sexta-feira, 29 de abril de 2011

Casar ou não casar

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Tendo em conta que hoje ninguém se cala com o raio do casamento "real", vamos então falar de casamento...

«As mulheres e os homens não se deviam casar, porque o amor é como as estações - vai e vem.»
- Yang Erche Namu
Agora vocês estão a perguntar-se quem diabos é Yang Erche Namu ou, até, se Yang Erche Namu é do sexo masculino, feminino, ou outra coisa qualquer... Será um/@ filósofx?

Pois, lamento desapontar, mas não. Yang Erche Namu é uma mulher da tribo Mosuo. Quem seguir o link verá que os seus conceitos de relações são bastante diferentes. Nesta tribo, os homens são convidados pelas mulheres a passar uns momentos (ou umas noites, mas normalmente sem ficarem lá a dormir) com elas. Eles não têm uma palavra para casamento, usam a expressão sese, que pode ser traduzida por "andar" ou "em andamento"; também não têm palavra para "marido" ou "esposa" - usam azhu, que significa "amigx".

Isto não quer dizer que eles têm um arranjo social melhor ou pior do que o nosso. Quer apenas dizer que, sim, existem diferentes formas de viver. Existem sociedades matriarcais, existem sociedades onde o amor não se vive da mesma forma, existem sociedades onde as relações não têm os elementos de pompa e circunstância a que aqui nos habituamos e que transformamos em verdadeiro fetish. Uma coisa é certa: no meio de toda esta exuberância ridícula e desprezível, sem dúvida que a ligeireza e simplicidade dos Mosuo se torna ainda mais interessante para mim.



De onde tirei eu isto tudo? Do fantástico Sex at Dawn, que aconselho toda a gente a ler. Se acharam que o Mito da Monogamia era bom, este consegue ser bem melhor ainda.

domingo, 24 de abril de 2011

PolyPortugal no Arraial 25 de Abril

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Começa amanhã o Festival dos Cravos de Abril, organizado pela Associação Abril. Ao longo de toda a semana haverá conferências, debates, filmes e actividades para crianças. 
Nas noites de sexta e sábado, 29 e 30 de Abril, terá lugar o Arraial 25 de Abril, no Jardim de São Pedro de Alcântara, com a participação de várias associações, entre as quais o PolyPortugal.
Apareçam por lá!

Arraial do 25 de Abril
29 e 30 de Abril
Jardim de S.Pedro de Alcântara
HorárioSexta:19h-01h, Sábado:15h-01h
Metro: Baixa-Chiado (linhas azul e verde)
Autocarros Carris: 1, 202, 758, 790
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sexta-feira, 22 de abril de 2011

Sentimentos e controlo

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Ainda no rescaldo do debate aberto sobre poliamor de há umas semanas...

Uma das ideias que para lá se atirou, vinda de quem estava a assistir, é que o poliamor tem que ver com, fundamentalmente, libertarmos os nossos sentimentos. Logo na altura em que ouvi isto, levantaram-se-me os bichos carpinteiros para dizer alguma coisa em resposta mas, na falta de oportunidade, digo-o aqui que acaba por dar no mesmo.

Antes de mais: discordo. E discordo porque a frase, tal como está enunciada, é demasiado generalista e aponta para o lado docinho e feliz do poliamor, esquecendo convenientemente que nem só as coisas fofinhas e queridas fazem parte dos nossos sentimentos. Em segundo lugar, discordo porque, mais uma vez, este tipo de argumentação dá a ideia - convenhamos, não sei se era ou não o que a pessoa queria realmente dizer, e daí eu afirmar apenas que dá a ideia e não que implica tal coisa - que existem, lá no fundo sentimentos verdadeiros à espera de ser libertados, sentimentos cuja realidade é epistemologicamente una e inquestionável, essencial.

terça-feira, 12 de abril de 2011

Sexo fácil

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«Muita gente mete-se no poliamor […] porque é uma forma de obter sexo fácil» — alvitrou às tantas uma das mais de 40 pessoas na plateia durante o debate aberto sobre poliamor de que demos conta aqui. E eu não podia deixar de responder. Porque, de facto, a abundância sexual tão exaltada no Ethical Slut quase só existe para quem já teria facilidade em obtê-la, com ou sem poliamor.

No diagrama que então desenhei no quadro, e que aqui reproduzo, cada um dos cinco nós “A” a “E” representa uma pessoa e as ligações representam as relações sexuais que existem.

Numa relação entre duas pessoas, não é frequente que ambas tenham exatamente a mesma libido. Chamo aqui libido (roubando o conceito à psicanálise e simplificando) à frequência com que apetece sexo a uma pessoa. No diagrama, a libido de cada um é expressa pelo diâmetro do respetivo círculo.

Quando existe apenas o par A+B (ou esse par é monogâmico), em que A tem menos libido do que B, a solução passa normalmente por terem sexo com a frequência menor. B tem de se conformar, assim, com menos sexo do que gostaria de ter.

segunda-feira, 11 de abril de 2011

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Exibicao do documentário "Vacations in Slutglen".

15.04.2011 (15h) Lisboa.
Sala de Video da Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa.
Org: Letras fora do Armário.





“unnatural women need rest and to spend time with other sluts, away from the heteronormativity, exchanging experiences, discussing utopias or developing a new relationship culture.”

Passagem do documentário sobre um acampamento de verão na Alemanha para feministas poliamorosas.

Vamos poder contar com a presença de um dos realizadores!

Infelizmente por faltar a confirmação da autorização da direcção da faculdade o evento pode vir a ser adiado. Se assim for o evento será actualizado nesse sentido.

Duração do filme: cerca de 20 min

domingo, 10 de abril de 2011

Debate sobre Poliamor na FLUL

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Aqui ficam as intervenções principais dos convidados para o debate sobre poliamor da semana passada:


Espero que gostem! E toca de promover discussão!

sexta-feira, 8 de abril de 2011

Um debate múltiplo

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Nesta passada quarta-feira teve lugar o anunciado debate sobre poliamor, na Faculdade de Letras. Isto depois de algumas pessoas se terem azafamado a arrancar os ditos cujos cartazes do debate das paredes da faculdade - uma demonstração clara do espírito académico de progressão intelectual e inovaçã........ ah, pois, não... nem por isso, não é?

Foram duas horas de intensa conversa sobre esta coisa do poliamor, que foi discutido de um ponto de vista pessoal, académico, religioso, sexual, etc etc etc.

sábado, 2 de abril de 2011

Reequilíbrio

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Em termos de poliamor, de amor e intimidade, ou relações no geral, não sei o que é melhor ou pior, normal ou anormal, e isso cada vez me interessa menos. Por outro lado, saber o que é autêntico e me faz sentir viva, interessa-me cada vez mais.
É difícil escrever sobre a minha identidade afectiva. Quero, mas bloqueio. Há demasiada emoção e as palavras não conseguem corresponder. Tenho medo de ser mal compreendida, mal interpretada. Aprendi pela experiência que isso é possível, até provável, e sobretudo doloroso.

sexta-feira, 1 de abril de 2011

Preparação para um debate

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Pronto, está bem, eu confesso: tenho andado super-ocupado, e não estive propriamente com tempo para me preparar para o debate aberto da próxima quarta-feira. Mas também não me sinto com grandes necessidades de preparação, tendo em conta o tempo substancial que já passo a falar disto. :-)

Bem, seja como for, previsões de alguns elementos que deverão constar por lá:
  • poliamor é uma desculpa para fazer sexo de forma desenfreada
  • ... (e que só favorece os homens porque só os homens é que gostam realmente de fazer sexo)
  • poliamor tem que ver com a incapacidade de compromisso
  • ah, mas se é com mais de uma pessoa, não é bem amor
E, a minha favorita:
  • isso até tem piada, mas não é para mim (dito sem qualquer experiência prévia da questão).
Bem, agora vamos lá ver em quantas acerto e quantas falho. Porque isto de consultar a bola de cristal é tão válido para debates sobre poliamor como para o poliamor em si...