Tradução: "Escolho um futuro sem perspectivas. Vou fazer o que sempre quis. Escrever. Agora é tudo claro, simples, límpido. Eu não sou este, nem este... nem este. Mas sou todos eles. Eu sou ele, ele e ele. E ele... e ele também. E sou ele também. («Quero escrever livros».) E a ele não quero decepcioná-lo. Sou ela... ela... e ela também. Sou francês, espanhol, inglês, dinamarquês. Não sou um, mas muitos. Sou como a Europa, sou tudo isso. Sou uma autêntica confusão..."
Sequência final do filme L'Auberge Espagnole, de Cédric Klapisch, sobre a experiência de um estudante de Erasmus em Barcelona.
"Sou muito mais do que o Stanley Cole que chegou a Harrad há sete meses atrás. Sou eu mais a Beth, mais a Sheila e mais todas as influências que absorvi [...]. Quando fizemos amor [...] foi porque gostávamos um do outro e queríamos partilhar a profundidade disso numa libertação natural do nosso afecto.
A verdadeira alegria no acto do amor acontece quando as defesas humanas normais estão em baixo, quando o assumir de papéis e de posturas desaparece. [...] A maior catarse não é o orgasmo. [...] É a revelação de que [as pessoas] são pequenas criaturas desajeitadas, com necessidade de ser amadas."
The Harrad Experiment, Robert Rimmer, pág. 118
Se há coisa que, olhando para trás, me parece inegável, é que o poliamor fez de mim uma pessoa mais rica, completa e versátil.
O conjunto de pessoas que nos permitimos conhecer intimamente, nesses momentos de abandono em que atingimos o que de mais profundo há no outro e em que nos damos de peito aberto ao que de nós queiram aceitar, torna-nos seres mais livres e conscientes.
E nesse percurso não deixamos de ser nós, não somos incompletos sem companhia, mas vamos crescendo e ajudando a crescer através da livre partilha de experiências e pensamentos. Ainda citando Rimmer: "Tu és tu, prolongado na alegria e confiança da outra pessoa."
A ideia tradicional de que devemos procurar uma e só uma pessoa que nos traga o que nos falta para sermos um todo, é limitativa e introduz pressão em nós e no ser eleito.
Uma pessoa é algo tridimensional, um poliedro com várias faces, facetas e arestas. Com possibilidades infinitas de encontrar novas formas dentro de si e em intersecção com outros.
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