A propósito da recente Intima Party e de discussões que provocou (o Facebook está ao rubro) lembrei-me de falar um pouco de sex parties e suas regras, do ponto de vista do consumidor habitual e exigente.
Podem argumentar: como é que sex parties (ou play parties, quando além de sexo são autorizadas práticas BDSM) podem ser on-topic num blogue sobre poly. Sim, poly não é necessariamente acerca de sexo. Mas a maior parte do que é sex-positive e que tem a ver com a expressão livre e responsável da sexualidade, não necessariamente associado a um papel num determinado "tipo" de relação, é um tema que pertence ao poly, sem sombra de dúvida.
Ora bem, o que é uma sex party, para começar? Uma sex party é um espaço onde se tentam criar as condições para que as pessoas se sintam seguras ao ponto de quererem ter ou considerarem a ideia de ter sexo, mais ou menos publicamente, conforme os gostos, com outras pessoas. Meter um grupo de pessoas numa sala e chamar a isso sex party geralmente nao chega. Por outras palavras, geralmente por inibições sociais, ou ainda, por causa dum sentimento de insegurança (muitas vezes bem realista), ninguém exprime publicamente os seus desejos sexuais que lhe passam na cabeça pelo momento. Por outras palavras ainda, é necessário criar mesmo essas condições para uma pessoa se sentir segura. Algumas dúvidas que têm de ser respondidas com algum nível de certeza são: "se eu disser não, esse não será mesmo respeitado?"; "há condições de higiene apropriadas? hmmm... este sofá tem umas manchas..."; "se eu for a esta festa, a minha privacidade vai ser respeitada?"; "o que acontece se alguém me tocar contra a minha vontade?".
Ou seja, para se organizar uma sex party, não basta alugar uma vivenda com meia dúzia de colchões e convidar a malta lá para casa. É preciso criar um espaço físico com certas condições (higiene, espaços com mais ou menos discrição, equipamento para sexo seguro, duches...) e, mais importante ainda, um espaço "cultural" em que os visitantes se sintam seguros física e emocionalmente. Sem os visitantes se sentirem seguros, não se pousa o copo da bebida quanto mais tirar roupa...
Fui buscar um conjunto de regras típico (das minhas amigas da lesbian sex mafia, mas podia ser outra coisa qualquer) para uma festa Sex+BDSM. Convido-vos a passar os olhos por ela e a pensar. Cada festa tem o seu próprio conjunto de regras, definido pela organização, mais ou menos estrito, e com que o público visitante mais ou menos se identifica. Geralmente exprime os desejos do público habitual duma determinada festa. Por exemplo há festas que limitam o consumo de álcool ou drogas, outras que não se chateiam minimamente com isso.
http://www.lesbiansexmafia.org/etiquette.html
Chamo a atenção para as regras que definem o espaço próprio de cada pessoa, em que há consentimento em cada passo, e em que tudo é implicitamente negociado sem ambiguidade. Chamo a atenção para o cuidado com a discrição. O safe sex obrigatório ou muito recomendado tem como background que há pessoas que têm dificuldade em negar sexo não seguro, e porque nenhum organizador com um pingo de sanidade quer que alguém diga que se apanhou uma maleita mais ou menos fatal ou incómoda na sua festa.
E por hoje é isto. Espero que vos seja útil e vos encoraje a organizar as vossas próprias festas. Eu tenho tido momentos muito felizes em tais festas e acho que são uma coisa muito positiva. Obrigada por lerem!
Podem argumentar: como é que sex parties (ou play parties, quando além de sexo são autorizadas práticas BDSM) podem ser on-topic num blogue sobre poly. Sim, poly não é necessariamente acerca de sexo. Mas a maior parte do que é sex-positive e que tem a ver com a expressão livre e responsável da sexualidade, não necessariamente associado a um papel num determinado "tipo" de relação, é um tema que pertence ao poly, sem sombra de dúvida.
Ora bem, o que é uma sex party, para começar? Uma sex party é um espaço onde se tentam criar as condições para que as pessoas se sintam seguras ao ponto de quererem ter ou considerarem a ideia de ter sexo, mais ou menos publicamente, conforme os gostos, com outras pessoas. Meter um grupo de pessoas numa sala e chamar a isso sex party geralmente nao chega. Por outras palavras, geralmente por inibições sociais, ou ainda, por causa dum sentimento de insegurança (muitas vezes bem realista), ninguém exprime publicamente os seus desejos sexuais que lhe passam na cabeça pelo momento. Por outras palavras ainda, é necessário criar mesmo essas condições para uma pessoa se sentir segura. Algumas dúvidas que têm de ser respondidas com algum nível de certeza são: "se eu disser não, esse não será mesmo respeitado?"; "há condições de higiene apropriadas? hmmm... este sofá tem umas manchas..."; "se eu for a esta festa, a minha privacidade vai ser respeitada?"; "o que acontece se alguém me tocar contra a minha vontade?".
Ou seja, para se organizar uma sex party, não basta alugar uma vivenda com meia dúzia de colchões e convidar a malta lá para casa. É preciso criar um espaço físico com certas condições (higiene, espaços com mais ou menos discrição, equipamento para sexo seguro, duches...) e, mais importante ainda, um espaço "cultural" em que os visitantes se sintam seguros física e emocionalmente. Sem os visitantes se sentirem seguros, não se pousa o copo da bebida quanto mais tirar roupa...
Fui buscar um conjunto de regras típico (das minhas amigas da lesbian sex mafia, mas podia ser outra coisa qualquer) para uma festa Sex+BDSM. Convido-vos a passar os olhos por ela e a pensar. Cada festa tem o seu próprio conjunto de regras, definido pela organização, mais ou menos estrito, e com que o público visitante mais ou menos se identifica. Geralmente exprime os desejos do público habitual duma determinada festa. Por exemplo há festas que limitam o consumo de álcool ou drogas, outras que não se chateiam minimamente com isso.
http://www.lesbiansexmafia.org/etiquette.html
Chamo a atenção para as regras que definem o espaço próprio de cada pessoa, em que há consentimento em cada passo, e em que tudo é implicitamente negociado sem ambiguidade. Chamo a atenção para o cuidado com a discrição. O safe sex obrigatório ou muito recomendado tem como background que há pessoas que têm dificuldade em negar sexo não seguro, e porque nenhum organizador com um pingo de sanidade quer que alguém diga que se apanhou uma maleita mais ou menos fatal ou incómoda na sua festa.
E por hoje é isto. Espero que vos seja útil e vos encoraje a organizar as vossas próprias festas. Eu tenho tido momentos muito felizes em tais festas e acho que são uma coisa muito positiva. Obrigada por lerem!
2 comentários:
Convidem para uma próxima festa.
O link da etiqueta está morto... bom artigo.
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