domingo, 31 de janeiro de 2010

Citações (3)…

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«No meu entender, depois da abstinência,
a monogamia é a perversão sexual
mais abjecta que eu conheço.»

Ricardo de Araújo Pereira,
no programa da TSF Governo Sombra
da última sexta-feira, 29 de Janeiro de 2010, ao minuto 35'00

sexta-feira, 29 de janeiro de 2010

Ainda a FHM...

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Sei que já fizemos alguns posts sobre a reportagem da FHM dirigida ao tema do Poliamor, mas a UMAR convidou-me a comentar o artigo, pelo que vos deixo o link:

Reinterpretações masculinizantes

Agradeço à Carla Cerqueira o convite para escrever o post.

quinta-feira, 28 de janeiro de 2010

Meu, só meu, meu até ao fim

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Esta semana peguei num livro que aqui andava por mesas alheias. Comecei a ler o artigo sobre poliamor que abre logo desta maneira brilhante (sempre tive um fascínio por inícios que agarram o leitor):

«Tinha dezassete anos quando a minha educação sexual começou. “És responsável pelo teu próprio orgasmo”, disse-me o meu namorado. Ele foi o tipo com quem perdi a virgindade, com quem tive o meu primeiro orgasmo, e cujas palavras viriam um dia a ser o meu mantra: Sou responsável pelo meu próprio orgasmo. Acredito nisso literal e figurativamente. Na cama, assumo um papel activo em obter o que quero. Mas também me encarrego de conseguir o que quero ao longo da minha vida sexual. É por isso que, para além de um marido que amo, tenho outros amantes.»
Texto 1. “And Then We Were Poly” – Jenny Block

Estas palavras remeteram-me imediatamente para uma cena do filme Shortbus (das coisas mais bonitas e envolventes a que alguma vez assisti). Sofia, uma terapeuta sexual que nunca teve um orgasmo, fala sobre a sua própria situação ao marido, usando uma história sobre um suposto casal da clínica. E quando o marido lhe diz qualquer coisa sobre o outro não conseguir dar um orgasmo à mulher, Sofia corrige-o dizendo que não é ele que não dá, é ela que não o consegue ter. Que é ela que o tem de reclamar para si própria. Encontrar uma maneira de ter o seu próprio orgasmo, e não esperar que alguém lho dê, facilite ou arranje.


Tal como Jenny Block, considero que estas palavras têm um grande poder, literal e simbólico. Ser poly também passa por ouvir os outros dizer “Mas essa tua postura não é nada comum, blá, e a sociedade blá blá blá” e responder “E então?” O que tem a sociedade a ver com aquilo que quero para mim própria, e ao qual tenho direito, desde que não prejudique ninguém pelo caminho? Porquê esperar sentada e a queixar-me em vez de procurar activamente aquilo que me faz feliz?

Tudo isto vem também a propósito de esta semana ter resolvido deixar-me de merdas e ter ido, forte e feio, atrás de algo que desejava há muito.

terça-feira, 26 de janeiro de 2010

Perdi a fome

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«A. está com uma imensa vontade de ir comer sushi a um novo restaurante de fusão que lhe parece extraordinariamente atraente. Durante toda a tarde não pensou noutra coisa, e agora, além da vontade de comer, tem fome. Chega ao restaurante na esperança de que haja lugar mas sabe que o local é muito concorrido e por isso preparou-se para ter de deixar este restaurante para outra noite sem sentir grande frustração. À entrada, fica a saber que há lugar, e nem precisa de esperar… Que desilusão: perde a fome mais a vontade de comer, e vai para casa fazer a sua comidinha à mão.»
Idiota?… E com algumas alterações, será que faz mais sentido?
«A. está com uma imensa vontade de ir comer uma pessoa que conheceu na Net e que lhe parece extraordinariamente atraente. Durante toda a tarde não pensou noutra coisa, e agora, além da vontade de a comer, tem um desejo carnal urgente. Chega ao local combinado na esperança de que essa pessoa também fique encantada quando se virem agora ao vivo, mas sabe que a tal pessoa é muito concorrida e por isso preparou-se para ter de deixar este assunto para outra noite sem sentir grande frustração. Mal começa a conversa, percebe que há um enorme desejo do outro lado, e nem precisa de esperar… Que desilusão: perde a pica mais a vontade de a comer, e já nem vai para casa fazer a sua cena à mão.»
Na nossa sociedade, tudo é uma desculpa para não se fazer o sexo que se quer fazer. Tudo faz perder a pica. Especialmente entre as mulheres. «Porque podemos», diz-me uma amiga, referindo-se a contactos com homens, «os gajos estão sempre com tanta vontade que nós não precisamos de nos esforçar». Sim, pode ser verdade. E então? A comida, para os que vivem acima do limiar da pobreza, também é de fácil acesso, e o fácil acesso nunca fez perder a fome. Quando muito, a livre escolha far-me-á optar por outro restaurante, ou outra refeição — mas não por jejuar.

Porquê especialmente entre as mulheres, então? Não me parece rebuscado partir do princípio que isto é o resultado directo de as raparigas serem endoutrinadas desde pequeninas na teoria de que gostar de sexo é mau: os homens até podem ser uns heróis se tiverem muitas mulheres mas elas são sem dúvida umas galdérias se tiverem «muitos» homens. E «galdérias», infelizmente, é pejorativo… Ora esta endoutrinação é feita, mais ou menos explicitamente, por tudo o que nos rodeia, mesmo que os principais educadores — pais, professores, amigos — sejam suficientemente desempoeirados. E fica cravado nos recessos da mente a ponto, digo eu, de policiar cada contacto potencialmente sexual à procura de pretextos para o silenciar.

A «abundância sexual» tão enaltecida no Ethical Slut, e bem, é lamentavelmente a realidade de muito pouca gente. Mesmo das mulheres que «não precisam de se esforçar». E eu solidarizo-me com toda a gente que tem menos sexo do que gostaria de ter, que é com certeza uma população maior do que aqueles que têm menos dinheiro do que gostariam.

segunda-feira, 25 de janeiro de 2010

Trios, mais um livro e mais confidências na primeira pessoa

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Ameacei comecar e continuar a falar de trios há cerca de duas semanas....


Continuo por aqui muito contente com o meu trio, uma das componentes da minha vida emocional raramente aborrecida. Estava relutante em falar disto porque ainda não definimos a coisa, e até porque precisamente o não ter definido a coisa com elas me estava a fazer comichão, a mim, académica empedernida. Até que tive uma epifânia, por voz de uma delas, a mais prática e mais "novata" nestas andanças não monogamicas, a propósito do sentimento que tem acerca de ter uma neta que é a neta da ex-namorada: "Eu não quero saber o que é que vocês lhe chamam ou mesmo eu cá por dentro lhe chamo, mas o que me interessa é o que eu faço ou que esperam que eu faço. Estou me a borrifar como se chama a relação que tenho com ela. Eu só sei que a minha neta precisa de mim, apita, assobia, ri ou chora, e eu estou lá no mesmo instante".

E sim, se calhar não é preciso ir buscar o arsenal de nomes e definições.. Somos amigas? Somos amantes? Queremos ser amantes? Queremos ser amigas? o que é que isso interessa se se calhar até temos nomes iguais para práticas diferentes ou nomes diferentes práticas? se calhar a coisa é toda simplificada por concordarmos no que queremos fazer juntas e no que queremos dar umas às outras. E o resto fica para discutir ociosamente num dia de chuva preguiçosamente passado em casa.

E para quem tudo isto é muito pessoal, fica mais um livrinho mais ou menos indiscreto acerca de trios. Para quem leu o seu Jack Kerouac "On the Road" e tem olho para especular para além das aparências, o livro Off the Road: Twenty Years with Cassady, Kerouac and Ginsberg by Carolyn Cassady nao trará surpresas. Trocando por miúdos, a mulher de Neal, e amante de Jack, conta a sua versão dos acontecimentos que deram origem a "on the Road" e da sua vida com o seu marido - o modelo para a personagem Dean Moriartry. Por um lado ela revela claramente o que se passa entre Jack e Neal, mas apenas sugere ambiguamente uma relação física entre os dois homens.

sexta-feira, 22 de janeiro de 2010

Como será o futuro?

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Estou agora em Londres, num hotel, à espera que venham as horas do jantar. Vai ser num restaurante indiano, boa comida e - felizmente! - não vou ser eu a pagar. O que é que isto tem que ver com Poliamor? Nada.

Mas estar aqui, no Reino Unido, local onde falar de polyamory não faz erguer tantas sobrancelhas em demonstração de desconhecimento, faz-me pensar sobre como poderá ser o futuro. Aqui, já há um dia escolhido para celebrar o poliamor. Aqui surge muito do debate e da actividade em torno do poliamor. Há uma plataforma minimamente montada e organizada, que está a anos-luz do que se faz, neste momento, em Portugal. Quer isso dizer que nós somos os atrasadinhos do costume, ou assim? Não. Mudanças sociais demoram o seu tempo, têm o seu ritmo, e não é por haver algumas pessoas empenhadas no assunto que, da noite para o dia, se constrói algo. Também o Reino Unido passou por esta fase. Também nos EUA se passou por esta fase.

O poliamor tem que ver com uma mudança. Uma mudança pessoal, subjectiva, relacional. E como a mudança não pára de mudar, tenho curiosidade em saber como irá ser o poliamor daqui a dez ou vinte anos. Esperemos que esteja cá para o saber. Mas também sei que, aconteça o que acontecer, há uma série de pessoas a quem é preciso agradecer por estarem a contribuir para que, daqui a esses tantos anos, possamos talvez estar como os poly do R. U. A Lara e a antidote, que escrevem aqui, são duas dessas pessoas.

Conhecê-las, e conhecer o trabalho delas, foi um momento importante da minha vida, como é importante para qualquer pessoa descobrir que existe uma base de apoio, um princípio de trabalho, um esforço inicial feito. Há, certamente, muita gente por aí que não pretende viver relações monógamas. Desse conjunto de pessoas, algumas pessoas quererão inclusive não as viver de uma forma aberta e respeitosa. Descobrir como fazer isso pode ser complicado, pode ser um caminho incerto. Ter referências e guias elimina, por um lado, o medo da anormalidade e, por outro, permite encontrar quem tenha empatia. Isto porque houve quem, a certo ponto, fez um esforço para fazer ver, para tornar visível, essa sua faceta. Porque houve quem tenha empenhado tempo e recursos para fazer com que essa palavra - poliamor - tivesse expressão.

Não basta que as coisas existam. Não basta a ideia abstracta da liberdade de escolha. Para podermos escolher, temos que saber quais as possibilidades. Para isso, é necessária publicidade - o acto de tornar algo público. E eu quero estar aqui quando o Poliamor atingir esse estatuto público. Não estou à espera de nenhuma revolução. Gosto, porém, de ver mudanças. E gosto ainda mais de mudar com elas.

quarta-feira, 20 de janeiro de 2010

nós por cá tod@s bem

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há uns dias cheguei a casa mais tarde e tive uma experiência muito agradável... no sofá, sentado com o notebook no colo, estava um dos meus filhos, aquele que tem 17 anos.

deitada ao lado dele estava uma das suas amigas a dormir ferrada. com a mão esquerda fazia-lhe festas na cabeça e com a direita fez-me sinal para não a acordar.

toda esta cena, que não tem, aparentemente, nada de muito especial, estava envolvida num carinho que me comoveu. digo aparentemente, mas achei mesmo especial: espero, mesmo, que reflicta um ambiente de carinho, amor e bem estar mais lato, que ele, esse mesmo filho, tenha absorvido da nossa vivência diária.

no passado fim-de-semana esteve cá em lisboa connosco uma amiga de londres. organizámos um dos nossos encontros mensais por forma a coincidir com esta vinda e acabámos por jantar também... quando nos separámos do grupo já eram quase 2 da manhã!

falou-se muito nessa tarde e noite sobre poliamor, monogamia e relações interpessoais em geral... e foi muito bom!

no dia seguinte, e antes de a levar ao aeroporto de onde partiria de volta para sua casa em londres onde a esperavam o marido e três filh@s, almoçámos em colares... na troca de impressões sobre o encontro da véspera realçou dois aspectos, que me tocaram particularmente: primeiro a referência aos afectos partilhados no nosso grupo e segundo o facto de ela sentir que nos ficou a conhecer mais intimamente em poucas horas do que conhece @s companheir@s do seu grupo poly em londres.

alguma coisa estaremos a fazer bem por cá...

terça-feira, 19 de janeiro de 2010

Adeste fideles (¹)

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Quando «fidelidade» é sinónimo de «exclusividade», não há fiador que possa fiar-se inteiramente na «fidelidade» do afiançado. Sim, para um monogâmico, ser «fiel» é sempre um desafio, um resistir às tentações.

Por isso, o grande Vinicius de Moraes começa assim o «Soneto da Fidelidade»:

De tudo, ao meu amor serei atento | Antes, e com tal zelo, e sempre, e tanto | Que mesmo em face do maior encanto | Dele se encante mais meu pensamento

E pronto, o homem encanta-se com um novo amor mas, coitado, está sempre a compará-lo com o primeiro. E, mesmo que admita o poliamor (nada aqui o impede), o primeiro será sempre o primário — e, consequentemente, o segundo o secundário.

E continua:

Quero vivê-lo em cada vão momento | E em seu louvor hei de espalhar meu canto | E rir meu riso e derramar meu pranto | Ao seu pesar ou seu contentamento

Vamos lá a ver. Rir com o seu contentamento e chorar com o seu pesar, tudo bem. Cantar em seu louvor, nada contra. Mas pensar nisso a cada momento já me parece uma obsessão muito pouco saudável, um vício, uma dependência.

O que vale é que o poeta era realmente genial e termina em beleza:

E assim quando mais tarde me procure | Quem sabe a morte, angústia de quem vive | Quem sabe a solidão, fim de quem ama || Eu possa me dizer do amor (que tive): | Que não seja imortal, posto que é chama | Mas que seja infinito enquanto dure

E é genial porque não podia ser mais certeiro. De facto, é só isso que eu quero do amor que tenho para dar: que seja infinito enquanto dure.

(Sim, eu sei, a minha leitura é propositadamente enviesada. Se o «amor» da primeira estrofe é uma pessoa, o da última não deveria ser um sentimento, e vice-versa. Mas arrepia-me substancialmente que alguém ame o amor mais do que as próprias pessoas.)


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¹ Aproximai-vos, fiéis

segunda-feira, 18 de janeiro de 2010

Referendemos o casamento heterosexual

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Palmado do blog da ATTAC. E dedicado a quem, com simpatia pela possibilidade de haver relações com mais do que uma pessoa, ou em que o género não tem que meter prego em estopa, se fartou de tantas asneiras ditas a propósito da extensão da lei do casamento às pessoas do mesmo sexo. Eu assinei.

http://www.petitiononline.com/cpsd/petition.html


ao parlamento português

Um grupo de cidadãos portugueses inicia neste dia as diligências necessárias ao lançamento de uma iniciativa popular que proporá a realização de um referendo que incidirá sobre a seguinte pergunta:
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“Concorda que o casamento possa ser celebrado entre pessoas de sexo diferente?”

A definição do conceito de casamento de forma a nesse contrato incluir uniões entre pessoas de sexo diferente cristaliza o instituto milenar, que tem sido mutável em todas as épocas da história e a todas as civilizações. 

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É de exigir que uma petrificação com este alcance histórico e civilizacional seja directa e claramente apreciada pela vontade popular.
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A mesma exigência de debate se deve colocar sobre a admissibilidade da adopção por uniões de sexo diferente, e ainda que a procriação seja aprovada caso a caso avaliado por comissões específicas de forma a proteger a criança.
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A opção sobre estas questões atravessa transversalmente o eleitorado dos vários partidos 
políticos e é patente que não reúne consenso, conforme se constata pelo número de deputados divorciados. 


Nas últimas eleições legislativas, este assunto não foi suficientemente debatido, de modo a poder deduzir-se a vontade dos portugueses acerca dele. 
Os partidos negligenciaram notoriamente nos seus programas o ‘casamento’ entre pessoas de sexo diferente não podendo os eleitores manifestar-se acerca desta premente questão.

O Referendo é o mais fiel amigo da democracia participativa e da expressão da vontade 
popular. O poder é do povo e a classe política não tem de se comprometer com decisões arriscadas para com o status quo.
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O instituto de Referendo tem sido utilizado com frequência noutros Estados para decidir sobre esta mesma questão, a vida da vizinha, a regionalização ou a independência da Madeira.

Os filhos de pais recém divorciados têm uma palavra a dizer, assim como os de pais casados.

A minoria que se casa todos os anos não pode impor ao resto da sociedade que aceite os seus "casamentos" feitos livremente e ao deus dará, muitas vezes com consequências nefastas como o divórcio, lares desfeitos e partilhas onerosas.

sexta-feira, 15 de janeiro de 2010

Carta Pessoal Aberta

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Car@s discriminador@s,

Vejo-vos a pregarem contra a existência de vários amores. Vejo-vos a falarem da infelicidade inerente a se ser poly. Mas não vos vejo, coerentemente, a falar da infelicidade de ser mono. Porque, espante-se!, a felicidade (ou infelicidade, pronto...) não se prende com a modalidade, e sim com a execução.

Considerar que alguém será automaticamente infeliz num ou noutro tipo de relação sem se considerar as pessoas envolvidas é estar a fazer uma clara petição de princípios que se limita, no fundo, a uma ingerência sobre a vida pessoal. Como podemos considerar saber o que outra pessoa irá sentir, irá fazer, irá achar. Que se considere, retrospectivamente, que ess@s discriminador@s tinham razão no resultado - não o terão nunca na razão fundamental que apresentam, porque não é possível divinar o futuro. Logo, qualquer coisa que peça poderes divinatórios estará por definição errada.

Por outro lado, vós sois quem causa o sofrimento contra o qual avisais. Com os vacticínios que fazeis, por supostas pias razões, estais a provocar o que alegadamente quereis impedir.

Deixem as pessoas ser felizes. Deixem as pessoas sofrer. Deixem as pessoas errar. Deixem as pessoas experimentar. Deixem as pessoas fazer-se.

A discriminação tem uma quota parte de medo e de vontade de poder.
Medo do que é diferente. Porque o que é diferente ameaça a supremacia e a certeza do que é igual, cria dúvida. E @s discriminador@s não lidam bem com a dúvida.
Vontade de poder, porque qualquer pessoa que entre num acto de discriminação quer, por esse meio, exercer poder. Poder de normalização, de aplainamento, de ortopedia. A disciplina pretende a ortopedia do sujeito. Pretende sujeitar o sujeito.

O sujeito pode, e deve, recusar essa ortopedia. O sujeito deve cuidar de si. Reflectir-se, pensar-se, criar-se. Cabe ao sujeito a ortopedia de si.

Que se reduza ao silêncio a voz peripatética, frágil, ilógica, mas altamente consequente, da discriminação.

quinta-feira, 14 de janeiro de 2010

Ainda há bocado estava tão bem...

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Uma das coisas que o poliamor nos dá é a possibilidade de crescer enquanto pessoas e desenvolver a nossa maturidade emocional. Ter várias relações, às vezes ao mesmo tempo, lidar com inícios, finais e crises, dá-nos uma capacidade de gestão surpreendente. E ao mesmo tempo, em confronto com o Outro, descobrimos coisas sobre nós que desconhecíamos por completo, ou tínhamos simplesmente escondido muito bem debaixo do tapete.

É quase sempre uma montanha-russa de emoções, variando entre picos de alegria, paixão, comunhão, e vales profundos de angústia e medos. E possivelmente os picos tornam-se cada vez mais altos e os vales cada vez mais profundos. Mas quando saímos do outro lado do túnel, sentimos que nos é cada vez mais fácil discernir o essencial do acessório, arrumar e assimilar.

Não recomendado a cardíacos.

quarta-feira, 13 de janeiro de 2010

when mono meets poly do we just get monopoly?

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recentemente tem-se falado muito aqui no blog sobre as novas relações e a energia que estas nos trazem... nre, new relationship energy, como nos disse o daniel. é bom, muito bom mesmo, quando sentimos essa energia.

a antidote, anteontem, estava entusiasmada com a energia que sentia por iniciar uma nova relação, desta em triângulo. embora estivesse apreensiva com o facto, sentia uma vontade forte de fazer com que resultasse... e isso, por si só, é positivo.

lembro-me de conversas várias que temos tido, em grupo e individualmente, sobre as formas de abordar as novas pessoas na nossa vida sobre o facto de sermos poliamorosos e as implicações que isso tem numa relação.

na comparação inevitável de experiências que esse tipo de conversas traz e partindo do princípio que a maioria das pessoas é monogâmica, pelo menos até perceber que existe alternativa à monogamia, chegamos à conclusão que tod@s temos tido experiências similares.

quando dizemos que temos uma relação com outra pessoa, por norma, há duas reacções tipo: a primeira, negativa, com a outra pessoa inevitavelmente achando que a relação não vai bem e a segunda, positiva, mas apelando imediatamente à clandestinidade.

quando explicamos que no primeiro caso vai tudo bem e recomenda-se e que no segundo, trair está fora de causa e que pelo contrário podemos fazer tudo às claras e com consentimento da outra pessoa, só tende a ficar quem vislumbra, mesmo com reticencias, que há muito mais fora desse mundo monoheteronormalizado... e que o encantamento e amor são muito maiores que nos tentam fazer crer... e têm um energia muito poderosa!

portanto quando poly encontra mono, dá seguramente muito mais que um simples jogo de monopoly!

terça-feira, 12 de janeiro de 2010

Poliamor precoce

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O programa de televisão House Party (1945—1969) ficou famoso pela rubrica Kids Say the Darndest Things, onde o apresentador entrevistava crianças dos 5 aos 10 anos.

É sempre curioso ver o que as pessoas muito jovens pensam de assuntos «dos crescidos», em especial tudo o que diz respeito a relações afectivas. Ter três namoradas não é nada de muito invulgar no discurso duma criança. Mas este miúdo consegue surpreender-nos com muito mais do que isso:


Aqui vai uma transcrição resumida, que nem sempre é fácil de perceber o que eles dizem:

— Do you have a girlfriend?
- Three of them. They are older than me. I get the older ones because they are more mature and they got money and stuff.
— How much older are they then you?
- I have to ask my daddy over again. I think I know one is 30, that's the only one I know the age.
— Your daddy knows how old they are. How does he know?
- Because he's been seeing them for a long time.

No que se terá tornado este puto? Quantas namoradas terá agora? E o pai dele, terá sobrevivido bem a estas declarações?


Alteração (2013): Passados quase três anos, descobri que o programa não é o House Party mas sim um concurso chamado Child's Play. O rapaz chama-se Ronald Blair Wilkinson III e o apresentador à conversa com ele chama-se Bill Cullen. Isto passou-se em 1982 ou 83 e continuo sem saber o que é feito do rapaz passados trinta anos.

segunda-feira, 11 de janeiro de 2010

Ménage à Trois: o livro

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Não vou escapar à onda de compersion e de revelações ou epifanias que por aqui vai, vou-me deixar contagiar por ela. Assinalo e agradeço a grande generosidade de quem partilhou as suas histórias e maravilhamento com tanta generosidade.

Seguindo então a onda dos meus companheiros de blog, não chegarei ao exagero de proclamar como Rilke que o "amor ideal é a três". Não o fiz para me sincronizar com os meus companheiros, mas embarquei recente e alegremente em mais uma historia a três. Sim, não é a primeira e espero que não vá ser a última. Nao vou começar a contar-vos como eu com cinismo empedernido já acho isto normal, mas sim precisamente o contrário, dizer-vos como me continuo a maravilhar com a beleza frágil e improvável destas constelações. Trios não são particularmente robustos ou estáveis (falo-vos de trios, não de "V"s, e falo-vos de trios para além da duração duma noite curta de verão, ou do que é apenas habitualmente tratado entre lençóis), e exigem, mesmo quando correm bem, muita atenção, continência e cuidado. Estou grata a seja o que for que faz com que estes episódios que tanto aprecio continuem a acontecer, e sempre com grande intensidade, sinceridade e beleza. E adoro o Design for Living, que nos mostra que isto não é modernice.

Tenho mandado uns bitaites acerca de trios ao longo dos anos, porque sempre me marcaram pela sua intensidade e beleza e por os não tomar como coisa óbvia ou fácil. Quem quiser, estão no Our Laundry List (que, a propósito, completa 5 anos de existência) sob a tag "trios" (http://laundrylst.blogspot.com/search/label/trios)

Tenho engatilhada uma série de artigos sobre trios, que espero finalmente me tirem do meu bloqueio literário, e que já agora me tornem rica e famosa, mas para começar deixo-vos com um livro que não é propriamente profundo ou um poço de beleza e poesia, mas que é uma boa plataforma de embarque para os curiosos. Trata-se do livro "Three in Love: Ménages à Trois from Ancient to Modern Times" (Barbara Foster, Michael Foster and Letha Hadady). Os três autores, de backgrounds bastante diferentes e supostamente com conhecimento de causa acerca de trios, tentam construir uma história da Ménage à Trois desde a idade média até aos dias de hoje. Para os cuscos ou simplesmente curiosos, a lista de personagens históricas comprometidas em trios é espantosa.

domingo, 10 de janeiro de 2010

Encontro no próximo sábado

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☺ Convocatória ☺

Em Setembro de 2008, o PolyPortugal, já com alguma massa crítica de membros e amigos, começou a ter encontros regulares, primeiro semanalmente e depois de mês a mês. Entretanto, veio o frio e a chuva, o sítio onde era costume as pessoas encontrarem-se deixou de ser o ideal e passámos a fazer um ou outro piquenique de vez em quando. Pois agora há já uns bons meses que não há um encontro e está na altura.

No próximo sábado, dia 16, vamos ver se está bom tempo para um encontro ao ar livre. Vai ser no segundo maior parque de Lisboa (sem contar com Monsanto).

Sábado, 16 Janeiro
15h
Parque Quinta das Conchas
Metro "Quinta das Conchas" (linha amarela)
Ponto de encontro: zona do relvado marcada no mapa como "Picnic"
Mapa: http://tiny.cc/encontropoly16jan2010

Se o tempo não ajudar, mudamos o ponto de encontro para o café-restaurante que há no meio do parque, e assinalado no mapa como "Esplanada".

Os leitores deste blog serão bem-vindos. Apareçam!

sexta-feira, 8 de janeiro de 2010

NRE

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"New Relationship Energy" - Aquela coisinha que se sente quando se inicia uma nova e emocionante relação. Já a senti por estar apaixonado, já a senti por ter conhecido um/a amig@ extremamente interessante... Acho que há várias modalidades desta NRE.

Melhor ainda, é poder partilhar a NRE com outra pessoa que se ama. Viva a compersion! :)

Isto tudo em honra de uma excelente e produtiva tarde.

quinta-feira, 7 de janeiro de 2010

Sentindo-me como alguém "em amor"

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You'll be given love | You'll be taken care of | You'll be given love | You have to trust it | Maybe not from the sources | You have poured yours | Maybe not from the directions | You are staring at || Twist your head around | It's all around you | All is full of love | All around you || All is full of love | You just ain't receiving | All is full of love | Your phone is off the hook | All is full of love | Your doors are all shut | All is full of love.

Há uns dias conversava com alguém que acabava de conhecer e que por sua vez acabava de conhecer o poliamor. E ouvi-me a mim própria falar de amor e relações como há muito não o fazia. Qualquer coisa entre aquela esperança idiota de quem continua a voar alto com asas partidas, e o realismo objectivo de quem sabe que às vezes é mesmo tudo muito fácil e rápido. O dia era de chuva e frio, como aliás se tem repetido todos os dias desta semana, e no entanto tudo me parecia perfeito, banhado de uma luz reveladora.

Ultimamente vou trabalhar a cantar. E sorrio às pessoas do carro ao lado... “Hearing guitars, like someone in love”... Nestes momentos de abundância, parece-nos de facto que o mundo e as pessoas estão cheias de amor para dar, e temos sido nós quem se tem fechado a esse fluxo.

Hoje é o aniversário de alguém que me tem iluminado os dias. E em vez de me sentir dominada pela ansiedade do reencontro ou do futuro, sinto-me apenas a flutuar numa nuvem de auto-confiança, amor-próprio e alegria.

terça-feira, 5 de janeiro de 2010

«O tic-tac do meu coração»

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Na minha festa de aniversário do ano passado tive um momento «tão bonito que me senti meio anirvanado», como escrevi na altura. Eu, uma amiga por quem me sentia muito atraído e um grande amigo dela que conheci na altura estivemos em troca de carinhos num V que terá sido talvez a minha primeira situação poly-indeed. Sim, era polivirgem, apesar de ter já trinta anos de defesa de uma coisa que só quase cinquentão viria a saber chamar-se «poliamor». Aquele momento foi, para um poliamorista, o equivalente ao primeiro beijo para um adolescente (e nem beijo houve, reparem!).

Agora, no fim-de-ano, voltei a encontrar-me com essa minha amiga e tive o meu primeiro threesome. Não vou contar aqui pormenores. Digo apenas que me senti novamente «meio anirvanado» por ver as outras duas pessoas tão enamoradamente enleadas. Compersão pura.

O que acontece num fim-de-ano pode ser encarado como um rito de passagem se, na ficção que cada um vai fazendo da sua própria vida, quiser encaixar essa interpretação.

Não estivesse eu, neste momento, mal por dentro, e comigo próprio (por ter descoberto há quinze dias uma característica em mim que não me lembro de conhecer e que não me agrada minimamente; e por não saber se a coisa passa ou veio para ficar; e por não saber ainda se devo falar disso seja a quem for — logo eu, que nunca tive problemas em esventrar-me e mostrar as mais sórdidas entranhas)… Se, dizia eu, não andasse com esse peso pendurado aos ombros e a puxar-me para baixo, ainda mais acrescido do lastro do «desemprego», estaria agora com o «tic-tac do meu coração» a bater fortemente em Allegro vivace con fuoco.

Mas a ideia de que cumpri um rito de passagem deixou-me pelo menos suficientemente autoconfiante para poder ouvir uma música divertida com uma letra triste e simplesmente adorar a música, a ponto de me puxar uma alegre lagrimeta de felicidade. E pronto, hoje é isto que me apetece partilhar.

«Tic-tac do meu coração», uma canção com setenta anos, dos compositores de MPB Alcyr Pires Vermelho e Valfrido Silva, celebrizada pela meio-portuguesa Carmen Miranda, e aqui numa fantástica interpretação de uma cantora paulista genial mas quase desconhecida em Portugal: Ná Ozzetti.


E, já agora, aqui fica a própria Carmen Miranda, no papel de Rosita Murphy, a cantar o «Tic-tac …» no filme americano Springtime in the Rockies ("A minha secretária brasileira"), de 1942:

segunda-feira, 4 de janeiro de 2010

Gestão de tempo

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O tema da gestão de tempo é um tema recorrente a propósito de poliamor. Tornou-se também pessoalmente premente para mim ultimamente, e acabei por escrever um texto para uma publicação local do qual apresento aqui um resumo traduzido.

Para quem vê poly de fora, pela primeira vez, e pensa nas coisas com alguma seriedade, a questão da gestão do tempo surge quase automaticamente. Nem sempre, mas frequentemente, uma relação monogamica assume que o tempo livre dx nossx parceirx é automaticamente tempo da relação. A pergunta que devolvo, é, essa assumpção é automática ou foi pensada? é que se foi pensada e conscientemente aceita, acho muito bem, divirtam-se, e ficamos por aqui. Mas lanço alguns desafios a quem fez essa assumpção sem sequer dar por isso (muito fácil, mais fácil do que se pensa).

Na verdade, a maioria das considerações e questões acerca da gestão de tempo, fazem sentido para qualquer relação, seja poly ou não.

A gestão do tempo passa por sabermos em primeiro lugar, não quanto tempo precisamos (ou "elxs" precisam) para a relação, mas quanto tempo precisamos em geral, em particular, e para que. Sugestões de categorias para dar nomes aos bois e facilitar este exercício, são:

1) tempo para nós próprios (ler, hobbies, olhar para as paredes, todos os rituais que são nossos e fazem sentido apenas sozinhxs)
2) tempos para os nossos encargos (impostos, dividas, compras, trabalho, higiene, casa)
3) tempo para amizades e vida social (nem sempre queremos misturar amizades com a vida de relação)
4) tempo para sexo (o sexo, tal como o tempo, é um território pessoal, e não da relação)
5) tempo para recuperação emocional (relações emocionalmente intensas).
6)..

O exercício seguinte é repetir as mesmas perguntas com categorias semelhantes para cada parceirxs envolvidx. Se soubermos quais as condições de fronteira é mais fácil resolver o problema e descobrir os possíveis pontos de encontro. Porque nesta ordem? porque se não somos capazes de definir e defender as nossas próprias prioridades, provavelmente não seremos capazes de respeitar o espaço dxs parceirxs ou de não nos perdermos num enorme e esmagador espaço da relação.

Sim, é boa ideia perguntar-mo nos se queremos envolver parceirxs nalgumas daquelas actividades. Mas é boa ideia não o fazer automaticamente, e decidir isso em boa consciência e com cuidado.

O conceito que talvez seja muito revolucionário, e bastante divulgado em meios poly, é que o tempo é uma coisa nossa. Nao pertence a mais ninguém, nem ninguém tem direitos especiais acerca do nosso tempo, independentemente de ser ou não nosso parceirx ou amigx ou chefe de departamento.

Um possível passo seguinte, é em caso de conflitos de interesse, usar não só uma comunicação eficiente, seja qual for o estilo pessoal de cada um, mas que seja clara e eficiente e sem ambiguidade, mas também, porque a comunicação sozinha, coitada, não chega, uma postura de respeito e generosidade. Lembrem-se, malta, é uma relação, não é negociar um leilão, nem ganhar um troféu, a ideia é partilhar sentimentos positivos, dar amor, dar o nosso tempo. E por fim, talvez não seja preciso relembrar que é boa ideia respeitar os compromissos assumidos.

O tempo é a única coisa que é limitada. O amor pode ser quase ilimitado, mas o tempo é finito. Mesmo aplicando toda a sabedoria e todo o cuidado do Mundo magoaremos sempre outras pessoas devido à gestão do tempo ou de expectativas associadas com ele. Mas tentar contornar os problemas mais comuns, antecipar e eliminar expectativas não realistas por parte de outrem, e tentar sanar os conflitos que não conseguimos evitar, pode evitar a maior parte dos contratempos habituais.

domingo, 3 de janeiro de 2010

The 12 Poly Days of Christmas

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Por estarmos no 10º dia da Época de Natal, aqui vai uma versão poly da famosa canção tradicional inglesa The Twelve Days of Christmas:


Letra:

On the First Day of Christmas my true love gave to me | A quick course in polyamory

On the Second Day of Christmas my partners gave to me | Too much attention | And a quick course in polyamory

On the Third Day of Christmas my boyfriends gave to me | Three-way kisses | Too much attention | And a quick course in polyamory

On the Fourth Day of Christmas my girlfriends gave to me | Four sandwich cuddles […] And a quick course in polyamory

On the Fifth Day of Christmas my intimates gave to me | Five Ethical Sluts! […] And a quick course in polyamory

On the Sixth Day of Christmas my SOs gave to me | Six-handed massage […] And a quick course in polyamory

On the Seventh Day of Christmas my friends-with-benefits gave to me | Seven Google Calendars […] And a quick course in polyamory

On the Eighth Day of Christmas my secondaries gave to me | Eight dozen condoms […] And a quick course in polyamory

On the Ninth Day of Christmas my sweeties gave to me | Nine long discussions […] And a quick course in polyamory

On the Tenth Day of Christmas my tertiaries gave to me | ten jealousy cures […] And a quick course in polyamory

On the Eleventh Day of Christmas my spouses gave to me | Eleven Christmas dinners […] And a quick course in polyamory

On the Twelfth Day of Christmas my true loves gave to me | Twelve minutes alone […] And a quick course in polyamory

sexta-feira, 1 de janeiro de 2010

Um novo ano

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Parece que fui eu a ficar com o post de abertura deste ano de 2010. E até é apropriado que assim o seja, como prenda pelo facto de ter feito anos esta mesma semana. :)

Para variar um bocadinho, vou manter a conversa mais curta. Eu já falei aqui, várias vezes, da questão da pura relação e dos problemas que podem estar associados - da potencial fragilidade destas relações, em que desaparece a obrigatoriedade social ou institucional de que a relação tenha de continuar para além do que seria expectável.

De certa forma, é um pouco - quando acontece - como as passagens de ano. O ano passa, e nós entregamo-nos a esses rituais de passagem, não para lamentar o que ficou para trás, mas para trabalhar para o que fica adiante.

Quando uma relação termina é, da mesma forma, importante olhar para o passado não com pesar, mas com o espírito crítico necessário para entendermos o que aconteceu. Para sabermos como podemos ser melhores pessoas a partir dali, aprendendo a identificar situações e contextos em que poderíamos ter feito as coisas de forma diferente. E, quando esse trabalho (infinito) está (mais ou menos) feito, há que seguir em frente. O próximo ano, ou a próxima relação, esperam-nos. E os lamentos apenas nos impedem de seguir em frente, apenas nos impedem de crescer.

A todxs, um bom ano.