Manuel Damas é sexólogo (de uma faculdade de medicina, um caso acabado da scientia sexualis de que fala Michel Foucault) e, como se pode ver na sua página do Facebook, acusa os Portugueses de serem "analfabetos sexuais... e emocionais". É também o director do CASA - Centro Avançado de Sexualidades e Afectos. Este centro surge "com o intuito de denunciar todas as formas de discriminação e, acima de tudo, de lutar pela Universalidade do Direito à Felicidade", constando da sua Carta de Intenções "combater todos os actos discriminatórios".
E Manuel Damas também participa num programa de televisão do Porto Canal, chamado 'Sexualidades, Afectos e Máscaras'.
Ora, há coisa de semana e tal, a parte das "Máscaras" devia estar em alta.
Isto porque, quando inquirido sobre este termo - tão estranho! - chamado "poliamor", a única coisa que Manuel Damas tinha para dizer era que o poliamor é uma forma de promiscuidade. E pronto. Está explicada a questão. Não uma forma diferente de amor (ou não outra maneira de viver o amor), mas simplesmente uma iteração de comportamento promíscuo (e com toda a conotação negativa que isso comporta, já aqui comentada largamente).
O que podemos ler daqui?
Bem, creio que, em primeiro lugar, se pode evidenciar uma clara falta de seriedade científica e profissional de Manuel Damas, em face da pressão mediática de dizer alguma coisa, só para não ficar sem dizer nada. Será que Manuel Damas se debruçou sobre o tema do poliamor, de forma académica, alguma vez? Será que Manuel Damas explorou o assunto, conversou com especialistas no campo, ou sequer conhece alguma/algum?
Em segundo lugar, e que se relaciona com o que está acima, confundir poli-queca com poliamor é ignorar as suas origens, a sua componente moral, ou as várias formas de poliamor que excluem explicitamente a componente promíscua.
Em terceiro lugar, fazer um comentário como o acima é, precisamente um acto discriminatório e de violência identitária. É-o de três maneiras diferentes:
E Manuel Damas também participa num programa de televisão do Porto Canal, chamado 'Sexualidades, Afectos e Máscaras'.
Ora, há coisa de semana e tal, a parte das "Máscaras" devia estar em alta.
Isto porque, quando inquirido sobre este termo - tão estranho! - chamado "poliamor", a única coisa que Manuel Damas tinha para dizer era que o poliamor é uma forma de promiscuidade. E pronto. Está explicada a questão. Não uma forma diferente de amor (ou não outra maneira de viver o amor), mas simplesmente uma iteração de comportamento promíscuo (e com toda a conotação negativa que isso comporta, já aqui comentada largamente).
O que podemos ler daqui?
Bem, creio que, em primeiro lugar, se pode evidenciar uma clara falta de seriedade científica e profissional de Manuel Damas, em face da pressão mediática de dizer alguma coisa, só para não ficar sem dizer nada. Será que Manuel Damas se debruçou sobre o tema do poliamor, de forma académica, alguma vez? Será que Manuel Damas explorou o assunto, conversou com especialistas no campo, ou sequer conhece alguma/algum?
Em segundo lugar, e que se relaciona com o que está acima, confundir poli-queca com poliamor é ignorar as suas origens, a sua componente moral, ou as várias formas de poliamor que excluem explicitamente a componente promíscua.
Em terceiro lugar, fazer um comentário como o acima é, precisamente um acto discriminatório e de violência identitária. É-o de três maneiras diferentes:
- Não entende e recusa uma leitura de um determinado fenómeno social e comportamental senão à luz de um determinado paradigma moral vigente.
- (Sub-)entende a promiscuidade como um comportamento inferiormente categorizado dentro desse paradigma moral, que é hierarquicamente organizado, negando-lhe qualquer profundidade psicológica ou emocional. Como dizia a Gayle Rubin, "todos os actos sexuais que estão do lado errado da linha são considerados absolutamente repulsivos e desprovidos de quaisquer nuances emocionais" [in 'Thinking Sex'].
- Elimina totalmente a experiência e existência das pessoas poliamorosas e assexuais, que muito certamente (porque será?!) não estarão interessadas em promiscuidade.
Mas talvez o Manuel Damas queira repensar a sua atitude, a partir daqui, de forma a não falar daquilo que, aparentemente, não sabe. Para que haja uma cerca coerência entre instituições criadas e atitudes pessoais, públicas. The personal is political.
7 comentários:
Acabei d tomr conhecimento do vosso blog , do que vi gosto bastante , em relação ao tema aqui focado é mais um exemplo do que frequentemente acontece em Portugal fala-se de algo que não conhecemos e emitimos opinião que tem muito pouco suporte factual , sendo assim esse senhor devia informar-se melhor antes de vir para a Tv falar .
adenda: por acaso até há uma grande empatia entre assexualidade e poliamor. o poliamor, com as negociacoes, com o nao ter de ser tudo para alguem, e com o nao assumir certos habitos como certos, acaba por criar imenso espaco, e espaco seguro, para a assexualidade...
mas na verdade talvez um caso para direito de resposta...
Pelos vistos o programa repetiu, porque acabei de o ver na televisão. Ainda estou em estado de choque, darem tempo de antena a uma pessoa assim, que faz aquelas declarações. triste, triste, triste..
aneesa.2b
Creio que terá sido um outro programa, embora possa estar equivocado. Estava agendado um para hoje. Eu estaria interessado em deitar mão de uma cópia do dito, se possível.
Cumprimentos
Não sei se seria o mesmo, nem consegui entrar no site para ver se iria repetir... Eu também estaria interessada a vê-lo de novo, mas desta vez com pipocas no colo e assumir a diversão de um programa daqueles. Confesso que algumas das coisas que ouvi me ficaram gravadas na mente, mas essa cópia não dá para disponibilizar.
Por favor, sente-te à vontade de partilhar os momentos mais "marcantes"...
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