É homem quem nasceu com corpo de homem, ou que se afirma sentir-se como homem? Tem de tomar hormonas ou amputar o peito? Sim? Não? Who cares?
É lésbica a mulher celibatária que o afirma ser ou apenas a que na prática o demonstra visivelmente e omnivoramente?
Costuma haver então o tema recorrente da autodefinição, ou da definição pela prática. Ambas as correntes costumam gerar argumentos muito fortes e, em meios activistas, por diversas razães que hoje vou deixar de fora, há geralmente uma tendência para se levar bastante a sério a autodefinição.
De acordo com a postura de que se deve levar as pessoas a sério pela identidade por elas escolhidas (postura essa que por acaso também é a minha), é poly sim senhor quem diz ter dentro de si o potencial para viver em não-monogamia responsável, mesmo que não o ponha em prática. De momento ou sempre.
O ponto a que quero chegar, e que seria quase risível se não fosse bastante chato, é o caso da pessoa que viveu ou tentou viver poly, chateou toda a gente à volta com explicações, come outs, debateu-se com familiares, zangou-se com o patrão... e depois, quando acontece nunca ter conseguido pôr em prática a sua utopia poly ou por acaso há uma ou várias separações na família, não só toda a gente lhe diz "eu bem te disse" mas de repente uma pessoa passa pela "vergonha" de as pessoas nos enfiarem na categoria dos monogâmicos só porque o parecemos :-P
Bem, isto não é um problema, se pensarmos que um problema é não comer ou perder uma perna. Ou perder a tal relação longa mas que não foi longa o suficiente ou que acabou de modo doloroso. Mas é um tema recorrente nos grupos de ajuda poly, pois uma pessoa perde com isso um "sintoma" da sua identidade, e volta a "confundir-se" com aquilo para onde não quer voltar.
Por hoje é tudo.
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