálicas que afastam as balas foram inspiradas pelas que Olive usava, uma em cada pulso. A Wonder Woman lutava não só contra o crime, mas também contra o preconceito, o racismo e o sexismo.

terça-feira, 14 de setembro de 2010

A invenção da mentira

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Sempre que sou radicalmente honesto, os outros tornam-se eles próprios radicalmente honestos. […] De facto, todas as minhas relações conseguem aguentar uma dose de verdade muito maior do que aquilo que eu esperava.


E se, num mundo paralelo semelhante ao nosso, toda a gente soubesse apenas dizer a verdade?
É esta a premissa do filme The Invention of Lying, de e com o fabuloso Ricky Gervais, que não tem data de estreia prevista para Portugal, e que vi em versão pirata numa destas noites.

sábado, 11 de setembro de 2010

Teoria da manipulação afectiva (1)

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Antes de mais, todos nós, de uma maneira ou de outra já tentámos manipular. A um nível suave, a manipulação é omnipresente aos relacionamentos afectivos. No entanto, ela significa uma desigualdade podendo levar à subjugação e opressão, à sensação de sufoco, e à perda de auto-estima.
É preciso compreender como se manipula para que eficazmente sejamos capazes de reconhecer e evitar a manipulação qualquer que seja o lado em que nos colocamos.

Numa relação afectiva, o elemento manipulador é aquele que assegura a satisfação das suas vontades e dos seus interesses em detrimento dos do(s) outro(s) com quem se relaciona. Propositadamente ou por não os tomar em consideração, trata-se de um 'atalho' para atingir um fim. Distingue-se da influência, sendo esta um processo de persuasão bona fide.

quinta-feira, 9 de setembro de 2010

Na corda bamba

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Aproveitei uma viagem a Espanha para comprar o livro do tal filme de que falei há umas semanas. Como seria de esperar, há lá muitas coisas explicadas que tinham ficado por dizer. Continuo a achar que a atmosfera geral de desgraça é excessiva, apesar de ser uma história triste. O que fica claro é que aquela relação só funcionava a três, e sem um deles estava condenada. Mas antes disso houve doses massivas de alegria e felicidade. Curiosamente, a principal razão para a separação tem mais a ver com a arte, do que com o sexo ou o
amor. Deste último ninguém tem dúvidas:

"Amava-os como não voltei a amar ninguém em toda a vida. Eles amavam-me assim, eu sabia-o, e no entanto tínhamos os dias contados. Numa altura ou noutra, a corda bamba onde ensaiávamos piruetas mais difíceis ainda se esticava de repente, e um de nós perdia o equilíbrio. Então caíamos os três no chão, e magoávamo-nos, e cada vez nos custava mais recompor os ossos partidos."

sábado, 4 de setembro de 2010

Ser Punalua

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Aqui há uns meses, largos meses já, uma das contribuidoras deste blog, a antidote, sugeriu que falássemos sobre os nossos amores-cunhados, ou, usando o termo que prefiro, punaluas. Não o fiz na altura, mas estou sempre a tempo, não é?
Eu vivo alegremente uma relação punalual, como costumo dizer, faz exactamente hoje 10 meses (e aproveito para dar os parabéns ao feliz casal!). E digo que vivo alegremente esta relação, porque é uma relação que me traz de facto muita alegria, compersion, e uma profunda sensação de cumplicidade. Tenho a indiscutível sorte de ser muito parecid@ com el@: partilhamos gostos, interesses e referências, identificamo-nos em tantos pontos que isso já se tornou piada entre nós os três. E isso ajuda, ajuda muito a lidar com uma situação em que podem sempre surgir inseguranças. Sim, porque isto não é perfeito, claro que não: qualquer um de nós pode ter, e já teve, momentos complicados. Como é que se lida com isso? Comunicação faz magia. E, no meu caso pessoal, lembrar-me do quanto gosto destas duas pessoas tão parecidas comigo. Lembrar-me que el@ é, de facto, a pessoa a quem escolhi chamar punalua.

sexta-feira, 3 de setembro de 2010

Mutatis mutandis...

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"Eu reclamo a independência da mulher, o seu direito a sustentar-se a si mesma; a viver sozinha; a amar quem quiser, e quantos quiser. Eu reclamo liberdade para ambos os sexos, liberdade de acção, liberdade no amor e liberdade na maternidade” - Emma Goldman, 1930

E agora, mais de oitenta anos depois, uma mulher ainda é mal vista e insultada - por outras mulheres! - por gostar de fazer sexo, ou por se apaixonar, com/por mais de uma pessoa.

E a monogamia ainda é Lei.

E ainda há pessoas que querem casar.

Porquê?

quinta-feira, 2 de setembro de 2010

Prefiro saber

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Tradução: Nesta dieta posso comer de tudo, desde que não conte ao meu médico.

O que me faz sempre mais confusão é aquela ideia do “prefiro não saber”. Consigo entender que não se queira saber detalhes específicos de tragédias alheias e distantes, acerca das quais achamos que não conseguimos fazer nada. Mas acho bastante estranho que se prefira não saber o que acontece na vida de um filho ou de um amante.

segunda-feira, 30 de agosto de 2010

sábado, 28 de agosto de 2010

Desse lugar de medo…

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«We are crazy but who cares
To our heaven there are stairs»
Xandria, Only For the Stars in your Eyes


Há uns dias alguém me recordou o que eu mesma havia dito há algum tempo. Que foi com medo que comecei a melhor coisa da minha vida.

Há um ano atrás a minha vida estava uma confusão e eu descobria que gostava também de mulheres, para além de homens. Aliás, descobria que gostava bastante mais de mulheres. Tão mais que a carapuça da bissexualidade me serviu pouco tempo. Sou lésbica, sou queer, sou apaixonada pelo meu companheiro, sim, um homem. Foi com ele que comecei a minha primeira relação (que poderíamos dizer “séria”, não gosto do termo, prefiro queer, de novo) a nível afectivo, amoroso, sexual.

sexta-feira, 27 de agosto de 2010

Biologia e confusões

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Ontem, uma pessoa chamou-me a atenção para um artigo na Scientific American, que vale a pena ler. Este aqui.

Quero fazer alguns comentários. Como não podia deixar de ser!



Primeiro, o artigo bem que podia começar pelo quarto parágrafo. Sim, aquele que é suposto ser "uma tangente" ao tema em questão. Há uma boa quantidade de discurso poliamoroso que procura entender o "porquê" de se ser poly olhando para a não-monogamia dos animais, como forma de justificar a não-monogamia humana. Não vejo o interesse. O mesmo é feito com a homossexualidade, de resto. Não vejo o interesse.

sábado, 21 de agosto de 2010

Poly Girls On Queer Unite

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"Agora, ao contrário, estamos em casa. Mas o em-casa não preexiste: foi preciso traçar um círculo em torno do centro frágil e incerto, organizar um espaço limitado. (…) Eis que as forças do caos são mantidas no exterior tanto quanto possível e o espaço interior protege as forças germinativas de uma tarefa a ser cumprida, de uma obra a ser feita. Há toda uma actividade de selecção aí, de eliminação, de extracção, para que as forças íntimas terrestres, as forças interiores da terra, não sejam submersas, para que elas possam resistir ou até tomar algo emprestado do caos através do filtro ou do crivo do espaço traçado. (…) Agora, enfim, entreabrimos o círculo, nós o abrimos, deixamos alguém entrar, chamamos alguém, ou então nós mesmos vamos para fora, nos lançamos. Não abrimos o círculo do lado onde vêm acumular-se as antigas forças do caos, mas numa outra região, criada pelo próprio círculo. Como se o círculo tendesse a abrir-se para um futuro, em função das forças em obra que ele abriga."

Começa quando fechas a porta do quarto para poderes ouvir a tua música. A música é instrumento da tua territorialização. Por exemplo, o ostinato da equipa de futebol proclamando "Ahhh Portugal olé, portugal olé, portugal olé, portugal olé" e demarcando as fronteiras. Ou "First I was afraid I was petrified" ou "A formiga no carreiro vinha em sentido contrário". O som afirma-nos, é o nosso canto específico, anunciando à passarada a música da nossa territorialidade.

sexta-feira, 20 de agosto de 2010

A estranheza

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O post da antidote de há uns dias motivou-me a também falar um pouco sobre queer.

Não indo mais longe que a Wikipédia, descobre-se que a palavra já vem da Idade Média, com o seu significado de "estranho, esquisito". Foi preciso esperar até à viragem entre os séculos XIX e XX para que alguém começasse a conotar a palavra com orientações sexuais específicas.



Eventualmente, a palavra queer foi novamente reclamada e reconceptualizada (tal como galdérix, no nosso caso), tanto para denotar essas orientações, como também para denotar uma outra coisa, que está muito mais intimamente ligada com queer: a de estranheza.

domingo, 15 de agosto de 2010

Poliamor na Focus

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Artigo de Junho deste ano (revista Focus nº 556 de 9 a 15/06/2010):


O artigo é uma adaptação de um original da revista-mãe alemã, com o título "Wie liebe ich – und wenn ja, wie viele?", publicado na Focus 21/10, de 22 de Maio de 2010. Os autores da adaptação entrevistaram dois psicólogos e ainda um trio que vive numa relação poliamorosa, supõe-se que em Portugal. O original pode ler-se online, embora sem os grafismos da publicação em papel.

sábado, 14 de agosto de 2010

Trilogia do ciúme

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Monogamia & Ciúme
Uma relação monogâmica pressupõe, obrigatoriamente, exclusividade: de amor, de (possível) “conjugalidade” entre dois seres. Essa exclusividade conduz, naturalmente, ao sentimento de posse. Se pretendemos exclusividade sobre determinada relação, sobre determinada pessoa/coisa, deveremos sentir-nos um pouco proprietários da mesma.
Embarcando no sentimento de posse, acontece não querermos partilhar. O ciúme bate à porta. Não queremos ser confrontados com o desejo de outras pessoas pelo que possuímos, nem pela disponibilidade de ser partilhado(a) que pode existir na nossa “propriedade”.
Por isso, o ciúme não surge apenas em relações amorosas nem sequer entre seres da mesma espécie.

sexta-feira, 13 de agosto de 2010

Mais que dois

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Motivado por uma série de comentários num post recente, deixo-vos um excerto de um texto meu:

O poliamor, na sua base teórica, mostra-nos um tipo de relacionamento que depende fortemente de um sujeito individualizado que marque as suas regras e as suas determinações mas que, ao mesmo tempo, as discuta e as negoceie com alguém que se apresenta como seu igual num contexto que não tem o peso histórico do casamento e suas obrigações associadas – e que portanto contém a possibilidade e a expressão de uma pura relação e de um amor confluente, no qual também se pode observar a plasticidade sexual e que leva a um desafiar constante de estereótipos e papéis de género (Giddens, 1993).

quinta-feira, 12 de agosto de 2010

Castelos de cartão

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Tenho estado à espera que este filme estreie em Portugal. Mas há uns dias desisti e vi-o em casa. É espanhol e conta a história de três estudantes de Belas-Artes, que se envolvem numa relação amorosa, na qual se complementam. Apaixonam-se os três pelos três. Cada um encontra o seu lugar no conjunto, e constrói uma relação diferente com cada um dos outros. Todos têm as suas fragilidades e qualidades. E juntos formam algo equilibrado, puro, que traz força e beleza à vida dos outros.

terça-feira, 10 de agosto de 2010

Falhar é bom

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A maior parte de nós procura ter relações duradouras. Não que sejam o único tipo de relação interessante mas provavelmente porque só é possível construí-las com pessoas especiais para nós, e um nível de compatibilidade muito alto não é frequente encontrar a uma distância decente.

Quando alguém se envolve num novo relacionamento, e durante os dias, semanas ou mesmo meses que se seguem, é bastante comum não se acreditar inteiramente nessa relação, pelo simples facto de estar no início. Parece fazer sentido, esta precaução. Mas não será prejudicial para o próprio desenvolvimento da coisa?

Por outro lado, será produtivo acreditar logo de início que uma nova relação vai ser para a vida? Eu diria que há uma razoável probabilidade de uma atitude assim conduzir a maus resultados. E as pessoas têm, geralmente, medo de falhar.

domingo, 8 de agosto de 2010

Poliamor na Com'Out

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A revista Com'Out voltou às bancas, com uma periodicidade trimestral. Nesta edição dedicada ao(s) amor(es), destaque para um artigo de duas páginas, intitulado "Poliamor, um horizonte de possibilidades". Com a participação de Daniel Cardoso.

sexta-feira, 6 de agosto de 2010

Pausa

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... para férias a trabalhar. A trabalhar sobre poly...

As actividades serão retomadas em breve. Entretanto deixo-vos com um exemplo do tipo de paisagem que não estou a desfrutar.

quinta-feira, 5 de agosto de 2010

Sobre o ciúme (3) - A minha torradeira

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Continuação dos posts:
Sobre o ciúme (1) - O medo é o seu alimento    e    Sobre o ciúme (2) - O frigorífico avariado


Sempre fui adepta da máxima “own your feelings”. Ou, como alguém diria, “I’m not your bitch, don’t hang your shit on me”. Quando li pela primeira vez o excerto do Ethical Slutaqui publicado, não só me identifiquei completamente com aquelas palavras, como passei a citá-lo em várias ocasiões. Nomeadamente quando alguém tentava “atirar-me as culpas para cima”. Nem sempre funcionou. Ou, para ser mais sincera, quase nunca. Sempre fui uma esponja da culpa. E de algum modo acho que sempre preferi sê-lo, para não perpetuar conflitos.

terça-feira, 3 de agosto de 2010

Amores antigos

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Numa rede de encontros onde me inscrevi há ano e meio, que adoro e recomendo (OkCupid), uma das frases que está no meu Self-Summary é a seguinte:
I'm always starting off new things but hardly ever finish any, which means I'd hardly finish with you. ;)
No final de Março, cansado do silêncio bloguístico que nessa altura se estava a alastrar contagiantemente entre a generalidade dos colaboradores, escrevi um post desanimado — embora simultaneamente feliz com a actividade crescente, em contramaré, dos nossos congéneres brasileiros¹. E o que aconteceu depois desse post? Emudeci eu próprio. Quatro meses e meio de silêncio.

sexta-feira, 30 de julho de 2010

Da contratualização - III

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A semana passada deixei, a modo de cliff-hanger, a referência a um elemento que faltava criticar no que toca à normatividade das relações consideradas "normais" (passe-se a redundância, vá lá). É uma das coisas que o texto da outra semana menciona: a ingerência de Estado nas relações.

Já vem de muito longe a preocupação estatal com a procriação. Para um país que precisa de se industrializar, que precisa de mão-de-obra à moda proletária, os filhos são uma preocupação fundamental. Porque é que vemos tanta preocupação com as medidas natalistas actualmente, e que já tem tradição? Porque o Estado precisa - ou assim se crê - de regular a sua própria solvência futura, assegurando a disponibilidade de uma matéria-prima fundamental: pessoas. Este movimento político funciona como retórica de legitimação para que uma instituição penetre o corpo dos seus cidadãos - transforma-se numa biopolítica. Claro que parte deste

quinta-feira, 29 de julho de 2010

Sobre o ciúme (2) – O frigorífico avariado

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Continuação do post: Sobre o ciúme (1) - O medo é o seu alimento
No texto de que vos falei na semana passada, há uma metáfora poderosa que me ficou a dar voltas na cabeça até agora. O autor compara uma relação dominada pelo ciúme com um frigorífico avariado. A explicação para ter escolhido um frigorífico e não outra coisa qualquer, está no início do texto e tem a sua graça, como quase tudo o que este senhor escreve.
Imaginemos que um dia chegamos a casa e o frigorífico está avariado. Há uma poça de água no chão e comida a derreter por todo o lado. Depois de recorrermos à esfregona, há duas coisas que podemos fazer: ou arranjar o frigorífico, ou substituí-lo por outro. Qualquer das coisas requer uma certa dose de energia e organização para lidar com o problema. Por isso, o que a maior parte das pessoas (poly e não poly) faz, é optar por uma terceira solução: deixar o frigorífico ficar exactamente como está e alterar a sua vida (e a dos seus) em torno dessa condicionante. Decretar que lá em casa não entra mais comida que precise de refrigeração. Isto equivale a dizer "não quero ouvir falar de ex-namoradas", ou "tens namorado, não abraces os teus amigos". Criam-se regras mas não se resolve o problema.

segunda-feira, 26 de julho de 2010

evento poly auto-organizado: opencon

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A 3-day event in the English countryside for everyone who knows that happy and honest relationships don't have to be monogamous. OpenCon combines discussions, workshops and socialising to give you a chance to meet like-minded people, to build our community and to celebrate its diversity.

Para quem me tem perguntado "O que é um evento auto-organizado", gostei bastante desta explicação (em http://www.studio63.org.uk/opencon/plan.php):

sábado, 24 de julho de 2010

Tema de polyamor: MEDO

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Medo de nos expormos, de expor a fragilidade; de nos perdermos, de perder a individualidade; de nos controlarem, de querer controlar; de dar sem receber, de nos darmos, de receber uma coisa que não conhecemos: uma pessoa, uma ideia, uma coisa externa que nos pode danificar. Medo de sermos nós mesmos e de que isso não seja o suficiente, de fazer figura de parva; de que não estejas a trabalhar e de telefonar. Medo. Medo de perder, de não estar à altura da situação, da solidão, de partilhar, de que nos achem feios ou estúpidos ou simplesmente vulgares. Medo de perder o momento, medo de o forçar. Medo do amor e todas as estratégias que temos para o evitar. Medo das mentiras, mas não tenho medo das verdades.

sexta-feira, 23 de julho de 2010

Da contratualização - II

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Continuando a partir do post da semana passada... E também para honrar algumas das perguntas da Marquesa do Sado...

Não espantará ninguém se se afirmar que o casamento é um contrato. Um contrato que, no entanto, parece transformar as pessoas em objectos, capazes de ser possuídos por uma outra pessoa-objecto. Já não será novidade para muita gente que não sou propriamente amante da instituição do casamento. Mas o post da semana passada reforçava precisamente a importância do estabelecimento de um contrato - naquele caso, de um contrato contra-sexual (novamente, não confundir com anti-sexual).

É preciso então, para que isto não se transforme numa simples contradição nos termos, definir alguns dos elementos básicos de cada um dos contratos, e porque é que a defesa de um tipo pode coexistir com o pedido de abolição de outro.

quinta-feira, 22 de julho de 2010

Sobre o ciúme (1) – O medo é o seu alimento

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Ultimamente tenho andado a ler coisas sobre ciúme, a pretexto de preparar uma workshop sobre o tema, para a qual me convidaram já mais de uma vez. Recusei sempre, com o argumento de que sou a pessoa no mundo que menos sabe sobre o assunto. Mas ao pensar em alternativas, acabo sempre por bater com a cabeça no mesmo muro e apercebo-me de que o ciúme está de facto, para a maior parte das pessoas, no top of the tops dos entraves ao poliamor. Que é incontornável e mais vale começar por aí se pretendemos algum dia tirá-lo do caminho.
Resolvi partilhar convosco o meu trabalho de casa, que passou pela leitura na diagonal de alguns textos, e pela leitura integral de mais um texto sublime do Franklin Veaux (o tal autor das melhores FAQs sobre poliamor). O texto Jealousy Management for Love and Profit, or how to fix a broken refrigerator é coisa para encher seis páginas com letra muito pequenina, pelo que vos deixo aqui, em entregas semanais, uns resumos à laia de Europa-América. Mastigados e comentados por mim, para vosso uso e reflexão.

quarta-feira, 21 de julho de 2010

censura na tvi

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a tvi faz censura.

recentemente, ao que tudo indica, a estação de televisão tvi, censurou um dos episódios da novela "morangos com açúcar", não permitindo que fosse para o ar uma cena com dois rapazes a beijarem-se.

não sigo esta novela, em boa verdade não sigo novela nenhuma, muito menos vejo a tvi, contudo tenho, a custo, admito, de aceitar que haja quem faça as duas coisas. acredito, também, que se a tvi mantém os "morangos" no ar há não sei quantos anos, deve ter audiência...

esta situação, a meu ver, levanta duas questões.

segunda-feira, 19 de julho de 2010

Queer, palavra viva (extracto)

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Este post é um extracto, para ficar on-topic neste blog. O texto completo encontra-se aqui:
"Queer, palavra viva (no laundrylist)"

A palavra
queer apareceu como sinónimo de bicha, de gajo que não se encaixava na norma, no tempo em que ser bicha dava cadeia, de um modo nada compatível com as recomendações para condições prisionais da Amnistia Internacional. Sempre com sentido de "non conforming".

Entretanto, a palavra começou a significar cada vez mais bicha, e a certa altura, não universalmente, bicha efeminada.

A palavra
Queer começa a dar confusão, ultimamente, porque nos últimos anos começou a recuperar o seu sentido original numas cenas e grupos, e a manter o significado antigo noutros.

Queer é uma palavra muito útil para separar (tomemos como exemplo) gays em geral, dos gays não normativos (não gosto da palavra alternativo porque perdeu todo o significado). Para quem não percebeu, há gays/fufas/trans*/bis/etc de pantufas, que são tão burgueses como a maior parte dos heteros, e aqui quando digo burgueses, refiro-me a sistema de valores e empenhamento social e interventivo e não a modo de vida ou a terem a possibilidade financeira de comerem três refeições por dia. E há heteros que podem se identificar como queer, a partir do momento que há toda uma reflexão e escolha consciente que transcende a actual orientação sexual.

(...)


Por vezes tropeço em discussões que abordam temas que gravitam ou derivam de "ser poly é automaticamente ser
queer". Não é. Muitas vezes aparece em intima associação mas não é. Vejamos...

Queer começa a sugerir uma tentativa, ou antes, uma preocupação genuína, em aplicar valores não normativos (e começam a sair da cartola a solidariedade, o feminismo, o anti-racismo, etc) de modo concreto na vida e reflexão quotidiana. Não implica necessariamente actividade política, mas implica uma preocupação politica, implica reflexão e auto-crítica. Nao quer dizer isto que seja esperado um activismo constante em todos aqueles campos, mas implica certamente não fechar os olhos quando há contradições gritantes com algum daqueles princípios. E já. (...)

Não espero que este texto seja consensual.
Espero que tenha ajudado, correcções e comentários bem-vindos!

sexta-feira, 16 de julho de 2010

Da contratualização - I

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"[...] Uma análise crítica da diferença de género e de sexo, produto do contrato social heterocêntrico, cujas performatividades normativas têm sido inscritas nos corpos como verdades biológicas (Judith Butler, 2001). [...] A contra-sexualidade deseja substituir este contrato social que chamamos de Natureza por um contrato contra-sexual. Sob a égide do contrato contra-sexual, os corpos reconhecem-se a si mesmos não como homens ou mulheres, mas como corpos falantes, e reconhecem os outros também como corpos falantes.
[...]
As práticas de Sadismo e Masoquismo, bem como a criação de pactos contratuais que regulam os papéis de submissão e dominação, tornaram manifestas as estruturas eróticas de poder subjacentes ao contrato que a heterossexualidade impôs como natural.

quinta-feira, 15 de julho de 2010

O meu coração é uma casa de mil quartos

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Chego a casa depois de uma noite altamente estimulante, no plano sexual e intelectual. Poiso as coisas no meu quarto e hesito. São quatro da manhã. Apetece-me partilhar este momento com os meus amores, que a esta hora já dormem.
Entre o quarto da esquerda e o da direita, acabo por escolher o segundo. Mas toda esta liberdade é responsabilidade dos dois. E a felicidade que irradio chegará em ondas crescentes a ambos.
Esta noite, amanhã, e nos dias que se seguirem.

segunda-feira, 12 de julho de 2010

Digest: o que ando a aprontar (to be continued)

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Resolvi lentamente voltar às lides organizativas. Fiz cerca de dois anos de pausa. Após a co-organização da marcha do orgulho no Porto, e de muitos encontros poly em Portugal e na Alemanha, e muita outra tralha mais, precisei, por motivos de saúde, de uma pausa. Agora lentamente começo a esticar os músculos organizativos e apetece-me começar a meter o bedelho nisto e naquilo.

Comecei-me a interessar, via "a minha vida poly", por constelações familiares alternativas, e pela co-educação. E a partir de certo ponto, desvinculei o tema poly do tema da co-educação e comecei a interessar-me por constelações alternativas em volta ou dirigidas à "gente miúda", ou em que isto seja priorizado em relação às relações entre a "gente graúda" (aka "adultos").

sexta-feira, 9 de julho de 2010

Tendências

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Porque é que uma das coisas que mais fascina xs leitorxs deste blog é a tag "histórias pessoais"? Será pela mesma razão que o Big Brother foi um sucesso? Ambos são, de uma maneira ou outra, casos de exposição mediática voluntária. E apesar de este nosso cantinho não ter a mesma projecção que o dito programa teve, isso não quer dizer que seja fundamentalmente diferente.

Os humanos são seres sociais, são seres que aprendem por imitação. E isso é uma das razões pelas quais olhamos para quem está à nossa volta. Através das experiências que partilhamos e vemos serem partilhadas, procuramos aprender algo que nos possa ensinar, a nós, o que fazer em situações análogas.

quinta-feira, 8 de julho de 2010

"Mas para quê?!?"

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Ontem tive um reencontro com uma colega de faculdade que não via há quase dez anos. Uma pessoa de quem cheguei a ser bastante próxima, e que acompanhou o início de uma das relações que ainda mantenho. Enquanto falávamos dos pormenores do encontro e de quem iria, notei uma certa exclamação pelo facto daquela relação ainda fazer parte da minha vida. O que me levou a um daqueles flashbacks à filme, e a pensar na minha evolução na última década.
Lembro-me de uma vez lhe contar que me tinha cruzado com uma pessoa na rua (um daqueles encontros fortuitos que sempre me fascinaram) e que, depois de uma conversa espontânea, tínhamos acabado por trocar contactos e nos íamos encontrar em breve.

segunda-feira, 5 de julho de 2010

gatxs na caixa

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Mesmo quem não gosta ou não tem de trabalhar com Física ou Física Quântica, conhece o nome de Schödinger. Toda a gente conhece a história do gato de Schrödinger, como veículo para explicar o princípio de Indeterminação de Heisenberg (não é possível saber simultânea e absolutamente a localização e velocidade de uma partícula), em que o abrir de uma caixa para ver se o gato está morto, mata o gato caso ele não esteja já morto. Adiante, talvez não a melhor maneira de começar um artigo sobre poly, mas vão ver que isto é pertinente...

domingo, 4 de julho de 2010

PolyPortugal na Marcha LGBT Porto

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O PolyPortugal está presente na organização da Marcha do Orgulho LGBT do Porto desde o seu início, em 2006. Marchamos pela igualdade, pela visibilidade e validade de modelos diferentes de amor e de família.
"Queremos uma sociedade que reconheça a diversidade de modelos familiares com iguais oportunidades perante a lei. Porque a família é uma escolha livre das pessoas, lugar para a partilha de afectos e de vidas em comum e porque o Estado não pode privilegiar nenhum modelo em detrimento de todos os outros. Um lar pode ter como núcleo um relacionamento monogâmico entre uma mulher e um homem, entre dois homens, ou entre duas mulheres. Mas também há relacionamentos amorosos responsáveis entre mais de duas pessoas. Assim como há famílias cuja base é a amizade, e não o amor, ou o sangue."
"(...) temos orgulho na bandeira arco-íris, símbolo da diversidade e da visibilidade dos nossos amores." (Manifesto 2010)

sexta-feira, 2 de julho de 2010

Poly-fala

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Eu suponho que haja ainda quem pensa que isto de poly é muito engraçado pela parte sexual. Mas estava eu hoje a pensar, enquanto ruminava sobre o que havia de escrever, que do ponto de vista de quem está dentro das relações, a parte da fala é muito importante. Muito mesmo.

Uma relação que se baseie em honestidade, franqueza e empatia precisa de comunicação. Pessoalmente, respeito imenso as pessoas que conseguem dizer claramente aquilo que querem, aquilo que sentem. Mesmo quando o que sentem é confuso, ou incerto, ou indefinido. Dizer-se que se está confusx é dizer o que se sente. Não precisamos de dar etiquetas a tudo para conseguirmos falar - porque a confusão e a incerteza também são sentimentos válidos que, às vezes, são descontados e discriminados.

Só temos que ter a noção que, se estamos absolutamente confusxs com o que sentimos, então temos a certeza que estamos confusxs. E podemos falar dessa confusão.

domingo, 27 de junho de 2010

1 ano

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Pois é, fiéis leitorxs! Um ano depois, e ainda aqui estamos!

Parabéns a todxs e, mais uma vez, contamos com a vossa colaboração.


sexta-feira, 25 de junho de 2010

As 13 e o Poliamor

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Há uns dias teve lugar um evento que pretendeu discutir as linhas de cruzamento entre poliamor e feminismos, um tema sobre o qual eu e outras pessoas já escrevemos, noutro contexto.

Algumas das questões mais importantes lá mencionadas, para além do que está acima, têm que ver com:
  • posse (do corpo);
  • capitalismo;
  • ligações ao amor livre dos anos 60/70.

segunda-feira, 21 de junho de 2010

Só eu sei porque fico em casa

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Berlim não tem um CSD (Marcha do Orgulho) mas até tem dois. Ontem foi o "grande", com 10.000 pessoas e com o tema "Normal é outra coisa". O "pequeno", alternativo, e mais centrado em temas mal amados como identidades trans ou minorias migrantes e/ou étnicas dentro da comunidade LGBT, é daqui a uma semana (http://transgenialercsd.wordpress.com).

Não há amor a camisola nenhuma que me tirasse ontem de casa. Não saio à rua para festejar nem manifestar-me pelo casamento gay, ou por temas de luxo para uma camada gay que não é queer e que passa a ferro problemas bastante prementes. Só eu sei porque fico em casa.

domingo, 20 de junho de 2010

Feminismos e Poliamor

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No mês de Junho, o GRUPO DAS TREZE promove a tertúlia "Feminismos e Poliamor", com a presença de Lara, Daniel Cardoso e Ann Antidote (Colectivo PolyPortugal).

Quarta, 23.Junho.2010, 19h
Local: Bacalhoeiro, Rua dos Bacalhoeiros, 156, Lisboa
Organização: UMAR
Confirmar a presença no Facebook

O GRUPO DAS TREZE* surgiu em 1911 e pretendia combater a ignorância e as superstições, o obscurantismo, o dogmatismo religioso e o conservadorismo que afectavam a sociedade portuguesa e impediam a emancipação das mulheres. Para celebrar os 100 anos da Implantação da República e lembrar as mulheres republicanas que se destacaram na luta pelo fim da monarquia e pela proliferação dos valores da liberdade, igualdade e fraternidade, como foram o Grupo das Treze, a UMAR desenvolve encontros, tertúlias, acções de rua, durante todo o ano, no dia 13 de cada mês (quando o Santo António o permite!), tal como o Grupo das Treze o fez, de 1911 a 1913.

sábado, 19 de junho de 2010

Notícias da Marcha de Lisboa

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Foi hoje a Marcha LGBT de Lisboa. O PolyPortugal participou como membro da organização e claro, marchando também. Aqui fica a intervenção do Daniel, no final do evento. As últimas palavras foram citadas pelo Jornal de Notícias, que referiu a nossa participação em dois artigos:

Artigo1 -JN
«Além do IXY, refira-se a estreia formal da Associação de Mães e Pais pela Liberdade de Orientação Sexual ou do PolyPortugal (para quem uma pessoa é livre de ter mais do que um relacionamento ao mesmo tempo).»

Artigo2 - JN
«Uma semana após agressões de gays, no local de partida da marcha, no Príncipe Real, incidentes ontem não houve. Só mesmo a voz dissonante de uma utente da Carris, na Praça da Figueira: “raios partam esta ‘gaitagem’ que me atrasa o autocarro”. A resposta chegou, já em pleno Martim Moniz, pela voz de Daniel Cardoso, do colectivo Poliamor, debitada de uma carrinha de caixa aberta: “amor não empata amor”.»

sexta-feira, 18 de junho de 2010

Ah, então está bem...

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Andei a ler este livro, só mesmo porque tinha a palavra "poliamor" lá no título, o que ainda é raro o suficiente para me chamar a atenção. E, claro, porque tem como autor um psicólogo, aparentemente, e a maior parte da literatura sobre o poly vem precisamente de psicólogxs.

Devo dizer que este livro me traz memórias. Memórias de mim mesmo, há uns anos. O que, para um livro, é capaz de não ser boa coisa. O livro é optimista em relação ao poliamor, mas optimista por excesso. E, infelizmente, discriminatório, apesar de o tentar esconder.

Cito:
"Etiquetar é, frequentemente, o mesmo que discriminar. [...] Assim sendo, deveria identificar-se a palavra amor com poliamor, e amoroso/amante com poliamoroso, deixando para o amante monógamo o qualificativo pouco usual de monoamoroso."

E termina com um pequeno questionário, que permite descobrir, em 20 perguntas, se a pessoa que está a responder pode ou não ser poliamorosa, lá no fundo.

Então está bem...