terça-feira, 8 de setembro de 2009

O mundo compreendeu e o dia amanheceu em paz

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No plano afectivo, fora da minha família de origem, houve ao longo da minha vida uma mão cheia de pessoas que se tornaram parte central da minha história.

Ontem, em momentos diferentes, contei a duas dessas pessoas (A. e B.) que estou enamorado (por C.) como há mais de um ano não me acontecia e não maldisse a vida tanto quanto era o meu jeito de sempre falar (obrigado, Chico e Vinicius*).

A. não é poly. Tem uma relação exclusiva com a única pessoa com quem teve intimidade (e filhos) na vida, e quer continuar assim. Comigo, tem há duas dúzias de anos uma relação que ela própria, sob tortura, classificaria certamente de «poliamorosa casta».

B. não sabe mas julga que não é poly. Vive com a mesma pessoa há dúzia e meia de anos, é uma grande amiga minha há uma dúzia e a amizade coloriu-se durante meia dúzia.

Tanto A. como B. ficaram genuinamente felizes por mim. Noutras alturas, com outros amores meus mais complicados, não tinham ficado felizes. São pessoas com intuição e que, por me amarem (obrigado, Jorge, pelo uso descomplexado do verbo «amar»), querem o melhor para mim. E o meu estado de enamoramento reduplicou por contágio.

A cada dia que passa, sinto que estou a aprender o ABC do poliamor. O A.+B.+C.+n. Amar aprende-se até secar.

Nunca escondi de ninguém o que penso sobre relações afectivas. Publiquei, fiz activismo, dei a cara. Mas é mais fácil falar genericamente das minhas ideias — e ao mundo — do que concretamente dos meus amores — e às pessoas que amo.

Não esperei por 11 de Outubro. Fiz ontem verdadeiramente o meu coming out poly.

1 comentário:

Daniel Cardoso disse...

:)

Força, e continua assim.