quinta-feira, 29 de março de 2012

A Tertúlia sobre Poliamor com a PATH

Publicado por PolyPortugal
Foi no passado dia 27 que se deu, no TAGV, a Tertúlia sobre Poliamor organizada pela PATH, com duas pessoas a representar o PolyPortugal: Daniel Cardoso e Fátima Marques.

Estiveram cerca de 40 pessoas a assistir àquilo que foi uma sessão extremamente animada. A quem não pôde ir, fica aqui o registo...

Como sempre, todos os comentários são bem-vindos!

quarta-feira, 21 de março de 2012

PolyPortugal em Coimbra

Publicado por PolyPortugal
A PATH - Plataforma Anti-Transforbia e Homofobia - organizou uma tertúlia aberta ao público em Coimbra, no próximo dia 27 de Março, pelas 18 horas, no Teatro Académico Gil Vicente.

Terá, a representar o grupo PolyPortugal, a Fátima Marques e o Daniel Cardoso. Convidamos toda a gente a estar presente, e a partilhar a informação!

Está aqui o evento no Facebook. E segue o cartaz do evento...

clicar para ver versão ampliada

sexta-feira, 2 de março de 2012

Stand by

Publicado por Daniel Cardoso

Há uma sensação de estranheza quando uma relação acaba, muitas das vezes. Mas não há uma sensação menor de estranheza quando uma relação é posta no frigorífico ou, melhor dizendo, na prateleira.
Eu já aqui falei de poliamor e seus amor(es), diferentes visões da palavra e de como as amizades, ao implicarem intimidade, podem também circular à volta de práticas sexuais que alimentem essa mesma dinâmica de intimidade.

As minhas relações (poli-)amorosas não são todas românticas. Também não são relações de primeira e segunda categoria, são relações que passam por uma panóplia de experiências e tonalidades diferentes que podem misturar várias emoções, práticas eróticas, etc. Isto funciona precisamente porque, tendo cada uma das relações a sua especificidade, nenhuma está intrinsecamente valorizada face a outra (já cheguei, há anos atrás, quando estava ainda a descobrir esta coisa de como ser poliamoroso, a perigar uma relação de “namoro” por uma relação de amizade em que também existia sexo).

Só que, obviamente, nem toda a gente opera segundo os mesmos princípios, e o que acontece é uma descoincidência entre aquilo que se diz fazer, e aquilo que se faz na mesma. Porque, pela minha experiência, o que acaba a acontecer é que as relações de amizade (com sexo também) são vistas como não sendo “a sério”. Porque “a sério” é um namoro. A sério é alguém que se pode levar aos pais, apresentar e falar explicitamente sobre a existência de uma relação. E aí, a componente íntima sexual, ao invés de passar a ser uma parte integrante da relação de amizade, é um módulo externo a ela, sem a qual ela deverá passar tão bem como quando existe (dando provas da sua irrelevância, então?).

O resultado de uma visão hierarquizada das relações (ou do tipo de relações que se deve ter) é precisamente este: quando uma relação socialmente valorada como superior aparece no horizonte de possibilidades, então aquilo que existe perde importância relativa e torna-se passível de ser descartado.

Conheço várias pessoas que me dizem que isto tem que ver com “respeitar” a pessoa com quem iniciam essa nova relação. Tem que se respeitar os desejos monogâmicos dessa pessoa mesmo quando esses desejos são antitéticos aos de quem toma a decisão de secundarizar outras relações, já íntimas (supostamente) e duradouras (factualmente). Estranha coisa esta, que alguém entre num modelo de relação que não é aquele que mais deseja, por “respeito” a esse desejo de monogamia – porque é que tem que ser o desejo de monogamia a ser superiormente respeitado, face ao desejo de não-monogamia? Se fosse ao contrário, não se falaria de respeito: falar-se-ia de uma cedência ou sacrifício que a pessoa monogâmica faria em aceitar os comportamentos não-monogâmicos da pessoa por quem se apaixonou. E como este acto de respeito (acho que conseguem ouvir o sarcasmo através do computador!) é, apesar de tudo, muitas vezes feito um pouco a contra-gosto, então põe-se essa componente sexual / íntima na prateleira… até haver disponibilidade de lá ir buscar novamente (até já não ser preciso respeitar mais ninguém, parece). Porque a posição normativa é de respeito… as outras são uma violência, uma agressão a que algumas pessoas se sujeitam, então não se vê logo?!...

No meio disto tudo, onde fica o respeito pela relação pré-existente e pela sua especificidade? Onde fica o respeito que a pessoa tem por si mesma, pelas suas escolhas, e pelas suas preferências não-monogâmicas? E onde está o respeito vindo da tal nova pessoa, que vai ocupar o lugar “cimeiro”, e que se apaixona por alguém que é não-monogâmico, sem atenção ao ecossistema de relações que essa pessoa já tem, e apenas sob a condição de essa pessoa deixar de ser, em parte, quem era/é?