É algo que sempre me intrigará. O ciúme do desconhecido. Ou seja: "Gosto de ti, mas tu tens um namorado com quem dormes quase todos os dias. Tudo bem, quem sou eu para querer ocupar o lugar dele!! Agora... Foste para a cama com outra pessoa, já depois de teres começado comigo? Como és capaz? Que tipo de pessoa fria e pervertida és tu?? "
Então mas... que parte do "Não acredito na monogamia." é que as pessoas não apanham? Simplesmente assumem que por estar apaixonada e o demonstrar, não vou ter atracção por outras pessoas? Perdão, por pessoas novas. Porque pelo "maridinho" tudo bem. O próprio não percebe a diferença, nem porque raio nunca é razão de ciúme.
Voltando à história... houve silêncio e consternação. Houve acusações e sofrimento. Incompreensão. Tragédia. E no meio de uma das conversas, depois de horas a dar voltas à questão, surgiu a ideia de que a única coisa que atrapalhava aquela relação era precisamente a possibilidade de pessoas "novas". O medo do desconhecido. Uma espécie de aracnofobia. Nunca se sabe quando nem onde o bicho decide ferrar o dente. Tudo bem.
- Então e se eu tentasse durante uns tempos não estar com mais ninguém a não ser vocês os dois, isso funcionaria para ti?
- Eras capaz?
- Há anos que não tento tal coisa. Mas se é isso que falta nesta relação... Não sou propriamente ninfomaníaca. Com dois gajos por quem estou apaixonada, hei-de me aguentar...
E aguentei. Sem grande esforço, porque a maior parte das vezes é o que acontece. Estou numa relação com uma pessoa e não aparecem outras. Mas esta era uma situação nova. Evitar deliberadamente novas relações. Aceitei-o também como um desafio de autoconhecimento. Queria saber se era possível. Se podia viver sem o poliamor.
O fim da história é mais ou menos previsível. A nossa relação acabou porque sim. Porque jantávamos sempre em casa dele ou do outro lado da rua. Porque ele não apreciava o sexo de manhã (para mim a principal vantagem de passar a noite com alguém). Porque punha tudo e mais alguma coisa numa prioridade acima de mim. Porque no fundo nunca se quis envolver muito. O que seria algo aceitável se o que pedisse em troca fosse equivalente. Mas não era. O que eu lhe dava em troca era um compromisso que nunca estive disposta a assumir com outra pessoa, talvez simplesmente porque nunca mo pediram. Porque nunca tinha passado pela cabeça de ninguém, nem pela minha.
Claramente não é esta a questão. A atracção por outras pessoas está lá, mais ou menos intensamente, dentro de toda a gente (estava com certeza nele, que eu bem a vi). Se decidimos ou não agir com base nisso, negar ou aceitar essa realidade, tem a ver com as opções e os valores de cada um.
O meu nome é Lara. Se eu podia viver sem o poliamor? Poder podia, mas não era a mesma coisa.
Então mas... que parte do "Não acredito na monogamia." é que as pessoas não apanham? Simplesmente assumem que por estar apaixonada e o demonstrar, não vou ter atracção por outras pessoas? Perdão, por pessoas novas. Porque pelo "maridinho" tudo bem. O próprio não percebe a diferença, nem porque raio nunca é razão de ciúme.
Voltando à história... houve silêncio e consternação. Houve acusações e sofrimento. Incompreensão. Tragédia. E no meio de uma das conversas, depois de horas a dar voltas à questão, surgiu a ideia de que a única coisa que atrapalhava aquela relação era precisamente a possibilidade de pessoas "novas". O medo do desconhecido. Uma espécie de aracnofobia. Nunca se sabe quando nem onde o bicho decide ferrar o dente. Tudo bem.
- Então e se eu tentasse durante uns tempos não estar com mais ninguém a não ser vocês os dois, isso funcionaria para ti?
- Eras capaz?
- Há anos que não tento tal coisa. Mas se é isso que falta nesta relação... Não sou propriamente ninfomaníaca. Com dois gajos por quem estou apaixonada, hei-de me aguentar...
E aguentei. Sem grande esforço, porque a maior parte das vezes é o que acontece. Estou numa relação com uma pessoa e não aparecem outras. Mas esta era uma situação nova. Evitar deliberadamente novas relações. Aceitei-o também como um desafio de autoconhecimento. Queria saber se era possível. Se podia viver sem o poliamor.
O fim da história é mais ou menos previsível. A nossa relação acabou porque sim. Porque jantávamos sempre em casa dele ou do outro lado da rua. Porque ele não apreciava o sexo de manhã (para mim a principal vantagem de passar a noite com alguém). Porque punha tudo e mais alguma coisa numa prioridade acima de mim. Porque no fundo nunca se quis envolver muito. O que seria algo aceitável se o que pedisse em troca fosse equivalente. Mas não era. O que eu lhe dava em troca era um compromisso que nunca estive disposta a assumir com outra pessoa, talvez simplesmente porque nunca mo pediram. Porque nunca tinha passado pela cabeça de ninguém, nem pela minha.
Claramente não é esta a questão. A atracção por outras pessoas está lá, mais ou menos intensamente, dentro de toda a gente (estava com certeza nele, que eu bem a vi). Se decidimos ou não agir com base nisso, negar ou aceitar essa realidade, tem a ver com as opções e os valores de cada um.
O meu nome é Lara. Se eu podia viver sem o poliamor? Poder podia, mas não era a mesma coisa.
1 comentário:
A mim, o que me intriga, é o ciúme, simplesmente.
E também a associação que as pessoas fazem com o amor, como se o amor gerasse o ciúme e este fosse um indicador de que se ama :-(
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