sexta-feira, 15 de fevereiro de 2013

15 de Fevereiro

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Em 2010 a antidote deixou aqui umas dicas sobre como lidar com o chato do S. Valentim; em 2011 a sophia falou aqui da sua alegria de passar essa mesma data a 3 (repetidamente).

Este ano foi talvez a primeira vez nos últimos 4 ou 5 anos que passei o dia (ou parte dele, vá, sem ser a 3). Aliás, na verdade até o passei maioritariamente sozinho, e em alturas alternadas com uma ou outra pessoa. Nada combinado, simplesmente as limitações de horários laborais semi-incompatíveis.

Mas aproveitei bem o dia para ler e ver várias coisas interessantes, com as quais concordo na generalidade...
O The Guardian publicou uma peça de opinião sobre os problemas em torno da compulsão social para nos organizarmos em "casais", onde Priyamvada Gopal aponta ligações entre a forma como o amor e a lealdade são tratados em contexto político e em contexto relacional íntimo, terminando com um apelo a que deixemos de considerar a figura do casal romanticamente apaixonado, casado e com vista à reprodução como a forma mais fácil ou preferível de atingir a felicidade.

A universidade para a qual Meg Barker, investigadora de longa data sobre poliamor, trabalha organizou um pequeno filme sobre o dia de S. Valentim como estrutura de exclusão de várias alternativas de vida, e como isso se liga a muito do comercialismo associado a esta data. (Ah, e depois ainda promoveram um debate em tempo real no Facebook. Academia portuguesa que dormis...)

Uma outra investigadora, Lisa Downing, publicou no seu blog uma agressiva diatribe sobre "os horrores do dia de S. Valentim", apontando os 5 principais problemas da data, e que se prendem fundamentalmente com ser uma comemoração hetero-mono-normativa e que, de acordo com ela, é extremamente difícil de reapropriar de forma radical ou crítica (e, mais do que isso, inútil), tal como a figura do casamento em si.


Para mim, foi também um dia para reflectir sobre exclusão. Sobre as pessoas que conheço que se sentem mal nesta data por estarem sozinhas, quando o poderiam até celebrar; sobre as pessoas que gostaria de ter tido perto de mim (não neste dia, mas no geral), e de quem sinto saudades. É um excelente lembrete, no fim de contas, do quanto ainda está por fazer, no que toca a lutar por uma sociedade menos normativa, menos presa às suas próprias tradições e a leituras que consideram tudo inócuo e "só uma brincadeira" (estranha brincadeira essa, que traz a morte consigo).

PS - Resisti à tentação de chamar a este post "A pílula do dia seguinte".