sábado, 1 de agosto de 2009

Will you swing with me?

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Há uns dias atrás desafiaram-nos para escrevermos umas palavritas para este vosso cantinho. Sendo assim, deixaremos um pouco da nossa vivência.
Nós simpatizamos muito com a opção de vida poliamorosa, embora sejamos um género de "polyswingers".
Sinceramente, não sei que nome dar-nos! ;)
Somos um casal muito feliz há imensos anos. Como sempre tivemos uma relação muito erotizada e pouquíssimo possessiva, a partilha de emoções e sensualidade com outras pessoas foi um passo natural na nossa vida. Inicialmente, sendo a parte feminina bissexual, o nosso primeiro ímpeto foi integrar outra rapariga na nossa intimidade. Digo-vos que não foi fácil e que rapidamente os sentimentos possessivos que víamos em muitas das pessoas com quem tentámos relacionar-nos nos levaram a escolher casais estáveis e com relações sólidas de amor e de companheirismo como a nossa.
Neste momento, confesso que não equacionamos um projecto de vida a mais de dois. O dia-a-dia impõe-nos desafios e constrangimentos que apenas quem já teve relações poliamorosas conhece bem.
Já vivemos alguns tempos com uma terceira pessoa na nossa casa. Gostámos da vivência, porque sobretudo gostamos muito da pessoa em causa. Aprendemos muito, mas mesmo assim o núcleo central da relação continuou a ser a nossa relação a dois. Já são muitos anos juntos, muitos entendimentos vividos, olhares silenciosos que dizem tudo. Muita partilha. Não é fácil encaixar na vida de todos os dias romances com outras pessoas, pois parece que entram num comboio em andamento. :)
Mas concordamos com o facto de que a nossa capacidade de amar extravasa aquilo que temos a dois.
Já tivemos vários relacionamentos diferentes, a solo ou com casais, tanto em conjunto como de uma forma separada.
Na sua forma "em separado", ou seja, a parte feminina sair, conviver e namoriscar a outra parte masculina, (sem a presença do seu cônjuge), e a outra parte fazer o mesmo, foi muito interessante e intenso. Mas muito, muito complicado. Harmonizar feitios, desejos, emoções e expectativas a 4 não é coisa simples. E esse é um desafio que mesmo no meio swinger é olhado de lado.
Não desejando que todos os nossos dias sejam a mais do que dois - pois temos muitos momentos em que queremos mesmo apenas estar sozinhos - existem outras pessoas com quem partilhamos mais do que sensualidade e marotices.
São pessoas com quem partilhamos carinho, momentos bons e os menos bons também. Com quem saímos para ir ao cinema, ao teatro ou para dar um passeio à beira-mar. Com quem passamos férias. Que visitamos no hospital se estão doentes. A quem levamos uma sopinha ou fazemos as compras se têm algum problema que os impossibilite. A extensão à sexualidade dos sentimentos que nos unem a essas pessoas é um chamamento natural, a nosso ver.
Temos as nossas regras, que dizem respeito à delimitação voluntária de algumas fronteiras para não magoar aqueles que amamos. São regras de convivência que definimos a dois e sem pensar muito no socialmente mais correcto ou aceite. São regras dinâmicas que se adaptam à nossa vida e desejos. Porque nós estamos sempre a mudar e a aprender um bocadinho mais cada dia.
Contudo, mantemos um projecto central de vida a dois: a decisão de onde moramos, o encaixe das nossas profissões e ambições pessoais, contas e pagamentos, planos de ter filhos, como os educar ou outros campos decisivos como estes são restringidos apenas aos dois.
Admiramos muito quem consegue construir uma verdadeira família poly, com filhos comuns, com todas as suas derivações e consequências, mas sabemos que de momento não é algo que desejemos para nós.
Mas o que sabemos também é que desta partilha surgiu um património de amor e carinho que nos ultrapassa enquanto casal. Património afectivo este que continuaremos a alimentar e a mimar, tal como lutamos todos os dias pelo amor que nos une.
Só nos reconhecemos e crescemos em confronto com a alteridade e é nos outros que nós, enquanto casal, temos também feito descobertas sobre nós mesmos e sobre a nossa própria relação.

Beijinhos com ternura a todos os nossos amigos poly que por aqui escrevem e que contribuem cada dia para uma sociedade mais tolerante e amorosa.
Marte&Vénus

3 comentários:

one woman disse...

Parece-me uma EXCELENTE ideia partilhar o espaço dos convidados deste blog com pessoas com enquadramento swing. A minha admiração desde já expressa à pessoa que teve a ideia de formular este convite. O vosso testemunho pareceu-me uma boa apresentação inicial, mas como pessoa que já passou tangencialmente por algumas das suas variantes, fico sempre com a vontade de conhecer mais profundamente como vivem os outros os seus dilemas, que são imensos, que surgem nas relações deste tipo. Nomeadamente, como lidar com as descompensações, com as inevitáveis diferenças de expectativas, como encontrar o equilíbrio proximidade vs distância entre as pessoas fora dos núcleos principais, como gerir o diálogo com filhos e afins, com a escola, com os amigos, com os avós, enfim, com o mundo lá fora. Se discutir esse assunto vos interessa, deixo-vos o repto: colaborem mais vezes!

Underscore

Luís Miguel Viterbo disse...

Os assuntos relacionados com os problemas do poliamor (e do amor em geral) são sem dúvida os que mais me interessam: descompensações, diferenças de expectativas, distâncias, pressões, filhos.
Além disso interessam-me também as questões poli-específicas, como por exemplo as relações com a sociedade "civil", as leis e justiça.

Não tenho a certeza de ter percebido o teu repto. Se é para que o blog integre mais colaborações, isso está assegurado à partida: todos os sábados temos aqui um novo colaborador, já há vários na calha e a intenção é que assim continue.

Anónimo disse...

O meu repto dirigia-se aos convidados que assinaram este post: assinarem mais posts, aprofundarem mais temas. Não sei se por indução de experiências particulares, tenho tendência a a acreditar que os swingers, sobretudo aqueles para quem as relações que se desenvolvem não se esgotam no sexo, são uma forma mais avançada em estabilidade do poliamor. Pode não ser um avanço conceptual, mas é, para mim, sem dúvida, uma forma de viver o poliamor com uma consagração mais lata, com um impacto que não se esgota no umbigo de um só, mas pelo menos em quatro,seis, oito,etc umbigos. Não sei se isto é optimismo, mas faço por não me perder desta convicção. Acho que ganharíamos todos em fomentar este diálogo, e no mesmo sentido ia um post de há uns dez dias onde se alvitrava que um casal swinger teria aumentado horizontes ao ouvir falar de poliamor...
U.