quinta-feira, 9 de setembro de 2010

Na corda bamba

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Aproveitei uma viagem a Espanha para comprar o livro do tal filme de que falei há umas semanas. Como seria de esperar, há lá muitas coisas explicadas que tinham ficado por dizer. Continuo a achar que a atmosfera geral de desgraça é excessiva, apesar de ser uma história triste. O que fica claro é que aquela relação só funcionava a três, e sem um deles estava condenada. Mas antes disso houve doses massivas de alegria e felicidade. Curiosamente, a principal razão para a separação tem mais a ver com a arte, do que com o sexo ou o
amor. Deste último ninguém tem dúvidas:

"Amava-os como não voltei a amar ninguém em toda a vida. Eles amavam-me assim, eu sabia-o, e no entanto tínhamos os dias contados. Numa altura ou noutra, a corda bamba onde ensaiávamos piruetas mais difíceis ainda se esticava de repente, e um de nós perdia o equilíbrio. Então caíamos os três no chão, e magoávamo-nos, e cada vez nos custava mais recompor os ossos partidos."


De todas as citações possíveis, com as quais me identifiquei, escolhi esta, por conter uma imagem tão parecida com uma que já tinha escrito por aqui ("Também de dor se faz o poliamor"). Esta Almudena Grandes, ou sabe do que fala e o livro é autobiográfico, ou podia muito bem ser leitora deste blog!



Castillos de Cartón, de Almudena Grandes, Tusquets Editores, 2004
(Citação na página 135)

Edição em Português: Castelos de Cartão

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