é engraçado que nas duas postagens desta semana se fale, na primeira directamente e na segunda indirectamente, sobre o estado de estar só e a solidão.
a antidote é muito clara... é socialmente "perigoso" estar-se sozinho: isto é, sem outra(s) pessoas que se veja(m) integradas numa, ou várias relações. os julgamentos nunca tardam e raramente são simpáticos. o simples facto de querermos estar sós, ou vivermos sozinhos, é visto como um defeito e nunca como uma opção de vida.
parece que estar só é sinónimo de solidão.
na segunda postagem, onde o shortokapi evoca os 40 anos de woodstock, o tema do festival era, aparentemente, paz, amor, sexo, drogas, rock & roll... mas acima de tudo era o amor livre (free love) que pairava. era a geração do vale tudo no que concerne ao amor.
mas foi mesmo este tema que os músicos evocaram durante aqueles três loucos dias e noites?
se pensarmos em temas como "with a little help from my friends", "me and bobby mcgee", "try" ou a balada de amor "samba pa ti", percebemos que, apesar de se estar na geração do amor livre, a evocação é do amor romântico, heteronormativo e monogâmico. se juntarmos à música os comentários que muitos dos artistas faziam entre canções, facilmente se entende que estavam assolados pela solidão e que a solução para a sua felicidade era ter alguém... leia-se um grande amor. assim seriam felizes!
aprofundando um pouco as vidas destes artistas, aparece na generalidade dos casos o uso descontrolado de substâncias alteradoras do seu estado emocional, que em alguns casos levou à sua morte prematura: janis joplin ou jimi hendrix... outros andaram anos no desespero do uso e só décadas mais tarde encontraram a paz da recuperação: joe cocker, pete townsend ou neil young estarão agora felizes?
o medo da solidão adicionado à pressão social e estigmatizante de "ficar só" pode ser devastador para alguns.
será que volvidos 40 anos conseguimos alterar este preconceito e libertarmo-nos para poder viver conforme nos sentimos felizes?
Sem comentários:
Enviar um comentário