sexta-feira, 10 de junho de 2011

Felicidade

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Já várias vezes me perguntaram pelo que luto. Ou pelo que lutam os movimentos sociais dedicados à pluralidade de sexualidades e afectividades que por aí andam, bem como os dedicados ao reconhecimento de outras profissões, etnias, religiões, configurações corporais e de género, etc etc etc.

Deixem-me que vos diga: não luto apenas pela minha felicidade. Não luto apenas pelo reconhecimento. Não subscrevo a frase "I just want to be happy".

Eu luto contra a fixação. A fixação de práticas, significados, comportamentos, cristalizações do poder que nos fazem praticar e que praticamos. Resistir é um trabalho infinito. Porque até a resistência pode tornar-se normalizada, regulada, acéfala e acrítica, automatizada, performativizada. E aí, 'ser resistente' seria como é ainda hoje em dia 'ser homem' ou 'ser mulher'.

Eu não caminho para um fim, eu não caminho para um objectivo. Eu caminho pela possibilidade de continuar a caminhar.

We're here, we're queer, get used to it!

4 comentários:

António Lopes disse...

"...Resistir é um trabalho infinito. Porque até a resistência pode tornar-se normalizada,..."

Os revolucionários, quando tomam o poder, têm medo da revolução?
:-D

Daniel Cardoso disse...

Têm sempre - aliás, todas as revoluções são, regra geral, acompanhadas de medidas de solidificação e consolidação do poder de quem fez a revolução e de um certo nível de purga a quem estava dos "outros lados"...

Márcia Sales disse...

Vdd. Quem assume o poder sempre busca formas de "garantir" sua permanência, tentando neutralizar ou eliminar a oposição, de alguma forma.

Márcia Sales disse...

Acredito que ao longo de nossas lutas devemos estar sempre nos avaliando, tendo autocrítica para não cair nessa armadilha que é vc buscar algo cujo objetivo já se perdeu. Concordo com seu posicionamento.