Aos 10 anos, N. passou quinze dias de umas férias de verão em casa de uns primos. Por qualquer razão, os pais deles nunca estavam em casa. N. viu-se assim sozinho com um primo e duas primas, tudo miudagem com 9 a 12 anos.
A., o rapaz, perguntou-lhe logo na primeira ou segunda noite se já tinha feito sexo alguma vez, para grande espanto de N.. Que não, claro. Mas gostaria de experimentar? É que ele e as irmãs faziam.
Todo um mundo novo se abriu a N. naquelas duas semanas: o sexo, a estranheza de ver duas raparigas em GG rubbing sem perceber que prazer podia aquilo dar, a descoberta do penis fencing e de outras práticas que ia inventando ou aprendendo, e ainda os water sports involuntários, convencido de que estaria a experimentar o primeiro orgasmo (uma prática a que talvez pudesse chamar-se cave diving).
Tudo foi feito sem noção precisa de quanto daquilo seria invulgar ou mesmo condenado pela sociedade: incesto, homossexualidade, kinky, "poli"…
Hoje em dia, N. identifica-se como poliamorista. Poderá haver alguma relação entre a primeira experiência sexual ser poligâmica e uma identidade poliamorista? Parece-me, sinceramente, um total absurdo que se possa fazer essa ligação. Mas essa questão já foi efectivamente colocada a N..
Nem vale a pena argumentar que a primeira experiência sexual de N. foi certamente muito anterior, e terá sido provavelmente masturbatória. As pessoas esquecem-se da infância mas a verdade é que geralmente quando eram crianças, antes de perceberem que a masturbação faz parte daquelas práticas secretas e supostamente apenas adultas a que os crescidos chamam "sexo", sabiam obter prazer sexual sozinhas.
Mas, mesmo que tivesse sido esta a primeira experiência percebida como "sexual", o salto lógico parece-me gigantesco. Poucos homens haverá na nossa sociedade que não tenham já fantasiado uma ménage à trois. Não é seguramente por isso que têm qualquer tipo de propensão para o poliamor.
Não consegui descobrir na Web nenhum estudo sério que estabeleça correlação entre o género do primeiro parceiro sexual e a orientação sexual, ou entre as práticas sexuais do primeiro encontro e as fantasias ou práticas seguintes. Talvez um estudo desse tipo pudesse acrescentar aqui um ponto de vista, por analogia. Fico à espera que os activistas, psis e curiosos que lêem o Poly Portugal comentem, com links. :)
A., o rapaz, perguntou-lhe logo na primeira ou segunda noite se já tinha feito sexo alguma vez, para grande espanto de N.. Que não, claro. Mas gostaria de experimentar? É que ele e as irmãs faziam.
Todo um mundo novo se abriu a N. naquelas duas semanas: o sexo, a estranheza de ver duas raparigas em GG rubbing sem perceber que prazer podia aquilo dar, a descoberta do penis fencing e de outras práticas que ia inventando ou aprendendo, e ainda os water sports involuntários, convencido de que estaria a experimentar o primeiro orgasmo (uma prática a que talvez pudesse chamar-se cave diving).
Tudo foi feito sem noção precisa de quanto daquilo seria invulgar ou mesmo condenado pela sociedade: incesto, homossexualidade, kinky, "poli"…
Hoje em dia, N. identifica-se como poliamorista. Poderá haver alguma relação entre a primeira experiência sexual ser poligâmica e uma identidade poliamorista? Parece-me, sinceramente, um total absurdo que se possa fazer essa ligação. Mas essa questão já foi efectivamente colocada a N..
Nem vale a pena argumentar que a primeira experiência sexual de N. foi certamente muito anterior, e terá sido provavelmente masturbatória. As pessoas esquecem-se da infância mas a verdade é que geralmente quando eram crianças, antes de perceberem que a masturbação faz parte daquelas práticas secretas e supostamente apenas adultas a que os crescidos chamam "sexo", sabiam obter prazer sexual sozinhas.
Mas, mesmo que tivesse sido esta a primeira experiência percebida como "sexual", o salto lógico parece-me gigantesco. Poucos homens haverá na nossa sociedade que não tenham já fantasiado uma ménage à trois. Não é seguramente por isso que têm qualquer tipo de propensão para o poliamor.
Não consegui descobrir na Web nenhum estudo sério que estabeleça correlação entre o género do primeiro parceiro sexual e a orientação sexual, ou entre as práticas sexuais do primeiro encontro e as fantasias ou práticas seguintes. Talvez um estudo desse tipo pudesse acrescentar aqui um ponto de vista, por analogia. Fico à espera que os activistas, psis e curiosos que lêem o Poly Portugal comentem, com links. :)
Nota 1: GG rubbing e penis fencing são os termos usados pelo primatólogo Frans de Waal, num artigo publicado em 1995 na Scientific American, para designar actos de esfrega vulvar ou peniana entre os bonobos (primatas fascinantes que, juntamente com os chimpanzés, são os animais mais próximos do Homo sapiens).
Nota 2 (em jeito de disclaimer): Este artigo não tem obviamente nenhuma relação com a série da RTP Conta-me como foi nem com o original Cuéntame cómo pasó. O título e a foto foram retiradas à má-fila do site da RTP (clicar na foto para ir lá parar).
1 comentário:
Tenho a dizer que sou fan dos bonobos!!!
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