Inspirado pelo post de há uns tempos atrás, queria partilhar com vocês o excerto de uma análise que fiz, no que toca à cobertura noticiosa do poliamor em Portugal. Falo aqui sobre o artigo da Maria:
Mais pequeno que todos os outros, coloca-se numa secção chamada “Emoções”. O título “Já ouviu falar de poliamor?” apela aos conhecimentos da leitora, e os pequenos textos que o encabeçam demonstram aquilo que é, na verdade, uma grande capacidade de derrubar a barreira entre Eu e Outro, apelando directamente à pessoa que lê: “Leia este artigo e pense numa alternativa”, admitindo a priori e retoricamente que uma situação em que se gosta “de mais do que uma pessoa ao mesmo tempo” já terá sucedido.
Um excerto de uma legenda oferece algum conforto a quem já tiver estado nessa situação: “Não é a única!” O parágrafo de abertura faz um contraste marcado entre sonho e concretização, mas num estranho passe de lucidez face ao artigo anterior, coloca o sonho do lado do “grande amor” e a concretização do lado de quem o consegue com “mais do que um e ao mesmo tempo!”. Os títulos das secções e das caixas de texto vacilam entre o informativo e o invectivo: “Cartas em cima da mesa!”, “Confusa, mas confortável!”, bem como “Novos conceitos” e “Sexo não é a prioridade”. O uso de aspas no léxico da raiz de poliamor também é usado, duas vezes, mas isso não representa um uso sistemático.
O discurso especialista “dos sociólogos” nunca chega a ser pessoalizado em alguma voz concreta, e serve para a contextualização histórica e para a análise de algumas combinatórias possíveis. Embora em menor número, algumas das referências parecem ainda apontar para a existência de um “casal”, cujas relações se desmultiplicam eventualmente, mas que permanece como foco de base.
Ainda assim, uma das partes finais do artigo aponta para o elemento da reciprocidade (“seja possível aceitar que o outro conheça outras pessoas e tenha outras relações”) como fundamental.
Este é também o artigo onde é possível encontrar uma referência (a única, pelo que se observou) à homossexualidade masculina como estando dentro do campo de possibilidades – todos os outros artigos tinham referências exclusivas a relações que envolviam ou podiam envolver comportamentos sexuais entre mulheres, ou contactos puramente heterossexuais.
Um excerto de uma legenda oferece algum conforto a quem já tiver estado nessa situação: “Não é a única!” O parágrafo de abertura faz um contraste marcado entre sonho e concretização, mas num estranho passe de lucidez face ao artigo anterior, coloca o sonho do lado do “grande amor” e a concretização do lado de quem o consegue com “mais do que um e ao mesmo tempo!”. Os títulos das secções e das caixas de texto vacilam entre o informativo e o invectivo: “Cartas em cima da mesa!”, “Confusa, mas confortável!”, bem como “Novos conceitos” e “Sexo não é a prioridade”. O uso de aspas no léxico da raiz de poliamor também é usado, duas vezes, mas isso não representa um uso sistemático.
O discurso especialista “dos sociólogos” nunca chega a ser pessoalizado em alguma voz concreta, e serve para a contextualização histórica e para a análise de algumas combinatórias possíveis. Embora em menor número, algumas das referências parecem ainda apontar para a existência de um “casal”, cujas relações se desmultiplicam eventualmente, mas que permanece como foco de base.
Ainda assim, uma das partes finais do artigo aponta para o elemento da reciprocidade (“seja possível aceitar que o outro conheça outras pessoas e tenha outras relações”) como fundamental.
Este é também o artigo onde é possível encontrar uma referência (a única, pelo que se observou) à homossexualidade masculina como estando dentro do campo de possibilidades – todos os outros artigos tinham referências exclusivas a relações que envolviam ou podiam envolver comportamentos sexuais entre mulheres, ou contactos puramente heterossexuais.
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