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Era assim há vinte anos, quando eu era criança, e continua a ser assim agora, sem tirar nem pôr. E depois venham-me com milhares de estudos, cientificamente comprovadíssimos, de que as mulheres são assim e os homens são assado. E venham-me pais com a conversa de que o filho e a filha foram educados exactamente da mesma maneira e olha, vá-se lá saber porquê, um tem mais raciocínio matemático e a outra tem mais propensão para a literatura. Enquanto não se mudarem estas condicionantes fortíssimas, qualquer estudo com base no género é tão sério como uma brincadeira de crianças.
Quando há uns anos a minha sobrinha tentava assimilar o divórcio dos pais, um dos conselhos da brilhante psicóloga da infantário, foi que lhe oferecessem no Natal famílias de bonecos tipo Barbie, que contivessem obrigatoriamente mamã, papá e filhotes. Para a criança não perder a referência de família. Ou seja, toma lá isto que não tem nada a ver com a tua realidade nem, mais cedo ou mais tarde, com a de quase nenhum dos teus amigos. Não vás tu lembrar-te de ser feliz de outra maneira.
Já eu, felizmente, tive a sorte de ter um irmão, o que nos possibilitou ter todo o espectro de brinquedos em casa. E o discernimento de os misturar todos, brincando em conjunto e multiplicando as possibilidades. Pessoalmente sempre desejei ter comboios, pistas de carrinhos e carros telecomandados. E uma das vantagens que o meu irmão via em ter uma irmãzinha, era poder brincar com as miniaturas de electrodomésticos que via nas montras.
Este Natal, enquanto lamento o facto de até as peças Lego (haverá coisa mais universal que o Lego?) virem numa caixa cor-de-rosinha para meninas, ponho-me a olhar para a embalagem da Polly e a fantasiar que se trata de uma personagem poliamorosa, com vários Ken’s e suas respectivas Skipper’s, que por sua vez são amigas da Barbie e fazem corridas de carros com os Legos do Espaço.
Quando há uns anos a minha sobrinha tentava assimilar o divórcio dos pais, um dos conselhos da brilhante psicóloga da infantário, foi que lhe oferecessem no Natal famílias de bonecos tipo Barbie, que contivessem obrigatoriamente mamã, papá e filhotes. Para a criança não perder a referência de família. Ou seja, toma lá isto que não tem nada a ver com a tua realidade nem, mais cedo ou mais tarde, com a de quase nenhum dos teus amigos. Não vás tu lembrar-te de ser feliz de outra maneira.
Já eu, felizmente, tive a sorte de ter um irmão, o que nos possibilitou ter todo o espectro de brinquedos em casa. E o discernimento de os misturar todos, brincando em conjunto e multiplicando as possibilidades. Pessoalmente sempre desejei ter comboios, pistas de carrinhos e carros telecomandados. E uma das vantagens que o meu irmão via em ter uma irmãzinha, era poder brincar com as miniaturas de electrodomésticos que via nas montras.
Este Natal, enquanto lamento o facto de até as peças Lego (haverá coisa mais universal que o Lego?) virem numa caixa cor-de-rosinha para meninas, ponho-me a olhar para a embalagem da Polly e a fantasiar que se trata de uma personagem poliamorosa, com vários Ken’s e suas respectivas Skipper’s, que por sua vez são amigas da Barbie e fazem corridas de carros com os Legos do Espaço.
1 comentário:
Ainda no outro dia comentava eu que está no DSM-IV o facto de uma criança brincar com brinquedos do "género oposto" como sintomático do chamado distúrbio da identidade de género.
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