sábado, 15 de agosto de 2009

Fingir sentimentos para sobreviver?

Publicado por 
(continuação do post da semana passada)
Afinal aquela historinha, tão ligeira para mim, tinha sido um drama. Ele gostava de mim (não o mostrou para se proteger) e eu magoei-o muito. Ele começou a namorar com a ex do meu "namorado" para se vingar dele (ãh?!?!?!?!) E eu estava mesmo muito apaixonada (só eu é que não sabia) pelo macho, e até queria casar e ter filhos (mas eu não quero ter filhos e sou contra o casamento!)!!!
(what the f***!?!?!?!?!)

Pronto. Dei por mim a pedir desculpas e a explicar que não, não tinha estado assim apaixonada e que aquilo não tinha sido importante. Percebi que um conto foi aumentado para novela e que precisávamos conversar tête-à-tête, mesmo não me agradando a ideia de a companheira dele não poder saber.
E de repente

— Eles já estão outra vez separados. Vais voltar para ele?
— Não!!!!!!!!!
(que parte do eu não estava apaixonada é difícil de perceber?!)

Há anos, ele não me mostrou que gostava de mim, para se proteger. Hoje não gosta da companheira com quem vive. Está arrependido de não ter lutado por mim. Eu magoei-o, mas ainda gosta de mim. Quer-se encontrar comigo às escondidas.

A companheira dele faz-se de porreira em público e finge gostar de mim. Por uma questão de sobrevivência.

Os outros dois, que até já estão outra vez separados… bom, pelo menos um mentia quando ambos diziam não gostar um do outro ou quando se desdisseram ou quando disseram que gostavam de nós, e até mentem quando falam de mim.

"E o pirata sou eu!"
Nunca disse estar apaixonada, porque não estava. Não assumi compromissos que não queria ter. Pensava que tinha sido sempre bem explícita e transparente. Estava de consciência tranquila.
Mas sou a má da fita. Magoei quem gostava de mim. Menti. E continuo a mentir quando digo que não estava apaixonada, para não assumir a minha dor.

Pode ser de estar sem os óculos, mas para mim esta história só existe porque esta sociedade nos impinge uma monogamia hipócrita e uma fidelidade teórica. Abusa-se do pronome possessivo até quando se fala de pessoas. És um coitadinho se não tens namorado ou se "ficas para tia", tens de "cuidar do teu território" para não perder "a tua presa", tens de te proteger, de ser astuto…
Muito do que chamei mentira pode ter sido inconsciente, porque é assim que toda a gente faz.
Mas não era mais fácil eles não terem mentido? Para todos?
Por que razão é tão difícil pararmos, olharmos bem para nós, e tentarmos perceber o que queremos, em vez do que a sociedade diz que é bom para nós? Por que raio é tão difícil sair das relações que já não nos fazem felizes?
Por que temos de esconder o amor?
Ou as lágrimas?

2 comentários:

Shakil disse...

não transformem isto num relato de diários pessoais

carpe vitam! disse...

acho que tem tudo a ver com hábitos e comodismo. por norma, as pessoas preferem acomodar-se a mudar.

eu gosto de ler os relatos pessoais, tento aprender alguma coisa com isso e agradeço a partilha.