segunda-feira, 30 de novembro de 2009

Compersion, Amor por ressonância

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é sempre bom, e sempre bom sentir que ainda temos over and over a capacidade de sentir a tal compersion, a tal alegria ressonante, ou alegria por ressonância, ficarmos felizes por o nosso amor, ou um dos nossos amores estar nos braços de um dos seus amores (E quem diz braços, diz outros membros, ou algemas, ou lençóis, ou....)...

Mas o que me passou agora na cabeça, é que o estado talvez ainda mais desejável que essa alegria excitada é aquele em que já não se nota diferença, em que simplesmente se passa, sem pensar no assunto, uma noite como outra qualquer. Porque não é preciso pensar no assunto.

Numa nota pessoal: Estou muito feliz por voltar a sentir compersion, ou amor ressonante, porque durante uma relação recente de contornos apenas marginalmente poly senti muitos ciúmes e comecei a perguntar-me se tinha a ver comigo ou se era especifico à situação. E a resposta é, a compersion está cá, como sempre esteve. Hurra!

domingo, 29 de novembro de 2009

«Amor só dura em liberdade» — "A maçã" de Raul Seixas

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Antes de se tornar um sucesso de vendas à escala planetária, o escritor Paulo Coelho fez parceria, como letrista, com um músico que é considerado o pai do rock brasileiro: Raul Seixas.



Goste-se ou não de qualquer deles, vale a pena conhecer a música "A maçã", editada em 1975/76 no álbum Novo Aeon.


Se esse amor | Ficar entre nós dois | Vai ser tão pobre amor | Vai se gastar…

Se eu te amo e tu me amas | Um amor a dois profana | O amor de todos os mortais | Porque quem gosta de maçã | Irá gostar de todas | Porque todas são iguais…

Se eu te amo e tu me amas | E outro vem quando tu chamas | Como poderei te condenar | Infinita tua beleza | Como podes ficar presa | Que nem santa num altar…

Quando eu te escolhi | Para morar junto de mim | Eu quis ser tua alma | Ter seu corpo, tudo enfim | Mas compreendi | Que além de dois existem mais…

Amor só dura em liberdade | O ciúme é só vaidade | Sofro, mas eu vou te libertar | O que é que eu quero | Se eu te privo | Do que eu mais venero | Que é a beleza de deitar…

sábado, 28 de novembro de 2009

Last call

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Última chamada para o embarque na aventura de escrever para o PolyPortugal.

Aos Sábados este espaço está aberto a contribuições não só dos nossos convidados mas também de quem quiser escrever.

Envie o seu texto (entre 50 e 500 palavras) sobre poliamor para polyportugal@gmail.com.


Não voltaremos tão cedo a publicar um pedido de colaboração mas este anúncio não perde a validade. Neste momento, temos uma pequena carteira de pessoas que já manifestaram interesse em colaborar. Mas queremos mais. Os últimos sábados têm estado muito vazios aqui no blog.

sexta-feira, 27 de novembro de 2009

Poly-wave

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Lembrei-me de iniciar uma Google Wave pública sobre poliamor... Espero ter muit@s participantes a colaborar nela!

:)

Mais informações:



quinta-feira, 26 de novembro de 2009

"Isso é uma teima?"

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Os últimos dias têm sido de stress constante. Não é que seja grande novidade na profissão que escolhi. Mas hoje senti-me mesmo a quebrar. O conflito é algo que me desgasta. E que evito muitas vezes a todo o custo, provavelmente mais do que deveria. Se tiver de escolher, prefiro o silêncio ao conflito. E houve bastante dos dois nos meus anos de crescimento.
Em quase todas as relações profundas que tive, surgiram momentos de confronto, para mim bastante dolorosos e angustiantes. E quando terminam, sinto-me como se tivesse corrido uma maratona. Um cansaço físico e psicológico que se torna incapacitante.
Nestas alturas lembro-me muitas vezes de um capítulo do livro “The Ethical Slut”, que se chama “Embracing Conflict”. Pelos vistos é normal que haja conflito numa relação. E quando essa relação inclui várias pessoas, personalidades e vontades, a coisa pode multiplicar-se na mesma proporção que se multiplica o amor e a felicidade.
Uma das coisas que as autoras preconizam é que se use o que chamam de “I sentences”, ou frases começadas por “eu”. Que se diga “Eu sinto-me…” em vez de “Tu fazes-me sentir…”. Porque os sentimentos são nossos e no limite somos nós os únicos responsáveis por eles.
Há vários conselhos nesse capítulo que considero bastante úteis (descontando o carácter de auto-ajuda de livro de aeroporto). Não funcionarão com toda a gente nem em todas as circunstâncias. Mas pelo menos ajudam a desmontar esta ideia romântica de que os sentimentos são algo de completamente irracional e incontrolável, pretexto para os mais descuidados atropelos da saúde emocional de quem se ama.

quarta-feira, 25 de novembro de 2009

como vão ser os próximos 364 dias?

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em portugal, este ano:

morreram 26 mulheres vitimas de violência doméstica ou afectiva;

43 sobreviveram a tentativas de assassínio por parte de companheiros ou ex-companheiros...

milhares de mulheres são:

diariamente agredidas física e/ou psicologicamente;
muitas são também violadas nas suas casas...

tudo isto pelos homens que as amam!

grande número destes casos prende-se com a necessidade de controlo que os homens sentem que devem ter sobre as "suas" mulheres. isolam-nas por forma a exercer um poder que normalmente está na fronteira do patológico. fazem-nas pensar que não prestam e que, se eles as deixarem, ninguém mais as vai querer. têm ciúmes de tudo e todos.

este sentimento de posse, ainda "autorizado" pela sociedade patriarcal em que vivemos, é o cerne da questão. é preciso perceber-se que não temos direitos sobre os outros. as pessoas estão porque querem e se sentem bem.

aceitar as pessoas por aquilo que elas são e não tentar moldá-las à imagem que gostaríamos de ter delas é fundamental para a felicidade.

mas o que tem a haver esta questão da violência afectiva com o poliamor?

não temos estatística sobre a violência nas relações poliamorosas, claro, mas provavelmente serão muitíssimo baixas. não será por não existir ciúme... o ciúme também existe. a diferença está na forma de se lidar com os sentimentos.

converter o ciúme em compersão (compersion, feeling frubbly - energia oposta à do ciúme) é um bom começo.

hoje é o dia internacional contra a violência contra a mulher... como vão ser os próximos 364?

terça-feira, 24 de novembro de 2009

ePoly — encontros online

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Há muitos anos, inscrevi-me pela primeira vez num site de encontros. Já nem me lembro qual. Sei que mais tarde aquilo se transformou em Kiss.com e depois foi adquirido pela uDate. Nunca mais liguei àquilo, até porque tinha de se pagar. Mas tenho uma série de amigos e amigas que conheceram parceiros na Net. Algumas das relações duram há muitos anos, outras foram bons encontros ocasionais, outras ainda um flop, claro. Eu próprio conheci algumas pessoas assim, e só me lembro de boas experiências. Nunca me interessei por coisas mais "antigas", tipo ICQ, Hi5, Messenger ou Netlog, que me parecem à partida um desperdício de tempo, mas tenho exemplos de amigas e amigos que provam o contrário, pelo menos no caso delas e deles.

O Nerve Personals, parte da secção premium — isto é, paga — da excelente revista online Nerve (sobre amor, sexo e cultura) poderia ser muito eficaz se não fosse pago e houvesse mais membros em Portugal com foto (são menos de 100). E poderia ser eficaz porque parto do princípio que ter a Nerve como gosto comum é já um ponto de partida.

Muito mais recentemente — já este ano — inscrevi-me no OKCupid, largamente melhor do que todos os sites de encontros que tinha conhecido até agora, não só porque graficamente é muito interessante mas pelo próprio conceito muito Web 2.0. Os criadores do OKCupid eram estudantes de matemática de Harvard e o sistema que inventaram consiste em propor aos utilizadores que respondam a uma bateria de perguntas de resposta múltipla sobre temas variados, desde gostos e interesses a valores e comportamentos; e que digam como gostariam que o seu parceiro ideal respondesse, e quão importante isso é. Com base nisso, um algoritmo calcula o grau de compatibilidade entre cada par de pessoas, no formato (por exemplo) "92% Match, 88% Friend, 6% Enemy".

Agora que o PolyMatchmaker foi relançado, tratei logo de me inscrever, para testar a coisa. Como foi dito no post de domingo, ainda há menos de 20 membros em Portugal. E só 3 têm foto ainda (um deles sou eu)! Mas fiquei contente por verificar que, no próprio dia em que me inscrevi, fui contactado por duas pessoas, uma em Espanha e a outra nos Estados Unidos. Pelo menos como rede social pode funcionar. E, se o número de portugueses aumentar, quem sabe não virei a conhecer ali alguém que não esteja ainda nos meus círculos de amigos poliamoristas.

Uma coisa é certa: não será esta a panaceia universal que vai resolver o problema de quem anda à procura de gajas. Mas deixo aqui a dica — mal não faz certamente…

segunda-feira, 23 de novembro de 2009

Casamento proibido por lei no Texas

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(Por um bloqueio criativo, sacado directamente da lista das Panteras para aqui. Obrigada, Stef e Laetitia!)

O Texas terá, por ter tentado fazer uma lei à prova de bala que não pudesse dar a mínima "desculpa" a qualquer casamento entre pessoas do mesmo sexo, proibido o casamento. De todo.

A cláusula em questão deveria abolir os casamentos entre pessoas do mesmo género mas na verdade, do modo como ficou formulada, proíbe toda a forma de casamento, ou seja, mesmo o casamento heterossexual!

Será sem dúvida uma questão interessante de seguir, e ver qual a cor política que defenderá que forma de casamento, ou o casamento de todo, e porquê!

Em Francês:
Le Texas aurait accidentellement interdit le mariage hétérosexuel

Em Inglês:
Texas marriages in legal limbo due to 2005 error, Democrat says

domingo, 22 de novembro de 2009

PolyMatchmaker — sítio de encontros poly

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Foi relançado esta semana, numa versão (muito?) melhorada, o PolyMatchmaker, sítio de encontros (online dating service) destinado especificamente a pessoas com interesse no poliamor.

É um dos provavelmente muito poucos sites deste tipo que prevê a possibilidade de escrever no perfil alguma coisa que não exclusivamente «homem» ou «mulher», que não apenas «hetero» ou «homo» (ou «bi», que apesar de tudo ainda há alguns sites a permiti-lo), que não só «casado», «solteiro», «divorciado» e «numa relação». Tudo isto em inglês, que o site é internacional e não tem, pelo menos por enquanto, versões traduzidas.

Além de site de encontros, o PolyMatchmaker (que nasceu em 2000) pretende, nesta versão 3.5, ser uma comunidade Web para os interessados no poliamor, para o que oferece um glossário, artigos e links, disponíveis tanto para membros como para não-membros.

Mesmo não pagando a quota que dá direito a ser um Premium Member, é possível ter acesso a bastantes funcionalidades, incluindo as mais básicas de um site deste tipo (pesquisa de pessoas por região, idade, etc; possibilidade de as contactar; preenchimento de um perfil tão completo quanto se quiser; etc.).

Neste momento, uns dias apenas após o relançamento, há só 16 membros em Portugal. Nos Estados Unidos, onde o site está sediado, e Canadá, há agora mais de 7500 membros. Para saber se um site assim poderá funcionar de facto como potenciador de encontros entre poliamoristas portugueses, é preciso criar massa crítica: só com um número razoável de inscritos poderá eventualmente o PolyMatchmaker — e os membros, claro — atingir os seus objectivos em Portugal.

sábado, 21 de novembro de 2009

Sábados em branco

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Aos sábados, este blog tem contado com a participação de muita gente amiga mas mesmo assim os convidados não têm chegado para as semanas.
Por isso, se alguém achar que tem uma história interessante para contar, ou uma opinião para dar, estamos à espera!


Aos Sábados este espaço está aberto a contribuições não só dos nossos convidados mas também de quem quiser escrever.

Envie o seu texto (entre 50 e 500 palavras) sobre poliamor para polyportugal@gmail.com.


Aceita-se propostas de bloggers com ou sem experiência poliamorosa.

sexta-feira, 20 de novembro de 2009

E se saíssem à rua?

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Se fosse aprovada uma lei segundo a qual ninguém pudesse ser monógamo durante mais do que três semanas, as pessoas sofreriam uma imensa pressão. Mas pressão para fazer o quê, exactamente? [...] O que diriam as suas pancartas, quando saíssem para a rua em protesto? - Adam Phillips, 1996

É uma excelente pergunta. Mas, e olhando para o estado actual das coisas, pelo menos uma coisa constaria dessas pancartas - um apelo à necessidade intrinsecamente humana (?) de haver pureza e compromisso. Porque, espante-se, cada vez se ouve como mais óbvio que uma relação aberta é aquela em que o compromisso não existe. Ou, ao invés disso, que uma relação aberta não é uma relação.

Parece-me a mim que isto germina de um profundo desconhecimento do que é a Língua Portuguesa. Ligação afectiva ou sexual. É isso que é uma relação. Portanto... é praticamente impossível escapar-lhe. Que seja claro: a normativização de um determinado conceito não esgota, nem constitui, a definição desse mesmo conceito.

Não roubem palavras.

quinta-feira, 19 de novembro de 2009

Tenho aqui uma dor...

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Às vezes tenho uns ataques agudos de “que lindo que seria um mundo poliamoroso”. E esta semana deu-me isto duas vezes. Apanha-me aqui esta zona toda, desde a boca do estômago até ao coração. Socos num e apertos no outro.
O primeiro ataque deu-me a ver a reportagem da SIC, “Filhos de pais em guerra”. Entre outras coisas, a prova de como o ciúme, a despeita e o medo irracional de ser menos amado se podem revelar completamente destrutivos. O final da reportagem pára qualquer digestão em curso.
O segundo achaque foi ontem na escola, a ouvir uma Directora de Turma informar-me do background dos alunos. Eu que acho sempre estas informações importantes, saí de lá sem saber se não preferia ter ficado na ignorância. O rol de desgraças e desamores que me foi desfiado sobre 27 criaturas que algum dia terão sido inocentes, deixou-me a engolir em seco. Quase todas as histórias passavam pelo capítulo “os pais divorciaram-se” e apenas uma incluía o “dão-se todos bem”. As outras incluíam episódios de abandono, alienação parental, instrumentalização e maus tratos psicológicos.

Num artigo que li há uns tempos, a jornalista imaginava como teria sido a história Clinton-Lewinski, se os envolvidos fossem poliamorosos:

“O presidente explica, com graça e dignidade, que ele e Monica estão apaixonados e que a primeira-dama tem conhecimento do relacionamento desde o início. Hillary diz à imprensa que aprova o relacionamento, com base na sua própria amizade e carinho por Monica. Esta junta-se a eles, e explicam que o seu relacionamento é uma tríade poliamorosa, em que os três são parceiros iguais, e que está aberta à inclusão de futuros parceiros.
Quando a imprensa, chocada, pretende saber como isso afectou a filha, Chelsea responde que agora tem três pais, que os ama a todos, e que tudo isto lhe ensinou muito sobre os benefícios de ser completamente honesta em todos os seus relacionamentos.”

E também eu dei por mim, nas duas ocasiões, a fantasiar como todas aquelas histórias podiam ser radicalmente diferentes. Com outros problemas, talvez. Porque o poliamor está longe de ser a panaceia para todos os males.
Mas a mera possibilidade de que as coisas possam ser diferentes, que nem todas as relações amorosas tenham que acabar em ódios militantes, não seria já um caminho pelo menos mais equilibrado? Se em vez de acabar, as coisas pudessem evoluir para outras formas, se as crianças deixassem de ter dois pais em casa para terem quatro ou mais, mesmo em casas diferentes.
Porque, como diz uma psicóloga na reportagem da SIC, a estabilidade provém da flexibilidade, e não de dormir todos os dias na mesma cama.

quarta-feira, 18 de novembro de 2009

eles são singles, senhor...

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há uns meses uma amiga de uma amiga teve uma rapidinha com um tipo que conheceu na rede... num sítio para swingers. diz ela que até não foi mau, mas... o gajo era casado. ok, era um sítio para swingers e é normal ser-se casado, só que o rapaz estava lá como single! se calhar é só ele, digo eu na minha ingenuidade.

agora esta amiga da minha amiga apresenta o moço à minha amiga (ela sim, uma single verdadeira) e não é que ela se encanta por ele! bem, depois de dar uma voltinha para experimentar...

e segue um "namoro"... bom sexo, muitas trocas de mensagens a todas as horas e a frequência de alguns clubes de swing... onde, surpresa das surpresas, o nosso rapaz começa a ter ciúmes da minha amiga quando a vê com outr@s... e só a beijar na boca.

não é que a minha amiga, um verdadeiro espírito livre, começa a ter um comportamento condicionado à vontade do "namorado"...? e tudo isto por detrás das costas da mulher, que nada sabia desta relação...

já ia na conversa do "mas eu deixo-a e venho viver para a tua casa", hipótese sempre afastada pela minha amiga, diga-se de passagem, quando eis se não que a mulher lhe "apanha" o telemóvel e lá estão as mensagenzitas "conta tudo".

bem! caiu o carmo e a trindade! e o tipo não vai de modas: conta tudo... lingerie, sexo, clubes e por aí fora.

moral da história: duas mulheres magoadas desnecessariamente e um gajo que sai quase como a vítima.

a minha amiga sabia ao que ia, claro, mas nunca escondeu que por ela seria muito mais sério se a relação fosse aberta a incluir a mulher dele.

a mulher, depois de saber os detalhes e de ter conversado longamente com a minha amiga, até mostrou abertura para a incluir na relação e... despertou para o sexo!

e ele, então?

lá está... em casa tem sexo como nunca teve, mas teima em tentar controlar a minha amiga. ela é que já não permite e faz a vida dela como sempre fez, livre de condicionalismos.

numa sociedade ainda muito patriarcal é muito difícil alterar mentalidades, mas observo que mesmo quando poderá haver alguma abertura para essa mudança por parte de alguns, existem sempre outr@s que preferem fazer as coisas às escondidas.

será que assim é mais estimulante?

será que as pessoas precisam da adrenalina proporcionada pela clandestinidade?

terça-feira, 17 de novembro de 2009

Nós e laços

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Na semana passada referi aqui o desabafo de uma couchsurfer belga sobre o fim de uma relação e de como se sentia mal não só por isso mas também por não conhecer ninguém como ela (isto é, com ideias poliamoristas).

Depois de receber uma série de respostas solidárias, acrescenta (traduzo eu): «Nunca foi fácil, porque nunca encontrei ninguém que pensasse como eu sobre o amor e as relações. E no entanto não deixo de me enamorar e de precisar de afecto. De modo que tenho tentado mudar-me porque pensava que não era normal e tinha de mudar. Por isso sabe bem verificar que há outras pessoas como eu; e não quero mudar porque sei que isso me limita, não me agrada e não me faz feliz.»

Uma das respostas que a couchsurfer recebeu seria uma tentativa de desanuviar com um link para a mais recente mini-BD da série Subnormality (© Winston Rowntree, publicada no seu próprio site Virus Comix). Gostei. E quero partilhar, porque vem na onda da minha letra de canção "Antes que acabe (É lá com eles)" (que já aqui publiquei).

Ora clicai lá na imagem para ver a página em tamanho legível (em inglês).

O resumo? Para quem esteja com a vida demasiado ocupada, aqui vai: «Não há pessoas normais.»

Mas não há dúvida de que sabe muito bem ter conhecimento de que há outras pessoas como nós.

segunda-feira, 16 de novembro de 2009

Schiller, 250º Aniversário

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A 10 de Novembro de 2009 celebrou-se o aniversário de Schiller.
Neste artigo do SPIEGEL, em alemão, há umas frases que chamam a atenção de olhos mais galdéricos.

http://su.pr/4RfKpA

A fonte é uma abundante colecção de apontamentos do seu amigo de juventude Johann Wilhelm Petersen.

Parece que "alguns dos seus conhecidos foram testemunhas de que, durante suas quecas, rugindo e esperneando, não tomaria menos de 25 doses de rapé"

Mas isto é apenas um fait divers, uma cusquice, talvez grosseira, dos seus tempos de juventude e de médico-soldado, e das suas quecas mágicas, muitas vezes em grupo.

Prefiro chamar a atenção para o seguinte:

"(Schiller) via-se como cidadão do mundo, servo de nenhum senhor. Durante muito tempo quis não se ligar a nenhuma mulher em especial, mas por fim apaixonou-se por duas irmãs. Ter-se-ia casado com as duas, mas teve de se decidir por uma delas."

Nomeadamente: "Dia 15 de Novembro de 1789, pela tarde, Schiller sentou-se à secretária e fez o impossível: declarou às duas jovens, na mesma carta, o seu amor por ambas. Era do seu conhecimento, há bastante tempo, que ambas estavam apaixonadas e queriam viver com ele - Como tudo seria posto em prática, não é claro até à data."

domingo, 15 de novembro de 2009

Amores múltiplos no JN

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Há pouco mais de um ano, a 19 de Outubro de 2008, o Jornal de Notícias publicou uma "Reportagem de Domingo" sobre poliamor, assinada pela jornalista Helena Norte.
Graças à chamada de capa, o público não se limitou aos leitores do JN, por ter sido visto, e comentado, nas revistas de imprensa das televisões.
Uma tal exposição resultou num grande número de contactos por parte de pessoas que não conheciam o conceito e se mostraram interessadas, bem como em novas adesões ao grupo.
Vale a pena ler o artigo na totalidade:

sábado, 14 de novembro de 2009

Sábados em branco

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Aos sábados, este blog tem contado com a participação de muita gente amiga mas mesmo assim os convidados não têm chegado para as semanas.
Por isso, se alguém achar que tem uma história interessante para contar, ou uma opinião para dar, estamos à espera!


Aos Sábados este espaço está aberto a contribuições não só dos nossos convidados mas também de quem quiser escrever.

Envie o seu texto (entre 50 e 500 palavras) sobre poliamor para polyportugal@gmail.com.


Aceita-se propostas de bloggers com ou sem experiência poliamorosa.

sexta-feira, 13 de novembro de 2009

Balanças

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Tomar decisões é uma daquelas coisas complicadas que todos nós fazemos, todos os dias. Nem sempre pensamos muito, ou muito profundamente, nas que tomamos. Desde que dou aulas de Ética, apercebi-me ainda mais da quantidade industrial de formulações diferentes que tantas outras pessoas já inventaram para tentar resolver essa árdua tarefa de tomar decisões. O que me leva a concluir que, fundamentalmente, ninguém se decide no que toca a tomar decisões. =)

Causas e efeitos, princípios ou consequências, Bem e Mal - e tudo entre estas coisas. O problema é que, como somos constantemente relembrados, parece que só a racionalidade pura e mais abstracta conta para a tomada de decisões. O que, convenhamos, dificulta um bocado a árdua tarefa - ou não! - de tomar decisões com base em sentimentos e emoções. Não basta ir cuscar "O Erro de Descartes" para chegar lá, convenhamos.

Tomar a decisão de iniciar uma nova relação, ou de propor semelhante coisa, requer muito pensamento. Requer uma longa olhadela para a agenda (gasp!), para a(s) relação(ões) pré-existentes, para aquilo que sentimos... Requer coragem, também, para pedirmos a outra pessoa que se coloque no meio de uma situação que é, ainda e infelizmente, estranha ou sui generis. E mesmo para quem conhece, de fora, o poliamor, pode ser complexo dar também esse passo.

Para quem, seja de fora ou de dentro, se preocupa com todas as questões envolvidas - ou com tantas quantas consegue - arrisca-se a bater com a cabeça na parede com a complexidade envolvida. Com todos os sentimentos, com todas as possibilidades más, com todas as fragilidades. Isso às vezes faz com que seja difícil manter os olhos no alvo. E o alvo é sermos felizes, e termos relações felizes (com outr@s e connosco).

Manter os olhos no alvo requer também esquecermo-nos, durante momentos, do que pode correr mal e olhar para a potencialidade que as situações têm de correr bem. De podermos retirar delas algo de bom, uma aprendizagem, um sorriso, um novo amor. E quem não está directamente envolvido nas tomadas de decisão precisa também de ter a coragem de ousar abrir-se à novidade, à diferença; criar o espaço para que nasça ali alguma outra coisa.

Por isso é que falar de constelações familiares no poliamor faz tanto sentido. Mesmo naqueles casos em que nem toda a gente se relaciona com toda a gente - como os clássicos triângulos ou tríades - há, ainda assim, um envolvimento necessário de todas as pessoas. Todas se afectam mutuamente, para bem e para mal. Seja a nova pessoa que não quer perturbar as relações existentes de forma excessiva, ou as pessoas pré-existentes que também não queiram impedir que a nova relação floresça - isto para pegar nos bons exemplos.

E mesmo que isto pareça que se está a fazer malabarismos com balanças, a verdade é que também se cresce e se aprende muito. E, com empenho e um bocadinho de sorte, também se ama e se é amado. Muito mesmo. No meio de uma família-constelação.

quinta-feira, 12 de novembro de 2009

Simplesmente... não casados

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Numa altura em que o casamento e o seu alargamento a casais do mesmo sexo está na ordem do dia, dou por mim a pensar porque é que as pessoas ainda se casam. Pessoalmente não tenho nenhuma vontade de promover uma cerimónia que oficialize qualquer uma das minhas relações. Não quero casar, creio que nunca quis, e agradeço que não me convidem para casamentos.
No entanto, é para mim claríssimo que quem o queira fazer deve ter essa liberdade. E só alguém com grandes palas nos olhos consegue acreditar que a homossexualidade tem alguma coisa a ver com a capacidade ou não de formar uma família funcional. Mas toda esta discussão sobre o casamento me parece sempre limitada, truncada, abafada pela polémica homo, que não é mais que uma falsa questão, já desde os gregos, ou desde que saímos da fase de ameba.
Mais do que discutir o sexo dos anjos casadoiros, interessar-me-ia discutir o próprio conceito de família. E dentro dessa linha discutir problemas pragmáticos e prementes, como a relação do Estado com a família, e consequentemente a grande injustiça que subsiste na diferença de tratamento entre pessoas casadas e “os outros”.
Nos Estados Unidos existe uma organização cujo trabalho se centra precisamente em combater estas injustiças. No site da Alternatives to Marriage Project, o poliamor surge na lista de “maneiras de ser não-casado”, na qual se incluem também outras alternativas importantes.
A associação promove acções em torno de assuntos como cuidados de saúde, segurança social, impostos, habitação, adopção e imigração. Todas elas ligadas aos direitos básicos de qualquer cidadão, atropelados diariamente por um Estado que se diz laico, mas cujas leis seguem uma definição muito própria e limitada do que é uma família.
É bem verdade que já temos uniões de facto, que eu própria usufruo de um belo seguro de saúde pago pela empresa onde o meu “unido” trabalha, mas não me agrada que haja regras específicas quanto à quantidade e qualidade dessas uniões. Que se criem outras regras, que se pague um extra por cada pessoa que usufrui de um determinado benefício, … Arranjem-se como entenderem, mas não me digam com quem, nem com quantos, é que posso formar uma família.

quarta-feira, 11 de novembro de 2009

as tardes da júlia

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há dias recebi uma chamada de uma jornalista que preparava o programa "tardes da júlia" e precisava urgentemente de um contacto: precisava de mais um homem que tivesse tido várias mulheres ao longo da vida... e que não se conseguia "contentar" com uma só.

achei piada ao pedido e perguntei que tipo de relacionamentos precisavam de ter tido.

"os normais, claro!", resposta imediata.

"e se forem várias relações ao mesmo tempo", perguntei.

"pois, imagino que alguns tenham traído no processo!"...

"não, não era isso que eu queria..." desisti e disse que falaria com uns amigos.

falei, mas não consegui que alguém se dispusesse. junto dos meus contactos recebi uma série de simpáticas recusas. ninguém queria ir ao programa. não era, de todo, uma questão de não querer falar sobre o assunto, mas onde e com quem o teriam de fazer.

terça-feira, 10 de novembro de 2009

Tristezas não trazem dúvidas

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Há pouco tempo, um amigo meu contou-me que tinha acabado uma relação monogâmica de vários anos porque a namorada tinha começado a andar com outro e ele tinha descoberto. Confrontada, negou. A história do costume.

Hoje, no grupo Polyamory do Couchsurfing, uma couchsurfer belga sentiu necessidade de desabafar: acabou uma relação monogâmica de vários anos porque, apesar de o namorado saber que ela queria uma relação mais aberta, não suportou que ela tivesse dormido com outro e lhe tivesse contado. Nada de novo, infelizmente.

Os meus amigos situam-se quase sempre numa destas categorias em relação às minhas ideias poliamorosas:
— Admiro-te muito mas eu nunca conseguiria
— Admiro-te muito e gostava de tentar
— Tenho medo por ti, porque vais sofrer
— Gosto muito de ti mas quando é que te deixas de ideias malucas?

Os três primeiros podem estar, todos eles, a ver bem a questão (ou não, claro, mas isso aplica-se a qualquer interpretação). Quero eu dizer que os que têm medo por mim «porque vou sofrer» têm razão também.

«Vou sofrer» porque isso faz parte das relações humanas, e em especial das relações afectivas. Quase todas. Nesse sentido, os que me «admiram» talvez estejam simplesmente a dourar demasiado a pílula. Hei-de sofrer por momentos, sim: porque se vão descobrindo as pessoas lentamente e às vezes sai uma ficha que nos agrada menos; porque os ritmos dos enamoramentos não são iguais para os pares de envolvidos e muito menos para as constelações; porque não é invulgar transportar o stress de uma parte da vida para outra (incluindo as partes amorosas); porque com o aumento de à-vontade numa relação diminui-se o tempo para pensar no que se diz antes de o dizer (com todas as boas e más consequências que isso acarreta); e por tantas outras razões.

Isto é assim numa relação monogâmica ou numa relação poliamorosa. E cada um dos modos de pensar tem vantagens e desvantagens. Eu pesei os prós e os contras há mais de trinta anos. E nunca mais deixei de os pesar com novos dados que a vida tem vindo a fornecer-me. E continuo sem dúvida alguma do que quero para mim.

segunda-feira, 9 de novembro de 2009

"She's in parties": Sex parties e suas regras...

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A propósito da recente Intima Party e de discussões que provocou (o Facebook está ao rubro) lembrei-me de falar um pouco de sex parties e suas regras, do ponto de vista do consumidor habitual e exigente.

Podem argumentar: como é que sex parties (ou play parties, quando além de sexo são autorizadas práticas BDSM) podem ser on-topic num blogue sobre poly. Sim, poly não é necessariamente acerca de sexo. Mas a maior parte do que é sex-positive e que tem a ver com a expressão livre e responsável da sexualidade, não necessariamente associado a um papel num determinado "tipo" de relação, é um tema que pertence ao poly, sem sombra de dúvida.

Ora bem, o que é uma sex party, para começar? Uma sex party é um espaço onde se tentam criar as condições para que as pessoas se sintam seguras ao ponto de quererem ter ou considerarem a ideia de ter sexo, mais ou menos publicamente, conforme os gostos, com outras pessoas. Meter um grupo de pessoas numa sala e chamar a isso sex party geralmente nao chega. Por outras palavras, geralmente por inibições sociais, ou ainda, por causa dum sentimento de insegurança (muitas vezes bem realista), ninguém exprime publicamente os seus desejos sexuais que lhe passam na cabeça pelo momento. Por outras palavras ainda, é necessário criar mesmo essas condições para uma pessoa se sentir segura. Algumas dúvidas que têm de ser respondidas com algum nível de certeza são: "se eu disser não, esse não será mesmo respeitado?"; "há condições de higiene apropriadas? hmmm... este sofá tem umas manchas..."; "se eu for a esta festa, a minha privacidade vai ser respeitada?"; "o que acontece se alguém me tocar contra a minha vontade?".

Ou seja, para se organizar uma sex party, não basta alugar uma vivenda com meia dúzia de colchões e convidar a malta lá para casa. É preciso criar um espaço físico com certas condições (higiene, espaços com mais ou menos discrição, equipamento para sexo seguro, duches...) e, mais importante ainda, um espaço "cultural" em que os visitantes se sintam seguros física e emocionalmente. Sem os visitantes se sentirem seguros, não se pousa o copo da bebida quanto mais tirar roupa...

Fui buscar um conjunto de regras típico (das minhas amigas da lesbian sex mafia, mas podia ser outra coisa qualquer) para uma festa Sex+BDSM. Convido-vos a passar os olhos por ela e a pensar. Cada festa tem o seu próprio conjunto de regras, definido pela organização, mais ou menos estrito, e com que o público visitante mais ou menos se identifica. Geralmente exprime os desejos do público habitual duma determinada festa. Por exemplo há festas que limitam o consumo de álcool ou drogas, outras que não se chateiam minimamente com isso.

http://www.lesbiansexmafia.org/etiquette.html

Chamo a atenção para as regras que definem o espaço próprio de cada pessoa, em que há consentimento em cada passo, e em que tudo é implicitamente negociado sem ambiguidade. Chamo a atenção para o cuidado com a discrição. O safe sex obrigatório ou muito recomendado tem como background que há pessoas que têm dificuldade em negar sexo não seguro, e porque nenhum organizador com um pingo de sanidade quer que alguém diga que se apanhou uma maleita mais ou menos fatal ou incómoda na sua festa.

E por hoje é isto. Espero que vos seja útil e vos encoraje a organizar as vossas próprias festas. Eu tenho tido momentos muito felizes em tais festas e acho que são uma coisa muito positiva. Obrigada por lerem!

domingo, 8 de novembro de 2009

Amigos, amigos...

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Na passada quinta-feira o jornal Metro fez referência ao Poliamor no artigo "Amigos, amigos, sexo à parte".

Trata-se apenas de uma definição, seguida de referência ao site PoliamorPT. Mas parece que o tema é cada vez mais recorrente neste tipo de artigos mainstream.


sábado, 7 de novembro de 2009

A minha vida dava um post

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Aos sábados, este blog tem contado com a participação de muita gente amiga mas mesmo assim os convidados não têm chegado para as semanas.
Por isso, se alguém achar que tem uma história interessante para contar, ou uma opinião para dar, estamos à espera!


Aos Sábados este espaço está aberto a contribuições não só dos nossos convidados mas também de quem quiser escrever.

Envie o seu texto (entre 50 e 500 palavras) sobre poliamor para polyportugal@gmail.com.


Aceita-se propostas de bloggers com ou sem experiência poliamorosa.

sexta-feira, 6 de novembro de 2009

Isso foi inesperado...

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"Se fosses um rapaz monógamo, e sem ninguém, provavelmente não teria aceite." - I.

Eu ouvi isto há pouco mais de vinte e quatro horas, e fiquei parvo. Então mas não costuma ser ao contrário??

Olha, parece que desta vez foi assim. E ainda bem!

quinta-feira, 5 de novembro de 2009

Ainda sobre a falta de tempo...

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Ora cá está. A prova de que uma pessoa poly tem muito pouco tempo, é o podcast que ouvi hoje.
Cunning Minx, de quem aqui falei há três semanas, é uma rapariga tão ocupada que nem teve tempo de ir descobrir que raio de língua se fala num país chamado Portugal.
Mas a gente perdoa-lhe, e de boa vontade, porque a moça é gira, trabalha que se farta, e à pala dela temos tido visitas de leitores de todo o mundo.
Para quem não tem tempo de ouvir o podcast (como eu vos entendo!), cá vai a transcrição e tradução do que vos falo:

"E há também um novo blog, o PolyPortugal. É verdade. Estamos espalhados por todo o lado!! Há poliamor por toda a parte!
(Como quem diz... Qualquer dia ainda aparece um blog poly no Burkina Faso!! Awsome!!) Vou também disponibilizar um link sobre um post que foi escrito sobre eles... Está em espanhol, mas podem sempre utilizar aquilo do Google Translate"...

Na verdade fui eu que escrevi sobre ela, e por acaso até hablo español, só que neste caso era mesmo português. Mas quem sou eu para criticar... Só tenho é a aprender com ela, que consegue gerir tanta coisa! Ou então já arranjou o tal secretário, cujo único defeito é nunca ter provado um pastel de nata...

quarta-feira, 4 de novembro de 2009

porque sim....

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na semana passada falei aqui sobre independência emocional e a gestão (emocional) das relações.. tod@s temos as nossas dificuldades..

a este propósito, uma amiga, muito poli-céptica e firmemente monogâmica sequencial, afirmava que eu e eventualmente outras pessoas poliamorosas, tínhamos medo da ruptura. era por isso, garantia-me ela, que eu deixava que as minhas relações, em geral, não acabassem.

é claro que há relacionamentos em que a ruptura é inevitável e na minha vida já tive várias em que o único resultado possível era mesmo um corte definitivo. felizmente que foram poucas as situações que chegaram a esse ponto, sempre desagradável para tod@s @s envolvid@s. mas este facto não quer dizer que tenhamos medo da ruptura.

se calhar concordo com a minha amiga... talvez possamos mesmo dizer que não gostamos da ruptura, mas por esta representar uma perda irremediável de alguém que se ama e não por nos andarmos a esconder da realidade.

mas esta postagem levantou outra questão relacionada com a capacidade de assumirmos compromissos... outra amiga e ex-companheira de muitos anos acha que o poliamor é uma forma de podermos escolher com quem nos apetece estar a dado momento, assim evitando os "maus momentos", estando somente quando "está tudo bem"...

discordo desta tese... não acordo de manhã a pensar "hum, deixa lá ver com quem me apetece estar hoje... a aa está com o período, a bb está chateada com o marido, a cc está tpm, então vou jantar com a dd que começou um trabalho novo e deve ser boa companhia..." ... estamos com as pessoas porque as amamos, porque gostamos delas, simplesmente porque sim...

terça-feira, 3 de novembro de 2009

Família procura casa (ou «O Esquema»)

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Conversa telefónica em Setembro deste ano:

— Bom dia. Estou a ligar por causa dum apartamento T7, referência […].
— Bom dia. Estou aqui a ver. O apartamento tem as seguintes características: oito assoalhadas, blá-blá-blá e cozinha com 15 m². É uma família?

Hesitação por uma fracção de segundo. Será que legalmente uma família intencional é uma família? Será que o termo “família” é uma figura jurídica?

— Sim, somos uma família.


Nada a fazer, o tom é detectado.

— Uma família, pai, mãe e filhos?
— Porque é que quer saber?
— Porque a proprietária só quer famílias. Teve uma má experiência com estudantes…
— Não somos estudantes.
— Mas são um grupo de pessoas? Primos?
— Somos uma família. Três homens, três mulheres.

Pausa mínima.

— Três casais?
— Não, três homens e três mulheres.

Pausa de constrangimento? Estranheza?

— Pois, mas é que a proprietária quer mesmo uma família… hã… tradicional. Da última vez, deixaram-lhe a casa em muito mau estado, eu própria vi.
— Deixe-me tentar adivinhar. A proprietária quer, naturalmente, que lhe cuidem bem da casa. Talvez seja relevante saber que nós não somos adolescentes, somos todos adultos, profissionais — já um pouco impaciente —, lavadinhos…
— Bem, vou falar com a proprietária e logo digo alguma coisa na segunda-feira.

… … … … …

Escusado será dizer que a vendedora nunca mais disse nada.

Alterámos a abordagem. Passámos a ser mais pão, pão, queijo, queijo. Nada que impedisse um outro proprietário de nos dizer, assim que soube a quantidade de adultos que éramos:


— Não me agrada nada este esquema…

… … … … …

Mudámo-nos anteontem. E está-me a agradar imenso este esquema.

segunda-feira, 2 de novembro de 2009

Ser e fazer

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Uma discussão recorrente nos meios poly ou LGBT (ou em qualquer outro em que esteja em jogo uma ou várias identidades e os membros tenham um modo de vida não normativo), é a questão de se é porque se é e pronto, ou se é porque se faz.

É homem quem nasceu com corpo de homem, ou que se afirma sentir-se como homem? Tem de tomar hormonas ou amputar o peito? Sim? Não? Who cares?
É lésbica a mulher celibatária que o afirma ser ou apenas a que na prática o demonstra visivelmente e omnivoramente?

Costuma haver então o tema recorrente da autodefinição, ou da definição pela prática. Ambas as correntes costumam gerar argumentos muito fortes e, em meios activistas, por diversas razães que hoje vou deixar de fora, há geralmente uma tendência para se levar bastante a sério a autodefinição.

De acordo com a postura de que se deve levar as pessoas a sério pela identidade por elas escolhidas (postura essa que por acaso também é a minha), é poly sim senhor quem diz ter dentro de si o potencial para viver em não-monogamia responsável, mesmo que não o ponha em prática. De momento ou sempre.

O ponto a que quero chegar, e que seria quase risível se não fosse bastante chato, é o caso da pessoa que viveu ou tentou viver poly, chateou toda a gente à volta com explicações, come outs, debateu-se com familiares, zangou-se com o patrão... e depois, quando acontece nunca ter conseguido pôr em prática a sua utopia poly ou por acaso há uma ou várias separações na família, não só toda a gente lhe diz "eu bem te disse" mas de repente uma pessoa passa pela "vergonha" de as pessoas nos enfiarem na categoria dos monogâmicos só porque o parecemos :-P

Bem, isto não é um problema, se pensarmos que um problema é não comer ou perder uma perna. Ou perder a tal relação longa mas que não foi longa o suficiente ou que acabou de modo doloroso. Mas é um tema recorrente nos grupos de ajuda poly, pois uma pessoa perde com isso um "sintoma" da sua identidade, e volta a "confundir-se" com aquilo para onde não quer voltar.

Por hoje é tudo.

domingo, 1 de novembro de 2009

Slogans

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Alguns slogans internacionais:

«Um coração, muitos amores»
— jogo de palavras sobre a expressão coloquial
One heart, many lives («Um coração, muitas vidas») —

«Partilha o amor»

«Amor partilhado é amor multiplicado»

«O amor multiplica-se»

«O amor é infinito»

«Plural não possessivo»
— jogo de palavras sobre a confusão que muitos falantes de inglês fazem entre o s final das palavras para denotar o plural e o 's ("clítico possessivo" ou "genitivo saxónico"), que denota possessão

«Adoro a minha esposiaria»
— jogo de palavras sobre um plural fictício de spouse («esposo»),
que seria a mesma palavra que significa «especiaria» —