Escrevo este post com uma semana de atraso, e espero não voltar a repetir a gracinha. Têm acontecido muitas coisas, todas boas, mas realmente o tempo não dá para tudo, e ultimamente os dias têm passado com uma velocidade alucinante.
Entre tudo o que poderia comentar, escolho um artigo com que me cruzei numa altura bastante conveniente. É grande e requer uma leitura cuidadosa, com o tempo que agora não tenho. Mas só o tema e uma leitura na diagonal me suscitam de imediato algumas ideias.
Entre tudo o que poderia comentar, escolho um artigo com que me cruzei numa altura bastante conveniente. É grande e requer uma leitura cuidadosa, com o tempo que agora não tenho. Mas só o tema e uma leitura na diagonal me suscitam de imediato algumas ideias.
O conceito de self-care, que se aplica a toda a gente que tenha mais de uma actividade na vida (trabalho, família, amigos, amores, hobbies, etc.), faz ainda mais sentido quando se trata de gerir uma vida poly. Como diz Meg Barker, a dificuldade está em adaptarmo-nos a novas realidades trazidas por novas relações, em alturas em que temos tão pouco tempo para nós, precisamente devido ao tempo que essas relações nos ocupam.
A ideia é levarmos em conta a nossa relação com nós próprios. Considerá-la, se não como a nossa principal relação, pelo menos como mais uma, com as mesmas necessidades de tempo e dedicação que qualquer outra. Pensarão alguns que uma pessoa poly é alguém que tem muito amor para dar, e capacidade para o receber em igual proporção. Mas capacidade não implica necessidade. E imersos na cultura reinante de que estar sozinho é estar infeliz ou ser incapaz, acabamos por não conseguir explicar a alguém porque é que preterimos um jantar estimulante, seguido de noite escaldante, em favor de um serão em casa, com rolos na cabeça e esponjas entre os dedos dos pés.
Pessoalmente tenho tendência para me esquecer de (quase) tudo o resto quando começo uma nova relação. Deixa de haver tempo para ir ao ginásio, para ler, família e amigos começam a interrogar-se se terei sido atropelada. E dizer “não” começa a ser cada vez mais difícil, gerir todos os horários e sobreposições torna-se um quebra-cabeças, até ao ponto em que só me apetece desaparecer do mapa e não fazer absolutamente nada com absolutamente ninguém.
Fico cansada, durmo pouco, como mal e, basicamente, torno-me uma chata insuportável, susceptível a pequenos conflitos que requerem ainda mais tempo para serem sanados, e mais investimento nas relações para não sofrerem com isso.
Passei os últimos anos a tentar desenvolver esta capacidade de dizer “não” sem culpa, a esquivar-me à chantagem emocional, e a tentar ser clara quanto aos meus desejos. Mas a verdade é que a maior parte das vezes não digo que “não”, porque quero mesmo dizer “sim”. Quero estar com essa pessoa, e com a que me liga a seguir, e com a que já tinha ligado a semana passada, e ao mesmo tempo quero estar no ginásio, e quero ler, e quero dormir, não fazer nada, trabalhar e ir ao cinema.
Resumindo: Está aberta uma vaga para secretári@. Paga-se em tempo e dedicação a quem me conseguir encaixar isto tudo em 24 horas.
A ideia é levarmos em conta a nossa relação com nós próprios. Considerá-la, se não como a nossa principal relação, pelo menos como mais uma, com as mesmas necessidades de tempo e dedicação que qualquer outra. Pensarão alguns que uma pessoa poly é alguém que tem muito amor para dar, e capacidade para o receber em igual proporção. Mas capacidade não implica necessidade. E imersos na cultura reinante de que estar sozinho é estar infeliz ou ser incapaz, acabamos por não conseguir explicar a alguém porque é que preterimos um jantar estimulante, seguido de noite escaldante, em favor de um serão em casa, com rolos na cabeça e esponjas entre os dedos dos pés.
Pessoalmente tenho tendência para me esquecer de (quase) tudo o resto quando começo uma nova relação. Deixa de haver tempo para ir ao ginásio, para ler, família e amigos começam a interrogar-se se terei sido atropelada. E dizer “não” começa a ser cada vez mais difícil, gerir todos os horários e sobreposições torna-se um quebra-cabeças, até ao ponto em que só me apetece desaparecer do mapa e não fazer absolutamente nada com absolutamente ninguém.
Fico cansada, durmo pouco, como mal e, basicamente, torno-me uma chata insuportável, susceptível a pequenos conflitos que requerem ainda mais tempo para serem sanados, e mais investimento nas relações para não sofrerem com isso.
Passei os últimos anos a tentar desenvolver esta capacidade de dizer “não” sem culpa, a esquivar-me à chantagem emocional, e a tentar ser clara quanto aos meus desejos. Mas a verdade é que a maior parte das vezes não digo que “não”, porque quero mesmo dizer “sim”. Quero estar com essa pessoa, e com a que me liga a seguir, e com a que já tinha ligado a semana passada, e ao mesmo tempo quero estar no ginásio, e quero ler, e quero dormir, não fazer nada, trabalhar e ir ao cinema.
Resumindo: Está aberta uma vaga para secretári@. Paga-se em tempo e dedicação a quem me conseguir encaixar isto tudo em 24 horas.
1 comentário:
Uma pessoa sem tempo para se dedicar aos outros tanto quanto queria contrata outra pessoa para lhe gerir o tempo e paga a essa outra pessoa em tempo e dedicação? Estranho negócio. De qualquer forma, estou desempregado, por isso: onde são as candidaturas? (Por acaso desconfio que a minha não aceitas tu…)
Obrigado por dares a conhecer o texto da Meg Barker, e parabéns pelo teu texto, Lara (que, ainda por cima, foi escrito sem tempo nenhum — sei eu bem, que tenho inside information)! Gostei muito!
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