quinta-feira, 9 de julho de 2009

O que é que eles sabem do poliamor...

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Tradução: - Vocês não acham que quando o PP se manifesta pelo regresso da família tradicional se está a manifestar, no fundo, um pouco contra nós?
- Bah! Não ligues! Que é que eles sabem do poliamor, Pepito!

Da esquerda para a direita: José Rodríguez Zapatero (PSOE), José Montilla (PSC) e Carod Rovira (ERC)

No outro dia encontrei este cartoon, publicado no Público (sim os espanhóis também têm o seu) de 27.12.2007.
Quem se interesse por política poderá entender a piada sabendo que as personagens são os presidentes de três partidos espanhóis, dois dos quais participaram numa coligação de fundo algo duvidoso na Catalunha. Mas o que me chamou a atenção foi este fenómeno de reconhecimento do poliamor, ao ponto de fazer parte do humor nacional. Para tal, o autor terá assumido que a palavra e o seu significado seriam do domínio comum.
Isto faz-me recordar uma conversa que tive, escassos três anos antes da publicação deste cartoon, sentada por entre as fontes do Martim Moniz, com um amarado* espanhol. Dizia-me ele o que muita gente me dizia nessa altura. Que a ideia de poliamor é fascinante, é seguramente o que todos procuram (depois vai-se a ver e nem por isso; é preciso cuidado com o que se deseja), mas que será praticamente impossível encontrar mais pessoas que pensem assim.
- Talvez não, talvez seja só uma questão de procurar.
- Não, em Espanha não se encontra, que eu bem sei.
Nesse ano tinha, por mero acaso, sido a primeira a juntar-me ao grupo Poliamor de Espanha, equivalente ao nosso Poly Portugal, surgido 4 meses antes, e que por altura dessa conversa devia ter meia dúzia de membros. Hoje conta com quase 600, espalhados por todo o país. É uma questão de procurar....
Em Portugal o fenómeno teve uma evolução idêntica (mais de 100 membros, o que é quase proporcional), e além de encontrar pessoas que pensem como nós (que felizmente se vão encontrando), alegra-me pensar que cada vez mais pessoas conhecem o conceito, sabem que existe, e onde procurar-nos.

*amarado = palavra composta pelas palavras amigo, amante e namorado; em português, particípio passado do verbo amarar (poisar no mar; v. intr: fazer-se ao mar largo).
À falta de palavras que descrevam as possibilidades das relações humanas, reutilizam-se, moldam-se ou aglutinam-se outras já existentes. Gosto particularmente desta imagem de estar poisado no meio do mar alto, sem referências nem limites.

2 comentários:

Luís Miguel Viterbo disse...

Gostei!

E fiquei particularmente fã do termo amarado. Outras interpretações possíveis sobre um suposto prefixo a-:

a- (prefixo de aproximação, do latim ad-) + marado = amalucado, no sentido mais cool do termo (como em "muita louco").
a- (prefixo de negação) + marado = não adulterado pela sociedade ("marado" usado aqui como se usa para designar whisky ou droga adulterada).

Daniel Cardoso disse...

http://questionablecontent.net/view.php?comic=1243

Uma das minhas favoritas.

Para mais webcomics poly:
http://polyinthemedia.blogspot.com/2006/10/poly-comic-strips.html