quinta-feira, 15 de abril de 2010

No meu tempo não era assim...

Publicado por 
Ouvido de passagem:
“Isto agora a malta nova… No outro dia estavam ali três sentados naquele muro, e ora beijava um, ora beijava o outro…”

Infelizmente não me lembro se “os três” eram dois rapazes e uma rapariga, ou ao contrário. Daria um matiz à história, mas não me parece que fosse relevante para quem a contava. O que lhe parecia realmente surpreeendente era o franquear dessa barreira última, a não-monogamia assumida, despreocupada e alegre.
De facto, se algo se pode dizer dos adolescentes de hoje em dia é que se estão a borrifar. Que ganharam em diversidade e descontração o que perderam em dotes ortográficos. E que um colega ser gay lhes parece tão escandaloso como ser fã do Star Trek e vestir-se de Darth Vader. Minto. A última parte seria bastante mais estranha.
Nas conversas que oiço dirarimente, diria que o ciúme e a posse vão perdendo cada vez mais protagonismo nas suas vivências. Os adolescentes assumem que estão num período de experimentação. Que as relações não duram para sempre e quem não tenha pais separados que atire a primeira pedra.
Ao contrário da minha geração que, sentada em frente à televisão, levou com estereotipos atrás uns dos outros, metidos pelos olhos adentro, esta geração senta-se em frente aos computadores. E na internet são eles que escolhem a informação que querem. Ou optam simplesmente por não querer saber e viver a afectividade como lhes apetece.

1 comentário:

Anónimo disse...

Lara,

Bem queria que fosse verdade, mas não penso que seja exactamente assim... é certo que há experimentação entre os adolescentes, é certo que há uma maneira muito diferente de ver as relações afectivas e sexuais. Mas o imperativo hetero está longe, muito longe, de não se reproduzir de forma intensa e intensiva. Infelizmente, a maioria dos jovens e adolescentes vê-se obrigado a seguir esse mesmo imperativo, quer isso reflicta o que querem fazer, quer não. E mesmo na minha geração não é generalizada a compreensão de que esse imperativo existe...

Inês