segunda-feira, 17 de agosto de 2009

Os solteiros, esses desconhecidos..

Publicado por antidote
Nos dias em que me farto de falar de poliamor, vou por vezes buscar modos de vida que também são passados a ferro pelo paradigma monogâmico. Quem não se encaixa no esquema do parzinho-primordial-como-o-Estado-quer-e-a-Socie- dade-gosta, seja por ser poliamoroso, seja por dizer as coisas duma maneira demasiado honesta que desafia as aparências, seja por rejeitar todo aquele sistema de valores que vem com o pacote, entra no bucho do papão da mononormatividade couple-centric.

Um modo de vida, constante ou transitório, voluntário ou não, que não encaixa no par-primordial, para o qual vos quero chamar a atenção, é simplesmente ficar sozinho. Single, sozinho, solteiro, celibatário...

Ficar sozinho também desafia as normas. Ficar "orgulhosamente só", por escolha. Ficar sozinho mas rejeitando a pressão social para se "arranjar alguém", rejeitando a neurose e o estigma social que geralmente acompanha quem fica sozinho. A conclusão mais frequente é que, uma vez que ninguém, obviamente, fica sozinho por escolha própria, é porque de certeza não é boa pessoa, cheira mal dos pés, come criancinhas, ou é um grande chato.

Por outras palavras... Ou é "coitado, não consegue arranjar ninguém" (não interessa muito bem quem nem porquê, como se o "alguém" fosse um bem anónimo, tipo radiador novo para o carro) ou é "com aquele feitio, claro que está sozinho"... Muito poucos pensam que estar sozinho é um estado que pode ser desejável e voluntariamente procurado. Há quem pense que são uma ameaça para a sociedade

É difícil de encaixar a muito boa gente que há quem fique sozinho por escolha. Pessoas com uma vida preenchida socialmente ou com paixões especificas e absorventes por determinados temas e/ou actividades talvez não estejam propriamente infelizes por estarem sozinhos. Talvez haja quem voluntariamente decida não ter relações para alem de um determinado círculo social..

A mim o que me saltou à vista foi o alívio imediato da tentação de se saltar para a próxima relação de modo acrítico só porque se está sozinho. O decidir activamente não começar uma nova história só porque ela está "ali".

Lembro-me de uma das pessoas, a Albertine, em quem penso muito quando penso em vidas poly e antigas diferentes das minhas. E ela diz-me sempre que foi das melhores coisas que fez, foi passar voluntariamente 3 anos sozinha. Aumentou-lhe a lucidez, a capacidade de dizer não e de dizer sim.

Desafio-vos a darem uma vista de olhos pelos Quirky Alone. É bastante ilustrador.

http://quirkyalone.net/qa

http://www.todolistmagazine.com/quirkylikeus.html

http://en.wikipedia.org/wiki/Quirkyalone

(baseado neste post da Laundry List)

4 comentários:

Daniel Cardoso disse...

Só falta aqui um link. Este. ;)

ana galdéria disse...

Depois há a hipótese de uma pessoa até ter relacionamentos, mas não querer "juntar os trapinhos".
Neste caso os comentários podem ser ainda piores...

Anónimo disse...

Muito bom post!

Carlos "Kurotenshi" disse...

A ana tem toda a razão, a sociedade aceita melhor uma pessoa sozinha do que um casal que "não quer assumir a relação" como se costuma ouvir.