segunda-feira, 12 de julho de 2010

Digest: o que ando a aprontar (to be continued)

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Resolvi lentamente voltar às lides organizativas. Fiz cerca de dois anos de pausa. Após a co-organização da marcha do orgulho no Porto, e de muitos encontros poly em Portugal e na Alemanha, e muita outra tralha mais, precisei, por motivos de saúde, de uma pausa. Agora lentamente começo a esticar os músculos organizativos e apetece-me começar a meter o bedelho nisto e naquilo.

Comecei-me a interessar, via "a minha vida poly", por constelações familiares alternativas, e pela co-educação. E a partir de certo ponto, desvinculei o tema poly do tema da co-educação e comecei a interessar-me por constelações alternativas em volta ou dirigidas à "gente miúda", ou em que isto seja priorizado em relação às relações entre a "gente graúda" (aka "adultos").

Falei-vos do campo "quem vive com quem" que lançou uma série de discussões e criou massa crítica...
http://laundrylst.blogspot.com/2010/06/campo-quem-vive-com-quem.html

e falei-vos do encontro que se seguiu, em Berlim, no fim de Janeiro...
http://laundrylst.blogspot.com/2010/02/uma-sessao-de-aconselhamento.html

Deste último encontro, que foi bastante grande, houve algumas pessoas que se interessaram pelo tema da parentalidade alternativa em si, e menos pelas questões ligadas a famílias "tradicionais", mesmo que constituídas por pares do mesmo género. E uns quantos de nós juntaram-se, e estamos a tentar começar o encontro regular "queer mit kind" (queer com miúdos).

Estamos ainda a escrever o manifesto, mas posso-vos deixar uns lamirés (E prometo voltar a escrever com mais cuidado sobre isto assim que tiver novidades).

Somos o grupo "queers com miúdos" (Aka parentalidades*), e somos um grupo de adultos, de background queer e de esquerda, que procuram criar um encontro para discussão e eventual intervenção na sociedade, acerca de modelos de educação alternativos, sua aplicação na sociedade, sua aceitação, bem como investigação das possibilidades de relações com os outros adultos envolvidos na educação de uma criança. Procuramos para isso outros queers radicais que desejem assumir parentalidade(s) numa perspectiva *concreta* e de longo prazo..

Falta-me arranjar uma tradução *mesmo* gender-neutral de parentalidades*. Sugestões?

8 comentários:

Anónimo disse...

sugestões, por enquanto, não tenho nenhuma iluminada. só sei que este é um projecto incrível, mesmo.

Inês

Anónimo disse...

olá
acho interessante o assunto do polyamor e só posso concordar por via da minha ideia de liberdade, sendo bisexual, pai interesso-me pela questão da educação/parentalidade, neste momento não me ocorre um termo que substitua a palavra "parentalidade" (1 bocado patriarcal); bom trabalho, aguardo mais noticias.
Hugo Nunes

Pedro Luis disse...

Parentalidade é absolutamente gender-neutral, não confundir 'parens' com 'pater' (pai), ou seja, não confundir parentalidade com paternalidade.

Parentalidade vem do latim parentalis que vem de parens, significando parente/ascendente que pode ser tanto pai como mãe.

Marquesa do Sado disse...

Concordo com o Pedro.

Esse trabalho que fazes, o "queers com miúdos", deve ser fabuloso. Já agora, "queers" é que poderia ser traduzido, não?... Eu dou aulas a miúdos pequenos e eles estão bem familiarizados (!!!!) com palavras como "bicha" por exemplo. Seria uma boa tradução, penso. Mas "queers" é tão mais polited... O que não é nada queer!!!! rsrsrsrsrs Os miúdos aguentavam perfeitamente "bichas com miúdos". Os pais é que às vezes os tratam como cristais (ou chinelos, depende).

antidote disse...

Diria que é absolutamente necessário separar (tomemos como exemplo) gays em geral, dos gays nao normativos (nao gosto da palavra alternativo porque perdeu todo o significado). a palavra queer aqui tem dois sentidos muito precisos. Um, é a desmarcacao dos gays/fufas/trans/bis/etc de pantufas, que sao tao burgueses (refiro me a valores e empenhamento e nao a modo de vida ou a comerem tres refeicoes por dia) como os heteros, e dois, a palavra queer tem sido reclamada no sentido trans*, de individuo que decidiu a sua identidade género, e nao necessariamente usando a bitola bipolar. agora, como traduzir, queer, para portugues, num sei!

Daniel Cardoso disse...

Deixem lá o queer por traduzir, é uma corrente filosófica específica, e não me parece que em Português exista palavra correspondente... mas pronto, estou sempre aberto a ser elucidado sobre esse último ponto.

antidote disse...

Adoro a palavra Queer e adoro William Burroughs.

Obrigada e piscadela de olho a quem me fez trabalhar:


http://laundrylst.blogspot.com/2010/07/queer-uma-palavra-viva.html

vou ainda esticar mais este texto e talvez publicar uma versao reduzida no poly-portugal.

Anónimo disse...

Olá, recebi o link do site por uma amiga muito querida que pratica o poliamor, o que eu admiro muito e me interessa profundamente. Faço um trabalho na área de homoparentalidade no meu projeto de Mestrado da USP, sou bolsista Fapesp e me interesso em temas tais, se precisarem de mim, fica o email: brunellacarla@gmail.com