domingo, 28 de fevereiro de 2010

Poly Portugal no Allove Festival

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A convite da simpática organização, o Poly Portugal vai ter um stand no Allove Festival. Associamo-nos a este evento no empenho pela promoção da liberdade e da diversidade sexual. Consideramos que esta presença abrirá novas portas e proporcionará novos contactos. Mais pormenores em breve.

"O Allove é um festival que se irá realizar nos dias 14 e 15 de Maio de 2010 em Lagoa, no Algarve, no recinto da Fatasul. Um dos nossos principais objectivos é fazer com que as pessoas encham os seus corações de "love", daí o nome Allove Festival. Libertem-se de preconceitos e preparem-se para participar no maior evento LGBT e heterofriendly de Portugal.
O festival não se prende com qualquer tipo de reivindicação, mas sim com uma celebração e homenagem à comunidade LGBT, de forma a mostrar o quão divertida esta é. O tema central do festival é, então, a
diversidade sexual e a celebração da Primavera, através de uma explosão de cores. Tal como a Primavera está relacionada com o pioneirismo, isto é, o começo de algo novo, também o Allove Festival se afirma como pioneiro, constituindo o primeiro festival LGBT e heterofriendly de Portugal.
Num espaço fantástico cheio de diversões, moda, música, espectáculos, bares, restaurantes e outros atractivos, o Allove Festival afirmará os valores culturais e intelectuais da comunidade LGBT através de espaços dedicados às artes, como a fotografia, pintura, literatura e cinema, num contributo de excelência para a sociedade."

terça-feira, 23 de fevereiro de 2010

O medo do singular

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Esta semana estreou-se em Portugal o filme Um homem singular ¹. Um dos momentos mais conseguidos do filme é a aula sobre o medo, que não tem correspondente no livro que deu origem ao filme, de resto.

Transcrevo aqui uma parte desse excelente discurso do protagonista:

GEORGE
There are all sorts of minorities, blondes for example… But a minority is only thought of as one when it constitutes some kind of threat to the majority. A real threat or an imagined one. And therein lies the FEAR. And, if the minority is somehow invisible... the fear is even greater. And this FEAR is the reason the minority is persecuted.
E continua assim (o actor é o britânico Colin Firth e foi nomeado para um Oscar por este filme):


Ontem almocei com uma pessoa que já não via há muito. Trocámos histórias, entre elas a de que estou numa relação poly e também a viver numa família intencional. Lá tive de lhe explicar o que é o poliamor e responder às perguntas habituais. E, como de costume, aliás, a reacção não foi negativa: não senti que o poliamor inspirasse nenhum medo. Além disso, a resposta desta minha amiga à minha conversa sobre poly incluiu qualquer coisa como «andei eu a vida toda confusa com os meus relacionamentos e os meus desejos quando afinal, se eu soubesse que havia pessoas a pensar assim, talvez me sentisse identificada e conseguisse ter paz comigo própria.»

Não foi a primeira vez que ouvi este tipo de resposta. Conheço razoavelmente esta pessoa, o suficiente para me parecer também que realmente ouvir falar de poliamor lhe teria feito bem.

O medo que ela tinha, afinal, era medo dela própria. E estou convencido que haverá muito boa gente por esse país fora que só não é poliamorosa na prática porque nem sequer sabe que há mais pessoas assim.

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(¹) A Single Man, do estilista e agora realizador Tom Ford, com argumento do também estreante David Scearce sobre o livro homónimo de Christopher Isherwood (traduzido por Maria Filomena Duarte para a Labirinto com o título Um homem no singular). O filme está em exibição em cinco salas da Grande Lisboa e duas do Porto.

segunda-feira, 22 de fevereiro de 2010

Bebé com seis cabeças… ou com seis pais?

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Este fim-de-semana vi várias calamidades naturais e humanas, como por exemplo as enxurradas na Madeira ou a manifestação pela família tradicional com slogans brilhantes do calibre de "A natureza diz não" ou "Gosto tanto dos meus avós" (alguém vai ter de me explicar esta…) e a presença sempre lustrosa da extrema direita. Sim, os tempos estão de feição a quem acha que é democrático permitir uma manifestação de pessoas que acham que se devem limitar os direitos a outras pessoas, ou julgar ou emitir opiniões sobre a vida privada de outrem. A condizer com isto, podia aparecer um título no jornal a condizer com tantos portentos e sinais certos de Apocalipse, como "Bebé com seis cabeças". Mas não, nada disso, aparece antes "Bebé com seis pais" e parece coisa mais agradável ao nosso palato poly:

(fonte: TimeOut, tip da underscore)

Um bebé com seis pais
http://timeout.sapo.pt/images_Site/space.gif
Já ouviu falar da família tradicional? Pois esqueça tudo. Bruno Horta explica porquê.
Que acontece a um casal quando decide ter filhos? Desiste do lado divertido da vida? É nessa altura que entra realmente na idade adulta? E se esse casal for constituído por duas lésbicas e partilhar a intimidade com um amigo gay, que será o pai biológico da criança?
Atenção: na peça "Com o Bebé Somos Sete", que a companhia Escola de Mulheres apresenta até ao fim do mês no Clube Estefânia, o facto de o casal ser lésbico e polígamo não é sequer um tema. É apenas um dado adquirido. Os temas, analisa a encenadora, Marta Lapa, são outros: “Fala, de forma muito bonita, sobre homoparentalidade e pergunta o que é a normalidade nas relações e qual o caminho a seguir pelas pessoas, quaisquer pessoas, quando estão na iminência da paternidade.”
O texto original (And Baby Makes Seven) foi escrito em 1984 pela dramaturga americana Paula Vogel e estreado nesse ano em Nova Iorque. Vogel é presença constante nas produções da Escola de Mulheres, que já apresentou cinco peças da sua autoria, contando com esta. “É uma escritora de temas interventivos, ou fracturantes, como se queira chamar, uma escritora brilhante, que consegue disparar para vários lados ao mesmo”, explica Marta Lapa.
As três personagens que vemos em palco são, na verdade, seis. Anna, Peter e Ruth (Cristina Carvalhal, Margarida Gonçalves e Sérgio Praia) são adultos mas albergam neles alter-egos infantis, que os dominam por completo. Raramente têm conversas sérias. Passam a vida a inventar situações imaginárias para as suas personagens e brincam uns com os outros como crianças. O que não impede que vão deixando cair, aqui e ali, potentes frases adultas, obviamente políticas. “Vocês não podem estar contra a verdade”, diz uma delas, no meio de uma discussão. “Podemos, sim senhor, isto é uma democracia”, respondem-lhe.
No fundo, são três adultos, em triângulo amoroso, que não querem deixar de ser crianças. Mas desejam um filho e têm medo que a criança os obrigue a desistir do lado divertido e infantil em que vivem.
Nesta fábula, ou tragicomédia, como lhe chama a encenadora, é ainda aflorado o tema da sida, talvez devido ao contexto da época em que foi escrita — o início da epidemia nos EUA. A peça é apresentada numa altura em que o casamento e a adopção gays estão na ordem do dia. Mas isso, no dizer da encenadora, “é apenas uma feliz coincidência”. “Já tínhamos pensado nesta produção há mais de um ano, quando não se sabia se esta temática estaria em discussão na sociedade portuguesa”, esclarece.
Com o Bebé Somos Sete, de Paula Vogel. Clube Estefânia, R Alexandre Braga, 24. Qui-Sáb, 21.30; Dom, 16.00. Bilhetes: 10 euros.

sexta-feira, 19 de fevereiro de 2010

No correio

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Chegou-me agora mesmo o "Understanding Non-Monogamies". Ainda só tive tempo de olhar para ele de fugida, mas nem preciso de sair da introdução para apontar algumas coisas interessantes:
  • há um potencial queer e feminista nas relações não-monogâmicas, como o poliamor, mas isto não quer dizer que esse potencial se concretize necessariamente, ou que o potencial para o oposto não esteja lá também;
  • quando refazemos e reconstruímos os nossos contextos relacionais, não podemos deixar de o fazer à luz da forma como fomos educados e da sociedade vigente, queiramos ou não;
  • da mesma forma que existem vários tipos de relações não-monogâmicas, também existem vários tipos de relações monogâmicas, e ensacar tudo no mesmo conjunto cria problemas.

terça-feira, 16 de fevereiro de 2010

Ardores latinos

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Para eu mudar de estado de espírito, não preciso de um evento desencadeador após um acumular de tensões, ou de me cercar de atenções. Quero eu dizer: os preliminares podem nem sequer existir, que um simples agravo ou um único abraço podem activar instantaneamente o interruptor que me deixa de mau humor quando antes estava bem, ou feliz se estava mal.

Se me sinto ferido por alguém de quem gosto, e isso pode suceder com uma simples frase, posso de repente pôr tudo em causa, feito personagem de telenovela mexicana.

Parece que isto, assim mo dizem, será uma característica «feminina», normalmente relacionada com as variações hormonais do ciclo menstrual. Tenho sérias dúvidas. Por maior que seja a influência do período e de outras eventuais diferenças entre os géneros, acredito que as pessoas são todas diferentes, e esta minha idiossincrasia é tão de gaja como de menino mimado

Nem sequer vou continuar a falar das minhas peculiaridades, que teria aqui toda uma enciclopédia para escrever. De resto, tenho conhecido as atitudes e comportamentos mais estranhos não só em mim mas também nas pessoas que melhor conheço.

Um dos mais inquietantes traços de personalidade, que soube há pouco não fazer parte apenas do mundo das pessoas que vêem demasiados telefilmes nas tardes de domingo, é a de precisar de odiar alguém para depois voltar a gostar dessa pessoa.

Já não preocupante, mas certamente singular, é a necessidade que algumas pessoas têm de esconder dos outros que estão mal com alguém (ou que estão bem, também acontece).

Estas e outras singularidades conheço eu em pessoas que admiro (ou em mim próprio, que também tenho em boa conta), e serão possivelmente vestígios deixados pela maldita era do amor romântico. O que já acho definitivamente um exagero ultra-romântico, nada saudável por sinal, é a ideia de que «sem ti não sou ninguém».

O que vale é que, como disse no início, preciso de muito pouco para ficar feliz. Diário de hoje: acordar cedo e com ideias (bem disposto), ficar horas sozinho ao computador durante horas no silêncio absoluto da casa (a ficar mal dispostinho), almoçarada com toda a família (bem disposto de novo), a luz a ir-se abaixo e com ela o computador (mal disposto, agora sim), darem-me um abraço um pouco mais tarde (bem disposto de novo), ver uma comédia que me deu sono (boa disposição perdida), e por fim descobrir estas músicas e em particular o último vídeo (que, de tão ridiculamente melodramáticos, me põem extremamente bem disposto).

No domingo que passou, recebi uma mensagem duma pessoa que conheci há muito pouco tempo na Net, e a quem tinha dito que os suecos têm um dia dedicado a uma espécie de caracol de canela (acreditem que havia uma razão para lho dizer). E a mensagem era isto: "Thanks for telling me about Kanelbullens dag; that absolutely makes up for Valentines." Eu nem me tinha apercebido que era Dia dos Namorados, vejam lá o que eu ligo à coisa. Mas o que importa é que alguém ficou instantaneamente feliz com uma frase minha. Haja mais destas idiossincrasias!

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Aqui vai alguma informação e excertos das letras destes extraordinários «valses peruanos» cantados de forma sublime pelo maior cantor equatoriano de todos os tempos, Julio Jaramillo.

“Interrogación”, de Minerva Valdez Olizondo (de quem não sei nada)
Ya no creo en nada | Hasta dudo de ti | Siento desconfianza | Ya no creo ni en mí

“Odiame”, letra sobre o poema “Último ruego”, do peruano Federico Barreto, música do seu compatriota Rafael Otero López
Odiame por piedad, yo te lo pido… | ¡Odiame sin medida ni clemencia! | Odio, quiero más que indiferencia | Porque el rencor hiere menos que el olvido. || Si tú me odias quedaré yo convencido | De que me amaste, mujer, con insistencia, | Pero ten presente, de acuerdo a la experiencia, | Que tan solo se odia a lo querido.

“Que nadie sepa mi sufrir”, valsa peruana composta na Argentina por Ángel Cabral, com uma mal amanhada letra escrita em colaboração com o também argentino Enrique Dizeo
Amor de mis amores | Si dejaste de quererme, | No hay cuidado que la gente | De eso no se enterará. || ¿Qué gano con decir | Que una mujer cambió mi suerte? | Se burlarán de mí, | Que nadie sepa mi sufrir.

“Alma mía”, do peruano Pedro Miguel Arrese
Fuiste tu todo mi ser, | Mi amor todo te lo entregue | El amor que te profeso, es el mas puro mujer | Si los lazos que nos unen se llegaran a romper | Que se acabe ahorita mismo la existencia de mi ser.

segunda-feira, 15 de fevereiro de 2010

Uma sessão de aconselhamento

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Saquei isto dum flier dum encontro regular sobre famílias queer e crianças a que fui recentemente. O encontro destina-se a tentar criar massa crítica para aconselhamento, apoio e desenrascanço para famílias não mainstream, seja pela orientação sexual ou de género dxs educadorxs (ou pessoas envolvidas), quer pelo papel emocional não necessariamente de cônjuge de vários educadores. Ou seja, este encontro cobre necessariamente (e demograficamente era a maioria) famílias com n pessoas, em que n, o número de educadores ou pessoas envolvidas com as crianças, é maior que 2 e não necessariamente um número inteiro.

Como devem calcular, questões como educação, procurações, custódias, podem ser complicadas de gerir, quando mais que duas pessoas, e fora de um quadro legal do género dum casamento, se envolvem na educação de uma criança. Logo faz todo o sentido criar uma rede destas. Só a parte jurídica é um pesadelo hiper-realista.

A fonte é ka-comix.de.

Tradução: "Bom dia! Apresento-lhe a minha companheira, estxs aqui partilham comigo o apartamento, e são co-mães, apresento também a minha mulher, a minha ex (agora a minha melhor amiga) e os dois futuros papás!" "Precisamos duma pequena consulta de aconselhamento acerca de direito familiar, nomeadamente acerca da custódia da criança (não demoramos muito, seria o acrescento meu)"

sexta-feira, 12 de fevereiro de 2010

Citação

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"A única relação realmente monógama que temos é connosco próprios."

- Monogamy, Adam Phillips

quinta-feira, 11 de fevereiro de 2010

Multicare

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Já aqui muito se falou de tempo. E das dores de cabeça que é gerir várias relações e a dedicação a cada uma delas. Mas hoje dei por mim a pensar no contrário. Que ser poly me dá mais tempo para mim e me permite dar com tranquilidade mais tempo aos outros.
Se souber que os meus amores têm outras pessoas para cuidar deles, não sinto a pressão de ser tudo para alguém, em todos os momentos. E por ter eu própria várias pessoas, não sobrecarrego cada uma delas com todas as minhas necessidades.
Há pouco tempo comecei uma relação com uma pessoa, que poucos dias depois se viu atolado de trabalho e complicações. E a intensidade, a urgência, a ânsia de estarmos juntos, deu rapidamente lugar a momentos mais espaçados e mais fugazes. Felizmente tenho a sorte de o ver quase todos os dias, e isso chega-me.
Uma mensagem hoje prometia-me que em breve tudo voltará ao normal, mas não sei o que isso é, nem me preocupa. Não me sinto negligenciada porque não dependo de uma única pessoa para me dar felicidade e estabilidade emocional. Sinto-me rodeada de amor, em todas as suas formas de expressão.
Apesar das possíveis complicações logísticas, no geral o poliamor dá-me este fundo de segurança e de tranquilidade em relação ao futuro. E é isto que me parece “normal”. Este dar e receber sem pressões, sem angústias e sem obrigações.

terça-feira, 9 de fevereiro de 2010

«Quelq'un m'a dit»

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Em geral, as pessoas precisam de saber que lugar(es) ocupam no mapa dos afectos daqueles de quem gostam. Precisamos, quase todos, de perceber em que página do catálogo estão os sentimentos que os outros nutrem por nós.

Ele tem um desejo animal por mim mas sem sexo até nem gosta muito de estar comigo? Ela quer a minha companhia de vez em quando para conversar sobre tudo e mais um par de botas? Ele quer viver comigo e partilhar cama e mesa?

Ou, de forma mais elementar, embora mais perigosa se não se tiver consciência de que as definições pessoais dos termos amorosos variam quase tanto como os traços fisionómicos:
Ele ama-me? Ela é minha namorada? Somos fuck buddies?

Algumas palavras, no entanto, têm um peso tão grande na nossa cultura que, seja qual for o significant other que no-las diz, ficamos instantaneamente com a certeza de que a coisa é profunda. Expressões como «Amo-te», ou mesmo «acho que te amo», têm este poder.

Aqui vai um vídeo que me foi enviado esta semana, num dia muito especial, por uma pessoa que adoro. Obrigado! A ambas!


On me dit que nos vies ne valent pas grand-chose, | Elles passent en un instant comme fanent les roses. | On me dit que le temps qui glisse est un salaud, | Que de nos chagrins il s'en fait des manteaux. || Pourtant quelqu'un m'a dit… | Que tu m'aimais encore, | C'est quelqu'un qui m'a dit que tu m'aimais encore. | Serait-ce possible alors ? || On me dit que le destin se moque bien de nous, | Qu'il ne nous donne rien, et qu'il nous promet tout. | Parait que le bonheur est à portée de main, | Alors on tend la main et on se retrouve fou. || Pourtant quelqu'un m'a dit… || Mais qui est-ce qui m'a dit que toujours tu m'aimais ? | Je ne me souviens plus, c'était tard dans la nuit. | J'entends encore la voix, mais je ne vois plus les traits, | "Il vous aime, c'est secret, lui dites pas que je vous l'ai dit." || Tu vois, quelqu'un m'a dit… || On me dit que nos vies ne valent pas grand-chose… || Pourtant quelqu'un m'a dit…

A canção Quelq'un m'a dit é da autoria de Carla Bruni (a sua primeira intérprete) e Leos Carax. O vídeo deste post é do espectáculo de 2006 Le village des Enfoirés, do colectivo Les Enfoirés. Cantam, da esquerda para a direita, Zazie, Marc Lavoine, Patrick Bruel e Raphaël. Na guitarra, Francis Cabrel.

segunda-feira, 8 de fevereiro de 2010

S. Valentim, esse chato…

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Para quem está com os tomates, ovários, meninges, e outros órgãos bem sensíveis apertados por causa do São Valentim e até tem várias relações a gerir.

Dia dos namorados… e das namoradas… e dos amigos de cama… e dos amigos coloridos… únicos ou vários ou simplesmente inexistentes e/ou desejados..

… Poderia ser um pesadelo logístico, para poliamorosos que o sejam também na prática..

A primeira pergunta a fazer, é porque é que vocês se querem meter numa seca dessas… pensem lá…

(hmmmm… hmmm… hmmm…)

ok, vocês querem mesmo meter-se nessa seca. E não sabem quem é que vão convidar para jantar, ou para almoçar ou para dormir nessa noite. É isso? Ok, não posso resolver esse problema por vocês, porque me recuso a celebrar isso e a meter-me nessa alhada. Mas a título de apoio moral e solidariedade, este senhor também está pelos cabelos com o São Valentim.

Mas olhem! A nossa grande santa galdéria de serviço, Dossie Easton, de vestido vermelho e gert na mão, responde-vos a à pergunta: Como celebrar o São Valentim enquanto poly.

Depois contem como foi.

sexta-feira, 5 de fevereiro de 2010

PUG?

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Vi hoje uma página de um webcomic que costumo ler (Questionable Content), que me fez lembrar da expressão LUG - Lesbian Until Graduation. Só que, neste caso, seria mais Poly Until Graduation, ou assim.

A personagem Tai queixa-se de não conseguir encontrar ninguém que esteja "virado para a monogamia" ou com quem queira "ser exclusiva". Tai tem um problema: identifica-se como poly, mas é uma coisa que não quer fazer "a vida toda".

Vai na volta, o problema dela é precisamente procurar uma identificação pública que, depois, não corresponde ao seu plano privado de vida. O que vale para qualquer coisa. Todos nós podemos experimentar, e todos nós podemos - devemos! - mudar de opiniões e comportamentos ao longo da vida. Mas devemos procurar, também, ser coerentes entre o que fazemos e dizemos, entre o que dizemos fazer e imaginamos. E aí, tanto um mono entre polys pode ter problemas, como um poly entre monos.


quinta-feira, 4 de fevereiro de 2010

Taras perdidas

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Acontece-me muitas vezes gostar de pessoas. É das poucas certezas que tenho. Que qualquer que seja a actividade que me ocupe os dias, tem de ter a ver com pessoas. Várias, variadas e muitas. Com diferentes backgrounds, abordagens e opiniões.
Quando conheço uma pessoa interessa-me perceber como pensa e como sente. E quando me envolvo sexualmente, interessa-me (muito) saber que taras tem. O que é que realmente toca cada pessoa, o que a faz suspirar, arrepiar-se, ficar tensa ou descontraída. Em que é que pensa no segundo antes de se vir, ou quando se masturba, ou se cruza com alguém atraente. E que tipo de pessoas acha atraente.
Este é um dos maiores gozos de começar uma nova relação. Todo este manancial de novas associações, imagens, fantasias e loucuras que vai na cabeça de cada um e que muitas vezes achamos que são exclusivos nossos. Tudo isto me parece digno de ser explorado e desenvolvido. Ampliado pela experiência e troca de ideias.
Ao longo das minhas relações, tenho encontrado pessoas habituadas a estas trocas. Que hesitam a princípio, mas que rapidamente desatam a trocar galhardetes assim que se lhes abre uma nesga de oportunidade. E às vezes os nossos interesses são radicalmente opostos. O que nos entusiasma é diametralmente oposto e possivelmente incompatível. Mas vale pelo momento e pelo conhecimento.
O que me frustra ou pelo menos desinteressa, são as pessoas que afirmam não ter taras. E sei bem do que falo porque já fui uma delas. Quando aos 18 anos conheci um dos gajos mais deliciosamente tarados com que a vida me presenteou, também eu me dizia “destarada”. Mas ele lá me foi falando das suas ideias e aos poucos fui identificando padrões, tirando do baú coisas que lá estavam desde tenra infância, que me interessavam desde sempre e continuam a interessar. E com base nisso fui formulando novos interesses, querendo experimentar coisas novas, e aumentando a minha tolerância aos interesses dos outros.
O que me parece essencial neste processo, é esta comunicação que nem todos se sentem preparados ou com possibilidade de ter com o outro. Uma tara não partilhada é uma tara perdida, e isso é realmente uma pena.

terça-feira, 2 de fevereiro de 2010

Mal amado, mal amando

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Esta semana fiquei sem bateria. O mecânico vem cá amanhã para levar o carro. Já estou a fazer contas à vida.

E outras contas agora. À minha vida amorosa. Algumas etapas:

1980
às escondidas porque não era suposto
1982
às escondidas porque ele era casado
1985
pediu namoro a outro; eu não soube dizer que não tinha de ser uma disjunção exclusiva
1988
afinal havia outro
1991
não conseguiu resistir à droga; nem a mentir-me acerca disso
1998
casada e ele não sabia de nós
2000
não resistiu a saber de mim e da outra
2002
casada também; por fim acabou com um terceiro, e garantindo-me que estava sozinha
2005
casou depois, e não quer que ninguém saiba de nós
2007
jurei-lhe exclusividade, a muito custo; acabou por andar com outro às escondidas

Isto faz mossa, deforma uma personalidade, desgasta a máquina. Esta semana, fiquei sem bateria. Quero pedir ao mecânico para me levar também o coração.

segunda-feira, 1 de fevereiro de 2010

Trios: Hemingway

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Continuemos, que a inspiração não dá para mais, a série sobre trios, reais, imaginários, literários, ou tudo junto. Hoje deixo vos com Hemingway e o seu "Garden of Eden". Segundo consta é uma história que o próprio Hemingway suprimiu em vida, e que nunca chegou a acabar até à sua morte. Passa-se na Cote d'Azur nos anos 20, e conta a história de, imaginem, um escritor, a sua mulher, e os jogos entre eles enquanto partilham uma mulher mais nova. Dizem por aí os especialistas que é autobiográfico... foi reeditado recentemente.