segunda-feira, 21 de setembro de 2009

Mostra e conta I: regras e valores

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Quer aqui quer no Our Laundry List, tenho evitado histórias pessoais, mas ando a chegar à conclusão que é exagero meu. Vou tentar começar uma série de "mostra e conta", em que me vou basear no arquivo de entrevistas que dei, ou em conversas que tive no Skype e "nerdices" semelhantes. O texto que se segue é uma adaptação das respostas às perguntas "Que regras é que tenho na minha constelação actual, e quais as regras e valores mais importantes" e "como se gere o tempo e o ciúme". Para quem não está completamente por dentro, há em meios poly a crença (sim, crença) muito espalhada que as relações poly funcionam bem quando há um bom e sólido sistema de regras, associado com a comunicação como um valor universal über alles, por isso é uma pergunta inevitável e pertinente (…).

Tive muitas relações com regras, principalmente no princípio desta aventura (aka a minha vida poly, há quase vinte anos). As regras ajudam porque definem o domínio, o espaço, muitas vezes maior do que pensamos, onde somos livres. Criam uma ideia em primeira aproximação (um pouco errónea) de segurança que ajuda a criar as bases para uma segurança de facto, a posteriori. Mas também pode acontecer que as regras podem estar mal definidas, por exemplo porque as pessoas conhecem mal as suas próprias necessidades, ou dos parceiros, ou porque numa altura precisam mais de segurança do que noutras, etc.
Neste momento, (...), mandámos a maior parte das regras pela janela porque simplesmente não estavam a trazer nenhum acréscimo de segurança ou bem-estar. A única regra neste momento é falar uns com os outros e avisar por exemplo se há ou vai haver "mouro na costa". Mantivemos esta regra não por ser uma "boa regra universal" mas porque no nosso caso particular não somos imunes a ciúme, e embora queiramos ser livres e que os outros sejam livres, não queremos surpresas (...). Fazemos regras pragmáticas para certas situações e janelas temporais (...) Há claro regras no que diz respeito a criar espaço para nos vermos, acerca de saúde (sexual e não só), dinheiro, férias, planta de um apartamento e distribuição dos móveis na casa (são poly friendly? geram privacidade? tornam processos e decisões transparentes?). (…)


Dito tudo isto, onde quero chegar é que o valor supremo para mim é a confiança, mais do que a comunicação. Como explicarei mais abaixo, a comunicação é uma óptima (mas não única) maneira de atingir confiança e respeito. Outros funcionarão de outra maneira. Por outras palavras, vejo a comunicação como ferramenta para a confiança e não como fim em si.
Ilustrando com a gestão do ciúme e do escasso tempo, vemos ad nauseam em discussões electrónicas a defesa da comunicação mas IMHO no geral o truque subjacente é criar confiança e ou evitar situações que são fragilizantes para outra pessoa. Se isso é feito através de diálogo, através de regras detalhadíssimas, ou de regras gerais, ou simplesmente de "eu não quero ver nem saber o que fazes mas tens a minha bênção" é uma questão pessoal. Não funcionamos todos da mesma maneira, não criamos confiança todos da mesma maneira, não somos felizes da mesma maneira.(...).

O texto completo (demasiado longo para publicar no polyportugal) está aqui:
http://laundrylst.blogspot.com/2009/08/mostra-e-conta-regras-e-valores.html

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