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Mark é um cocainómano que vive com um casal (Lulu e Robbie) que conheceu (comprou?) num supermercado. Está prestes a abandoná-los numa tentativa de se curar, livrando-se de todas as dependências. Enquanto estes tentam provar que não dependem dele, Mark acaba por se envolver com Gary a troco de dinheiro (para não ser uma relação). E no final todos acabam por depender do dinheiro de Gary. E uns dos outros.
Pelo que nos vão contando as personagens, sabemos que aqueles três chegaram a ser muito felizes. Que (ainda) se amam. E se por um lado as dinâmicas entre três pessoas se complicam, por outro também se enriquecem e apaziguam mais facilmente.
Houve muitos momentos daquele texto e daquelas interpretações que me deixaram a pensar. Mas uma das ideias que me tem assaltado a mente é esta: Será que nos habituamos a algo de que gostamos, queremos cada vez mais, e quando não o obtemos reagimos com violência e obsessão? Não será o ciúme, na verdade, uma mera ressaca do amor?
Foder e Ir às Compras (Shopping and Fucking) Texto: Mark Ravenhill, Tradução: Ana Bigotte Vieira, Encenação: Gonçalo Amorim, Espaço Cénico: Rita Abreu, Interpretação: Carla Maciel, Carloto Cotta, Pedro Carmo, Pedro Gil e Romeu Costa.
São Luiz Teatro Municipal, 29.Abril a 15.Maio.2010
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