Ultimamente tenho andado a ler coisas sobre ciúme, a pretexto de preparar uma workshop sobre o tema, para a qual me convidaram já mais de uma vez. Recusei sempre, com o argumento de que sou a pessoa no mundo que menos sabe sobre o assunto. Mas ao pensar em alternativas, acabo sempre por bater com a cabeça no mesmo muro e apercebo-me de que o ciúme está de facto, para a maior parte das pessoas, no top of the tops dos entraves ao poliamor. Que é incontornável e mais vale começar por aí se pretendemos algum dia tirá-lo do caminho.
Resolvi partilhar convosco o meu trabalho de casa, que passou pela leitura na diagonal de alguns textos, e pela leitura integral de mais um texto sublime do Franklin Veaux (o tal autor das melhores FAQs sobre poliamor). O texto Jealousy Management for Love and Profit, or how to fix a broken refrigerator é coisa para encher seis páginas com letra muito pequenina, pelo que vos deixo aqui, em entregas semanais, uns resumos à laia de Europa-América. Mastigados e comentados por mim, para vosso uso e reflexão.
Uma das primeiras ideias do texto, em jeito de disclaimer, é sobre o medo:
O medo é importante, útil e nem todos os medos são irracionais ou infundados.
Ter medo de animais venenosos, de cair ou de morrer afogado, mantém-nos vivos e deriva do nosso instinto protector.
Um medo irracional faz-nos alterar a nossa vida e as dos que nos rodeiam, transformando-se muitas vezes na própria origem da situação de que se tem medo.
Sobre a relação entre o medo e o ciúme:
O ciúme é um sentimento composto, baseado noutras emoções. É o resultado final de uma cadeia de reacções: Alguma coisa acontece ⇒ Sentimento de ameaça/desconforto ⇒ Medo/insegurança ⇒ Ciúme. Por ser o produto de uma associação encadeada de sentimentos, nem sempre é fácil descobrir ou compreender a sua verdadeira raiz.
Quando se está no meio de um turbilhão de emoções negativas, a única coisa em que se pensa é em fazer com que a dor pare.
Confunde-se muitas vezes duas coisas diferentes: a causa e o catalisador. A causa é a origem profunda dos sentimentos (medo, insegurança) que se manifestam no ciúme, mas estão dentro de cada um de nós e não são responsabilidade do outro. O catalisador é o evento mais próximo à manifestação do ciúme. O rastilho que desencadeia a resposta condicionada.
A maior parte das vezes, a emoção evocada prende-se com o medo da perda ou de ser substituído. Se esta emoção estiver identificada, e todas as etapas do processo estiverem melhor compreendidas, será mais fácil falar com a(s) pessoa(s) em causa, e perguntar directamente se a intenção é haver uma troca. Pode não ser.
Crescemos a acreditar que amar uma pessoa implica substituir a anterior. Mas essa não é uma necessidade absoluta e incontornável. Cabe-nos a nós decidir se o essencial é amar e sermos amados, ou deter, por tempo indeterminado, a camisola amarela da exclusividade.
Resolvi partilhar convosco o meu trabalho de casa, que passou pela leitura na diagonal de alguns textos, e pela leitura integral de mais um texto sublime do Franklin Veaux (o tal autor das melhores FAQs sobre poliamor). O texto Jealousy Management for Love and Profit, or how to fix a broken refrigerator é coisa para encher seis páginas com letra muito pequenina, pelo que vos deixo aqui, em entregas semanais, uns resumos à laia de Europa-América. Mastigados e comentados por mim, para vosso uso e reflexão.
Uma das primeiras ideias do texto, em jeito de disclaimer, é sobre o medo:
Sobre a relação entre o medo e o ciúme:
Este post continua aqui:
Sobre o ciúme (2) - O frigorífico avariado // Sobre o ciúme (3) - A minha torradeira
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