N. dá aulas de Formação Pessoal e Social numa Escola de Educação. Conheceu o conceito de poliamor há pouco tempo mas achou-o logo suficientemente interessante para disso falar nas aulas.
As reacções foram extremas: passava-se rapidamente de um silêncio constrangedor para uma discussão violenta. «Isso é traição!» — reclamaram logo alguns. E N. fazia-lhes ver que não. Nas suas próprias palavras, «reparem que é um contrato, tal como o é o contrato que se faz no casamento». É certo que grande parte dos alunos, candidatos a educadores sociais, vomitava tentativas de argumentação muito básicas, do género das que alguns chegaram a usar quando N., noutra altura, lhes tinha falado de homossexualidade. «Eu não concordo com os homossexuais!». Reacção de N., que é de facto hábil na resposta pronta: «Eu não concordo com a trovoada.» (!)
Não é possível "não concordar" com o facto de que as pessoas têm frequentemente a capacidade de sentir atracção por mais do que uma outra em simultâneo, e de essa atracção poder ser física, emocional ou um misto. Pense-se parceiro + amante, namoro + amizade profunda, ou mesmo, em versão literatura light, "o tipo da redacção que ainda não reparou que eu gosto dele" + "o gajo do ginásio que anda mortinho para me comer mas isto não pode ser assim de repente apesar de ele ter um pacote que até dói só de olhar".
O poliamor é apenas uma das formas de lidar com este facto. É certo que cai como uma trovoada tropical na cabeça de muita gente que é confrontada com o conceito. Mas nunca senti indignação da parte de ninguém depois de eu explicar o que é. Porquê? Não sei. Se calhar, simplesmente porque não é na realidade nada de verdadeiramente revolucionário, se calhar porque se baseia num valor tão consensual como a honestidade.
A trovoada, de resto, é que não é de todo consensual, quanto mais não seja porque mata centenas de pessoas por ano. Eu, afinal, não concordo com a trovoada.
As reacções foram extremas: passava-se rapidamente de um silêncio constrangedor para uma discussão violenta. «Isso é traição!» — reclamaram logo alguns. E N. fazia-lhes ver que não. Nas suas próprias palavras, «reparem que é um contrato, tal como o é o contrato que se faz no casamento». É certo que grande parte dos alunos, candidatos a educadores sociais, vomitava tentativas de argumentação muito básicas, do género das que alguns chegaram a usar quando N., noutra altura, lhes tinha falado de homossexualidade. «Eu não concordo com os homossexuais!». Reacção de N., que é de facto hábil na resposta pronta: «Eu não concordo com a trovoada.» (!)
Não é possível "não concordar" com o facto de que as pessoas têm frequentemente a capacidade de sentir atracção por mais do que uma outra em simultâneo, e de essa atracção poder ser física, emocional ou um misto. Pense-se parceiro + amante, namoro + amizade profunda, ou mesmo, em versão literatura light, "o tipo da redacção que ainda não reparou que eu gosto dele" + "o gajo do ginásio que anda mortinho para me comer mas isto não pode ser assim de repente apesar de ele ter um pacote que até dói só de olhar".
O poliamor é apenas uma das formas de lidar com este facto. É certo que cai como uma trovoada tropical na cabeça de muita gente que é confrontada com o conceito. Mas nunca senti indignação da parte de ninguém depois de eu explicar o que é. Porquê? Não sei. Se calhar, simplesmente porque não é na realidade nada de verdadeiramente revolucionário, se calhar porque se baseia num valor tão consensual como a honestidade.
A trovoada, de resto, é que não é de todo consensual, quanto mais não seja porque mata centenas de pessoas por ano. Eu, afinal, não concordo com a trovoada.
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