terça-feira, 23 de fevereiro de 2010

O medo do singular

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Esta semana estreou-se em Portugal o filme Um homem singular ¹. Um dos momentos mais conseguidos do filme é a aula sobre o medo, que não tem correspondente no livro que deu origem ao filme, de resto.

Transcrevo aqui uma parte desse excelente discurso do protagonista:

GEORGE
There are all sorts of minorities, blondes for example… But a minority is only thought of as one when it constitutes some kind of threat to the majority. A real threat or an imagined one. And therein lies the FEAR. And, if the minority is somehow invisible... the fear is even greater. And this FEAR is the reason the minority is persecuted.
E continua assim (o actor é o britânico Colin Firth e foi nomeado para um Oscar por este filme):


Ontem almocei com uma pessoa que já não via há muito. Trocámos histórias, entre elas a de que estou numa relação poly e também a viver numa família intencional. Lá tive de lhe explicar o que é o poliamor e responder às perguntas habituais. E, como de costume, aliás, a reacção não foi negativa: não senti que o poliamor inspirasse nenhum medo. Além disso, a resposta desta minha amiga à minha conversa sobre poly incluiu qualquer coisa como «andei eu a vida toda confusa com os meus relacionamentos e os meus desejos quando afinal, se eu soubesse que havia pessoas a pensar assim, talvez me sentisse identificada e conseguisse ter paz comigo própria.»

Não foi a primeira vez que ouvi este tipo de resposta. Conheço razoavelmente esta pessoa, o suficiente para me parecer também que realmente ouvir falar de poliamor lhe teria feito bem.

O medo que ela tinha, afinal, era medo dela própria. E estou convencido que haverá muito boa gente por esse país fora que só não é poliamorosa na prática porque nem sequer sabe que há mais pessoas assim.

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(¹) A Single Man, do estilista e agora realizador Tom Ford, com argumento do também estreante David Scearce sobre o livro homónimo de Christopher Isherwood (traduzido por Maria Filomena Duarte para a Labirinto com o título Um homem no singular). O filme está em exibição em cinco salas da Grande Lisboa e duas do Porto.

1 comentário:

António Lopes disse...

Spread the word, baby :-D

Já agora, obrigado pela dica. Vou ver o filme :-)