A semana passada deixei, a modo de cliff-hanger, a referência a um elemento que faltava criticar no que toca à normatividade das relações consideradas "normais" (passe-se a redundância, vá lá). É uma das coisas que o texto da outra semana menciona: a ingerência de Estado nas relações.
Já vem de muito longe a preocupação estatal com a procriação. Para um país que precisa de se industrializar, que precisa de mão-de-obra à moda proletária, os filhos são uma preocupação fundamental. Porque é que vemos tanta preocupação com as medidas natalistas actualmente, e que já tem tradição? Porque o Estado precisa - ou assim se crê - de regular a sua própria solvência futura, assegurando a disponibilidade de uma matéria-prima fundamental: pessoas. Este movimento político funciona como retórica de legitimação para que uma instituição penetre o corpo dos seus cidadãos - transforma-se numa biopolítica. Claro que parte deste