Este sábado vai haver um jantarzinho poly ali em contexto de arraial de 25 de Abril.
Esta coisa da liberdade faz parte dos ideais do poliamor. Mas é uma liberdade que é responsável, uma liberdade que é adulta. Dizia já Sartre que estamos condenados a ser livres. Mas isso quer dizer que estamos também condenados a ser responsabilizados pelo que fazemos.
Cada vez mais, isto passa pelos actos que nos constituem. Pela maneira como nós nos pensamos como nós-mesmos. Não somos convidados constantemente a encontrarmo-nos? A recriarmo-nos? A descobrirmos quem somos?
Não sou por uma visão essencialista, pela descoberta de uma verdade transcendente e oculta, que irá ser "a" Verdade. Mas um possível efeito secundário desta pressão para a criação de uma auto-biografia reflexiva, com todas as possibilidades e os riscos que daí vêm, pode assemelhar-se a uma reestruturação aparentemente queer. Aparentemente indefinida, incerta, instável.
Queremos ser livres? Queremos ser independentes? Então, somos compelidos, se queremos ser coerentes, a querer ver no Outro a sua liberdade, a sua independência. E a condição da liberdade do Outro é a nossa liberdade, e a condição da nossa liberdade é a liberdade do Outro.
No poliamor, como na monogamia, perdemos e ganhamos coisas. A pergunta é: o que perdemos e o que ganhamos em cada uma delas? Em qual delas temos que fazer menos concessões, em qual delas estamos a alinhar mais realisticamente um projecto pessoal de vida e um projecto comum de vida? Não há, apesar do tom aparentemente retórico, uma resposta definida. Só uma resposta subjectiva - indefinida, incerta, instável. Então não subscrevamos uma resposta final, ponhamos em constante revisão as nossas posturas.
Essa revisão quer-se responsável, também. Quer-se consciente. Identificamo-nos com a monogamia? Porquê? Porque não? Identificamo-nos com o poliamor? Porquê? Porque não? E não se esqueçam: "Porque sim" não é resposta...
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