Na semana passada andei pelo festival HBT de Gotemburgo - a semana LGBT, com parada no último dia. E quero contar coisas que me pareceram muito bem feitas. Houve vários dias em que ocorreu a lgbt-university com debates e discussões, muito bem organizadas, em sessões paralelas. Pude assistir ao debate "När två er for få", " When two are too few", "Quando dois são poucos". Um debate vivo, não de oposição, com perguntas do moderador e respostas imediatas do painel (sem lições), e um bom trabalho entre polys, RA (relationship anarchists) e sex educators. Também fui a um debate sobre "Where is the Q" onde se discutiu a presença do "Queer" no festival... que esteve presente, com bancas DIY.
Mas o momento alto foi no fim. A parada tinha chegado à praça. Umas bandas tinham tocado. Havia um 'black bloc' que, entre outros cartazes, tinha um: "Somos normais, somos fixes, somos heterossexuais". Eu gostei disso. Fez-me lembrar que gosto mais de movimentos inclusivos. E que há mais igualdade, quando ser-se heterossexual também é uma identidade. E que isso pode fazer parte da celebração da diversidade de identidades sexuais. (ou é só um fenómeno póspós-moderno, quando ser-se 'branco' também passa a ser identidade?)
Bom, mas falava da performance do bloco negro. Vieram duas mulheres ao palco. Vestidas solenemente, criativamente. O apresentador disse que se iam casar. Que uma estava grávida. Pensámos "ok, este happening vai ser sobre os direitos ao casamento dos pares homossexuais..." Uma falou e disse que o casamento seria só por causa dos direitos parentais, e que só se casariam para que a parceira pudesse adoptar a criança. Pensámos "que forma interessante de fazer uma crítica implícita ao casamento". Mas então, a mulher grávida, começou a discorrer: disse que o casamento era heteronormativo, e que era só uma forma de pôr a caixinha sobre outros pares. Que o casamento era limitativo, uma forma de o Estado exercer direitos e deveres sobre as pessoas. Que o casamento era um acto de não liberdade. Aplauso. Pensei "o raio destes suecos, tão à frente". Acho que isto nunca aconteceria nem em Copenhaga nem em Lisboa. A outra mulher faz também um mini-discurso e diz depois: "Jag älskar deg, men jag vil inte giftes med dig! - I love you, but I don't want to marry you." Amo-te mas não quero casar contigo. Aplauso. Aplauso. Aplauso.
E eu, tão feliz, que não só a viagem valeu toda a pena, como também vos estou a escrever para partilhar. Virei-me para várias das pessoas doces, da comunidade poly Gotemburgo-Malmö-Stockholm e disse-lhes: Amo-vos, mas não quero casar convosco. Dancei.
Bom, mas falava da performance do bloco negro. Vieram duas mulheres ao palco. Vestidas solenemente, criativamente. O apresentador disse que se iam casar. Que uma estava grávida. Pensámos "ok, este happening vai ser sobre os direitos ao casamento dos pares homossexuais..." Uma falou e disse que o casamento seria só por causa dos direitos parentais, e que só se casariam para que a parceira pudesse adoptar a criança. Pensámos "que forma interessante de fazer uma crítica implícita ao casamento". Mas então, a mulher grávida, começou a discorrer: disse que o casamento era heteronormativo, e que era só uma forma de pôr a caixinha sobre outros pares. Que o casamento era limitativo, uma forma de o Estado exercer direitos e deveres sobre as pessoas. Que o casamento era um acto de não liberdade. Aplauso. Pensei "o raio destes suecos, tão à frente". Acho que isto nunca aconteceria nem em Copenhaga nem em Lisboa. A outra mulher faz também um mini-discurso e diz depois: "Jag älskar deg, men jag vil inte giftes med dig! - I love you, but I don't want to marry you." Amo-te mas não quero casar contigo. Aplauso. Aplauso. Aplauso.
E eu, tão feliz, que não só a viagem valeu toda a pena, como também vos estou a escrever para partilhar. Virei-me para várias das pessoas doces, da comunidade poly Gotemburgo-Malmö-Stockholm e disse-lhes: Amo-vos, mas não quero casar convosco. Dancei.
Di Ponti
1 comentário:
Como eu gostava de ver destas coisas por aqui.
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