terça-feira, 1 de dezembro de 2009

Indirectas

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Hoje escrevi um email a meia dúzia de pessoas seleccionadas de entre os meus contactos profissionais. Aqui vai a transcrição, para todos os meus três leitores e meio aqui do blog:
Assunto: Sou de novo freelancer

Caros amigos,

É provável que já saibam que os meus sócios e eu decidimos de comum acordo encerrar a [minha empresa de produção de conteúdos e ideias, ou seja, de guiões e outros textos variados]. O fecho foi pacífico e continuamos a ter vontade de trabalhar em conjunto nos projectos que houver. Mas deixámos de ter essa obrigação. Serve assim este email para informar que sou de novo totalmente freelancer. E continuo com a mesma vontade de trabalhar que sempre tive, claro — neste momento, circunstancialmente, acompanhada de demasiada disponibilidade.

Alguns de vós talvez não tivessem este meu endereço de email pessoal. O email da [empresa] vai ficar inactivo muito em breve.

Espero que venhamos a contactar-nos em breve. Saudações cordiais,
[assinatura]
Foi a mensagem que já devia ter escrito há um mês mas que andava a adiar porque me custava. É-me difícil, de facto, dizer a um potencial empregador que tenho falta de trabalho, porque isso me coloca numa posição de desvantagem.

Por analogia, consigo de certa forma perceber que custe, a muita gente, dizer que sente falta de carinho, ou de atenção, ou mesmo de sexo. Mas parece-me que há na nossa sociedade uma clara sobreavaliação do mistério, do rodeio, das evasivas e manobras como formas de seduzir.

Queria só dizer aqui que a última vez que me lembro de ter manifestado falta de carinho, o resultado (indirecto, talvez, nunca se saberá) foi uma das quecas mais poderosas que já tive. Ou duas… que a que houve dois dias depois ainda poderia ser classificada de réplica por um sismologista competente.

Ah, e o carinho regressou. Antes, durante e depois.

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